Ana Júlia, a menina que calou a hipocrisia dos marmanjos . Por Jari da Rocha
Nunca levei a sério pessoas, supostamente indignadas, falando “da
boca pra fora” que o mais importante para um país é a educação. Soltam
uma dúzia e meia de clichês, porque acham que educação, no...
Nunca levei a sério pessoas, supostamente indignadas, falando “da boca pra fora” que o mais importante para um país é a educação.
Soltam uma dúzia e meia de clichês, porque acham que educação, no conteúdo, é saber repetir e, na forma, ter. Para “bom comportamento”: silêncio, “ficar no seu lugar”, não questionar.
Hipócritas.
Frequento a escola há quase 50 anos, como aluno e como professor.
E ainda sou aluno e sou professor.Faz parte do meu dia a dia, dos meus sonhos e desilusões.
Quem convive, assim de pertinho, tem outra relação.
Claro, alguns são mais pessimistas, normalmente aqueles que se esqueceram de como eram quando jovens.
Outros, no entanto, observando cada movimento, cada avanço, cada novo olhar como um foco possível de esperança.
Sim, vivemos de esperança.
Nós, professores, não estudamos a vida inteira (a vida inteira!) para ficarmos ricos.
Estudamos a vida inteira para ter oportunidade de nos emocionar quando um só aluno que seja nos faz crer que sim, valeu a pena.
Particularmente, tive várias vezes esta chance.
E a tive outra vez, justo quando tudo em que acreditamos durante a vida pode parecer ter sido em vão, diante do retrocesso de civilização, de democracia e de humanidade pelo qual passamos.
Emociona, sim, ver Ana Júlia.
Vê-la usar sua própria voz, suas próprias palavras, a voz, para, do seu jeito, falar o que ela e seus colegas, os estudantes, pensam do mundo.
Alguém já tinha pensado em perguntar o que eles, os estudantes, esperam do futuro deles?
Ana Júlia, no alto dos seus 16 anos, começa com uma pergunta que deveria ter uma resposta óbvia: a quem pertence a escola?
Em seguida, deslegitima o movimento infame e reacionário chamado ‘escola sem partido’ e resume a pó o movimento fascista MBL.
Vai além. Fala de direitos, de constituição cidadã e fala de morte, do estudante Lucas.
Neste momento, é interrompida pelo presidente Assembleia Legislativa do Paraná que a ameaça (velhacos gostam de ameaçar, não?) cassar a palavra. Resta a Ana Júlia pedir desculpas. Ela pede desculpas, resolve o risco de não poder continuar a falar, mas não deixa barato.
Você tem que assistir esse vídeo.
O|Brasil deveria ouvir a estudante Ana Júlia.
Ana Júlia, a menina que calou a hipocrisia dos marmanjos . Por Jari da Rocha
Nunca levei a sério pessoas, supostamente indignadas, falando “da boca pra fora” que o mais importante para um país é a educação.
Soltam uma dúzia e meia de clichês, porque acham que educação, no conteúdo, é saber repetir e, na forma, ter. Para “bom comportamento”: silêncio, “ficar no seu lugar”, não questionar.
Hipócritas.
Frequento a escola há quase 50 anos, como aluno e como professor.
E ainda sou aluno e sou professor.Faz parte do meu dia a dia, dos meus sonhos e desilusões.
Quem convive, assim de pertinho, tem outra relação.
Claro, alguns são mais pessimistas, normalmente aqueles que se esqueceram de como eram quando jovens.
Outros, no entanto, observando cada movimento, cada avanço, cada novo olhar como um foco possível de esperança.
Sim, vivemos de esperança.
Nós, professores, não estudamos a vida inteira (a vida inteira!) para ficarmos ricos.
Estudamos a vida inteira para ter oportunidade de nos emocionar quando um só aluno que seja nos faz crer que sim, valeu a pena.
Particularmente, tive várias vezes esta chance.
E a tive outra vez, justo quando tudo em que acreditamos durante a vida pode parecer ter sido em vão, diante do retrocesso de civilização, de democracia e de humanidade pelo qual passamos.
Emociona, sim, ver Ana Júlia.
Vê-la usar sua própria voz, suas próprias palavras, a voz, para, do seu jeito, falar o que ela e seus colegas, os estudantes, pensam do mundo.
Alguém já tinha pensado em perguntar o que eles, os estudantes, esperam do futuro deles?
Ana Júlia, no alto dos seus 16 anos, começa com uma pergunta que deveria ter uma resposta óbvia: a quem pertence a escola?
Em seguida, deslegitima o movimento infame e reacionário chamado ‘escola sem partido’ e resume a pó o movimento fascista MBL.
Vai além. Fala de direitos, de constituição cidadã e fala de morte, do estudante Lucas.
Neste momento, é interrompida pelo presidente Assembleia Legislativa do Paraná que a ameaça (velhacos gostam de ameaçar, não?) cassar a palavra. Resta a Ana Júlia pedir desculpas. Ela pede desculpas, resolve o risco de não poder continuar a falar, mas não deixa barato.
Você tem que assistir esse vídeo.
O|Brasil deveria ouvir a estudante Ana Júlia.
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