Caso Serra revela o lado B da mídia brasileira
Em artigo sobre o comportamento da mídia após a denúncia da Odebrecht contra José Serra, o jornalista George Marques, que escreve sobre os bastidores da política, analisa: "Passado quase 48 horas que a matéria da Folha denuncia que o ministro José Serra (PSDB) teria recebido cerca de R$ 23 milhões em propina, fruto de corrupção e caixa dois da Odebrecht, os jornais O Globo, Estadão, G1, entre outros veículos e articulistas da Grande Imprensa sequer tocam no assunto. Houve um cala-boca geral nas redações. Esse tipo de conveniência faz parte do jornalismo de omissão, de compadrio, do jornalismo rasteiro e imoral"; "Capturado pelo poder econômico, o jornalismo no Brasil passa por um momento de descrédito, subserviência e de proteção conveniente. Há um outro caminho a seguir?", questiona
Por George Marques
Em artigo sobre o comportamento da mídia após a denúncia da Odebrecht contra José Serra, o jornalista George Marques, que escreve sobre os bastidores da política, analisa: "Passado quase 48 horas que a matéria da Folha denuncia que o ministro José Serra (PSDB) teria recebido cerca de R$ 23 milhões em propina, fruto de corrupção e caixa dois da Odebrecht, os jornais O Globo, Estadão, G1, entre outros veículos e articulistas da Grande Imprensa sequer tocam no assunto. Houve um cala-boca geral nas redações. Esse tipo de conveniência faz parte do jornalismo de omissão, de compadrio, do jornalismo rasteiro e imoral"; "Capturado pelo poder econômico, o jornalismo no Brasil passa por um momento de descrédito, subserviência e de proteção conveniente. Há um outro caminho a seguir?", questiona
É perceptível que há algo de muito estranho acontecendo no mundo jornalistico-político de Brasília.
Desde que o jornal Folha de S. Paulo noticiou que a empreiteira Odebrecht pagou caixa dois para José Serra (PSDB-SP) em contas secretas na Suíça,
um silêncio ensurdecedor toma de contas nas redações dos G1, do
jornal O Estado de São Paulo, e no jornal O Globo. O cala-boca nas
redações é generalizado.
Articulistas mantêm o foco no 2º turno nas capitais e também na fabricada reunião para resolver e suposta crise entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Numa omissão
praticamente inédita, O Globo, Estadão e G1 deixam de reproduzir a
denúncia. Vale lembrar que Serrá é virtual candidato à Presidência da
República em 2018 (não se sabe ainda por qual partido, pelo PSBD, PMDB
ou pelo PSB).
A denúncia que pode
acarretar na demissão do ministro e acentuar a crise política por qual
passa o governo, até o momento é deixada de escanteio nas rodas de
debate dos principais comentaristas políticos da Grande Imprensa.
A denúncia contra Serra faz parte das informações contidas na delação premiada da empreiteira Odebrecht.
As
explosivas revelações da Odebrecht tem potencial para desmoronar o
governo Temer. Envolve também integrantes da oposição e do antigo
governo petista, num rolo compressor multipartidário.
Há ainda como fator de preocupação no mundo político a iminente delação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso por tempo indeterminando suspeito de ter recebido R$ 5 milhões em contas secretas na Suíça.
Eduardo Cunha teve
muitos papéis no PMDB e conhece muito bem Michel Temer. Cunha já foi
líder do PMDB, e mais recentemente um dos mais poderosos presidentes que
a Câmara dos Deputados já viu. O presidente Michel Temer, em um culto
celebrado numa Assembleia de Deus Madureira, no Rio de Janeiro,
confessou que as tarefas difíceis ele entregaria à fé de Cunha. Confira:
No Palácio do Planalto há ainda a preocupação com as crescentes ocupações nas escolas em todo o país. Alunos protestam contra a reforma do Ensino Médio enviada
ao Congresso Nacional por meio de medida provisória, sem discutir com a
sociedade, e também contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
241/2016, que tem potencial para fragilizar as áreas de saúde e
educação, conforme indica o estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea):
Logo após a divulgação do estudo o governo Temer deu um jeito de abafar o caso e de desmentir o estudo. O presidente do Ipea veio a público para contestar o estudo dos pesquisadores.
É neste contexto de fragilidade e alerta política que a denúncia contra o chanceler José Serra se apresenta.
O pepino da vez que
coloca mais fervura na base política do governo é a denúncia envolvendo
José Serra. O mais curioso, no entanto, é a morbidez silenciosa e fria
que parte da Grande Mídia trata o caso.
Passado
quase 48 horas que a matéria da Folha denuncia que o ministro José
Serra (PSDB-SP) teria recebido cerca de R$ 23 milhões em propina, fruto
de corrupção e caixa dois da Odebrecht, os jornais O Globo, Estadão, G1,
entre outros veículos e articulistas da Grande Imprensa sequer tocam no
assunto.
Houve um cala-boca geral nas redações. Esse tipo de conveniência faz parte do jornalismo de omissão, de compadrio, do jornalismo rasteiro e imoral.
Oras, alguém
duvida que, se no lugar do tucano José Serra fosse o ex-presidente Lula
ou alguém do PT a denúncia teria amplo destaque em todos os portais
acima, com direito a helicóptero sobrevoando o diretório do partido,
plantão de meia em meia nos jornais locais? Não há dúvida.
Fica cada dia mais
nítido de que lado da história estão esses veículos de imprensa. É
curioso que até há um tempo atrás, quando Dilma Rousseff era presidente
da República, cada escândalo, cada vazamento proposital de notícias que
abalam o já trôpego governo, não passava sem uma cobertura exaustiva
dessa mesma mídia que hoje se omite, vergonhosamente.
Capturado
pelo poder econômico, o jornalismo no Brasil passa por um momento de
descrédito, subserviência e de proteção conveniente. Há um outro caminho
a seguir?
copiado http://www.brasil247.com/pt/24
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