Temer desfere golpe de direita nas políticas de Dilma Novo executivo inverte, em meros cinco meses, agenda para saúde, educação, segurança social e empresas públicas, como Petrobras. Brasil terá de viver sob ameaça do "homem bomba" Eduardo Cunha
Novo executivo inverte, em meros cinco meses, agenda para saúde, educação, segurança social e empresas públicas, como Petrobras.
Temer desfere golpe de direita nas políticas de Dilma
Novo executivo inverte, em meros cinco meses, agenda para saúde, educação, segurança social e empresas públicas, como Petrobras.
A
troca de presidentes no Brasil não se resumiu a uma mudança de nomes,
apesar de Michel Temer, novo inquilino do Palácio do Planalto, ter sido
vice-presidente e suposto braço direito durante mais de cinco anos de
Dilma Rousseff, a ex-inquilina. Não: a subida ao poder do quadro do
PMDB, força catalogável como o expoente da direita conservadora
brasileira, em substituição da militante do PT, grupo de centro esquerda
forjado na luta sindical, resultou numa inversão total de políticas. O impeachment não jogou ao tapete apenas uma presidente desgastada e impopular: deitou abaixo uma ideia de governo.
Nos
primeiros cinco meses de gestão - dos quais três foram provisórios -,
Temer e o seu poderoso ministro das Finanças, Henrique Meirelles, do
PSD, já impuseram reformas estruturais na saúde, na educação e na gestão
das empresas estatais, em particular na Petrobras, a petrolífera em
redor da qual se desenrola o escândalo de corrupção investigado pela
Operação Lava-Jato. E prepara-se para mudar as regras do jogo na
segurança social, nas leis laborais e noutros setores caros ao PT e aos
outros partidos de esquerda.
"Se levado
a cabo, o plano acelerado de reformas terá dado outro aspeto ao país
até ao final do ano que vem", escreveu em editorial o influente jornal
Folha de S. Paulo, favorável à maioria das medidas. A Carta Capital,
revista contrária ao atual governo, vê nesta inversão política a prova
de um golpe de Estado: "O tripé do projeto golpista é o orçamento de
base zero, sem aumento real por 20 anos; a reforma laboral, que enseja o
enterro de uma série de direitos consagrados; e, por fim, um radical
processo de privatizações."
A Proposta
de Emenda Constitucional, conhecida como PEC241, que limita os gastos
públicos com educação e saúde para os próximos 20 anos e que levou a
então presidente Dilma Rousseff, em entrevista em julho passado ao DN, a
dizer que se tratava de uma medida "de deixar os cabelos em pé", abriu
as hostilidades entre governo cessante e governo empossado ao ser
aprovada na Câmara dos Deputados.
"Se
não fosse aprovado o teto de gastos, aí sim terão de ser contempladas
outras possibilidades, todas muito mais sérias e piores para o Brasil, o
teto é uma excelente solução para o país neste momento", disse o
ministro das Finanças, Henrique Meirelles. Por sua vez, Chico Lopes,
deputado do PCdoB, considerou que "o presidente ilegítimo e os deputados
jogaram o futuro do Brasil no lixo".
Ainda
antes da PEC241, foi aprovado na Câmara dos Deputados o fim da
obrigatoriedade da exploração do petróleo pela Petrobras. O governo
defende que o escândalo do Petrolão e a gestão do PT abalaram a maior
empresa brasileira, que agora precisa de investimento externo para sair
do buraco. Opinião diferente da dos parlamentares que sustentavam o
anterior executivo: "O que está a ser proposto é entregar às grandes
petrolíferas mundiais a exploração do nosso petróleo", acusou o deputado
do PT José Guimarães.
Por outro lado, o
próprio Temer já lançou um plano de privatizações, palavra proibida
para os ouvidos de esquerda. "O Estado não pode fazer tudo sozinho, não
temos preconceito, o que importa é o crescimento do país", disse o
presidente. "Preparem-se", alertou por seu lado o ex-presidente Lula da
Silva em comício durante as autárquicas, "eles vão privatizar o Banco do
Brasil, a Petrobras, a Caixa, tudo, porque quem não sabe governar quer
que os privados governem".
Lula da Silva, Dilma Rousseff e o PT, depois de 13 anos no poder e da vitória nas urnas em 2014, por causa do processo de impeachment que destituiu a presidente em agosto sentem-se, assim, ultrapassados. E pela direita.
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