Caso Serra fragiliza acusação contra Lula (leia mais em "Piada de domingo",


Caso Serra fragiliza acusação contra Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apresentado pela Lava Jato como o maior corrupto de todos os tempos, poderá ser canonizado quando vierem à tona novos episódios como do chanceler José Serra, acusado de ter recebido R$ 23 milhões, por fora, numa conta secreta na Suíça; se Lula, com seus pedalinhos e as reformas em dois imóveis que não lhe pertencem (o sítio em Atibaia e o apartamento no Guarujá), é o maior corrupto do País, como deve ser tratado Serra?; eis uma questão que cria dificuldades para a narrativa oficial da Lava Jato
247 – No dia 14 de setembro, o procurador Deltan Dallagonol apresentou sua denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que ele foi colocado no centro de um power point, como se fosse o chefe do maior esquema de corrupção da história do País.
Na Lava Jato, Lula foi acusado de ter sido corrompido pelas reformas realizadas em dois imóveis que, segundo os registros imobiliários competentes, não lhe pertencem: um apartamento no Guarujá (SP) e um sítio no Guarujá (SP), onde foram fotografados dois pedalinhos comprados por Marisa Letícia, a ex-primeira-dama.
Mais recentemente, Lula também foi acusado de ter ganho um estádio de futebol, mas a acusação não prosperou diante do seu próprio surrealismo (leia mais em "Piada de domingo", por Clayton Netz).
Diante disso, Lula poderá ser canonizado quando vierem à tona novos episódios como o do chanceler José Serra, acusado de ter recebido da Odebrecht R$ 23 milhões, por fora, numa conta secreta na Suíça – um valor que, corrigido, chegaria a R$ 34,5 milhões.
Se Lula, com seus pedalinhos, é o maior corrupto do País, como deve ser tratado Serra? Essa é uma questão que cria dificuldades para a narrativa oficial da Lava Jato.

Por Clayton Netz, especial para o 247
Esse Lula é exagerado. Depois do fabuloso triplex do Guarujá, o homem "ganhou" um estádio de futebol, o "Itaquerão", de presente do generoso Emilio Odebrecht, que recebeu cerca de R$ 1 bilhão pela a obra.
Trata-se da piada deste domingo, publicada pela Folha de S.Paulo, que, infelizmente, não saiu na coluna do Sensacionalista.
Piada à parte, a história do “presente” (ou seria um “agrado”), que a empreiteira queria fazer ao ex-presidente, faltou lembrar, em primeiro lugar, que a ideia de investir no Itaquerão, surgiu do risco de São Paulo, uma das cidades-sede da Copa do Mundo, de não contar com um estádio à altura para o evento. A tentativa de utilização do estádio do Morumbi não prosperou diante da impossibilidade do São Paulo FC em assumir os R$ 630 milhões necessários ao atendimento às exigências da Fifa. Daí a opção pela Arena Corinthians, cujo projeto inicial, diga-se, era bem mais modesto do que aquele que acabou prevalecendo.
Em segundo lugar, é preciso deixar claro que o entusiasmo do então já ex-presidente Lula com a opção pelo Itaquerão foi compartilhado pelo governo estadual e pela prefeitura de São Paulo, que a construção do estádio serviria para valorizar e desenvolver a Zona Leste da capital.
O governador Geraldo Alckmin decidiu investir nada menos de R$ 365 milhões em obras de melhoria da acessibilidade à região. O prefeito Gilberto Kassab, não apenas destinou R$ 105 milhões para a modernização do sistema viário, como assinou decreto concedendo R$ 420 milhões em incentivos fiscais para a construção do estádio, na forma de títulos batizados de Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CDIs). Os certificados poderiam ser utilizados para o pagamento de impostos municipais como o Imposto sobre Serviços (ISS) ou o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) próprios ou de terceiros. A lei previa que os tais CIDs poderiam ser comercializados, por exemplo, com bancos, considerados grandes pagadores desses impostos.
“O projeto é apenas uma peça de uma grande engrenagem”, afirmou Kassab, na terça feira, 19 de julho de 2011, após assinar a lei municipal que criou os incentivos fiscais. "São diversas etapas, com diversos responsáveis de uma obra que tem um grande padrinho que é o povo brasileiro. Uma obra que tem o apoio fundamental do governo federal, do governo do Estado, da prefeitura de São Paulo, fazendo juntos, esta que ser, se tudo correr bem, a arena do jogo de abertura da Copa do Mundo."
Resumo da ópera: ao contrário do que previam os urubólogos de plantão, o estádio foi construído a tempo e a cidade de São Paulo acabou sediando o jogo inaugural da Copa do Mundo. E sobrou para o Timão um papagaio de R$ 900 milhões, que vem sendo pago a duras penas à construtora baiana, inclusive com atraso. "Dizem que [o estádio] foi dado de presente para o Lula, e o Corinthians tem que pagar um financiamento de R$ 950 e tantos milhões?", questionou Andres Sanchez, ex-presidente do Corinthians e principal responsável no clube pela obra. "Que tipo de presente é esse?''
Presente do generoso Emilio ao corintiano Lula? Só se for presente de grego. A piada publicada pela Folha com estardalhaço em sua edição deste domingo, 23, só se equipara à denúncia do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que a agricultora Maria Geni do Nascimento, candidata a vereadora pelo PDT de Santa Cruz do Baixo Verde, em Pernambuco, teria recebido uma doação de nada menos de R$ 75 milhões de um beneficiário do Bolsa Família.
Seria mais uma “prova” de que o programa estaria sendo utilizado fraudulentamente para ocultar contribuições eleitorais e foi aceita também alegremente e sem contestação pela imprensa (na verdade, a doação foi de R$ 750). Ora, com essa grana, dona Geni, que acabou recebendo parcos 13 votos, poderia não apenas ter comprado folgadamente o mandato, como o próprio município de Santa Cruz, conhecido como a capital da rapadura, cujo “PIB” mal chegou a R$ 53 milhões, em 2012.

* Clayton Netz é jornalista e já dirigiu algumas das principais publicações econômica do País, como Exame e Istoé Dinheiro
copiado  http://www.brasil247.com/pt/

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