Não não precisa do S.U.S. por isso a conclusão.
PS virou butique de saúde. Uso exagerado do pronto-socorro.
Um dia as filas de atendimento no SUS vão diminuir?
Quando o pobre conseguir o direito a cidadania.
Dulce.
PS virou butique de saúde
Brasileiro usa Pronto-Socorro sem precisar e causa gargalo, diz Denise Santos, CEO da Beneficência
ARMANDO
PEREIRA FILHODO UOL, EM SÃO PAULO
Lucas
Lima/UOL
Lucas
Lima/UOL
Denise
Soares dos Santos, a engenheira que virou administradora de hospitais
e agora é CEO da Beneficência Portuguesa de São Paulo, diz
que a mudança de hábito do brasileiro causa superlotação nos
pronto-socorros particulares. Segundo ela, estão usando os PSs sem
emergência, como "butique de saúde", um consultório a
jato, com exames na hora, para não esperar uma vaga no seu próprio
médico.
Ela
diz que não basta fazer check-up anual, mas todos deveriam ter um
estilo de vida melhor para garantir a própria saúde; afirma que a
fila do SUS só diminui com mais hospitais; e fala da reestruturação
da Beneficência, que agora é BP. Denise participou da série de
entrevistas do UOL
com líderes de grandes empresas.
PS particular em SP demora média de 4 horas para atender
O
tempo médio de espera numa fila de pronto-socorro particular ou de
convênio em São Paulo está em torno de quatro horas (quando não é
uma emergência), diz a CEO da BP (Beneficência Portuguesa), Denise
Santos. E a situação piora, segundo ela, também porque o
brasileiro usa o PS muitas vezes como consultório, e não para
tratar urgências. Veja o que ela diz sobre o tema:
O
PS virou uma butique de saúde, para fazer consultas e exames no
mesmo dia. A maior parte das pessoas num PS não está numa
urgência médica
Mau uso entope pronto-socorros
Denise
Santos diz que é preciso fazer um processo educacional com a
população.
"A
gente tem discutido muito como lidar com isso, incluindo os planos de
saúde. Acaba entupindo um canal de entrada no hospital [do PS] com
um paciente que poderia ter ido para um consultório, com tratamento,
exame. Hoje, nos EUA, o paciente antes de ir ao hospital tem toda uma
rede de clínicas e consultórios que ele vai ter de passar e ser
atendido."
Quem não se cuida deveria pagar mais caro
Ela
também afirma que é importante cada um cuidar da saúde para seu
tratamento não pesar tanto nos planos e hospitais. No exterior,
estuda-se a possibilidade de os planos de saúde cobrarem mais de
pacientes que não têm uma vida saudável. Denise diz que essas
discussões acontecem, mas no Brasil ainda não deve ocorrer isso.
"Imagina
aquele cidadão que fuma a vida inteira, desde os 13 anos de idade.
Aí na frente, tem uma doença importante que custa alguns milhões
de reais. Qual a sua responsabilidade como indivíduo no seu cuidado
com a saúde ao longo da vida? Essa é uma discussão que tenho
ouvido em vários fóruns internacionais", afirma.
"Hoje
os planos de saúde estão numa condição quase no seu limite, e se
discute muito o que fazer para depois partir para um segundo passo de
contrapartida, um custo menor de plano para quem se cuida bem."
No país, isso ainda deve demorar um pouco mais.
Não basta fazer check-up anual, tem de mudar a vida
A CEO
da BP diz que as pessoas têm de mudar seu estilo de vida para
garantir uma boa saúde.
"É
além da prevenção. Prevenção vem na nossa cabeça como fazer
check-up anual. É preciso pensar em hábitos saudáveis que
desinflacionem esse sistema. Fazer promoção à saúde, não só
prevenção. Dá para fazer coisas relevantes. Apesar de haver toda
uma indústria consumista por trás, que vai no caminho contrário.
Mas, se a gente ficar nos apesares, a gente não cria."
Paciente deve pagar parte dos custos para usar melhor
Ela
defende que o paciente de planos de saúde pague parte dos custos de
seu tratamento, como forma de reduzir desperdícios.
"É
o caminho da coparticipação [o paciente paga uma parte de custos de
consultas e exames, mesmo tendo plano de saúde]. Eu pessoalmente sou
favorável. A gente vê acontecer: a pessoa faz um exame, mas repete.
Não é ela que paga mesmo. A coparticipação evita um pouco do mau
uso e dá um pouco mais da consciência de como usar o sistema. É
quase obrigatório."
Uso exagerado do pronto-socorro
Um dia as filas de atendimento no SUS vão diminuir?
As
filas para os pacientes do SUS, que demoram meses nos casos de
médicos especializados e cirurgias complexas, um dia vão acabar?
Como os hospitais particulares podem ajudar o sistema público de
saúde a se desenvolver?
Veja
a seguir o que Denise Santos, CEO da BP, fala sobre isso:
Fechamento de hospitais complica fila no SUS
Em
cinco anos, o Brasil perdeu 20 mil leitos. Mais de 50 hospitais foram
fechados. Temos uma situação crítica, há fila. Existe uma questão
de investimento em infraestrutura. Com o momento crítico de
crise, parou-se de investir em infraestrutura.
Não
há uma ideia salvadora [contra filas]. Temos de investir em
infraestrutura, não pode fechar leito. No mundo, a média é de 3 a
5 leitos por mil habitantes. O Brasil tem 2,5 leitos. Então, existe
demanda reprimida. Isso é um fato. Faz tempo que a gente não tem
crescimento de leito no país. E aí tem as filas. Está faltando
infraestrutura. E não é de agora, não é a crise dos dois últimos
anos.
Desemprego causa mais colapso no SUS
Com
desemprego, quase certamente o usuário vai perder o plano de saúde.
Não há mais quase plano de saúde individual. Esse paciente vai
migrar para o SUS, que já é quase colapsado. É um problema social
bastante grande.
Saúde pública precisa de informatização
A
aproximação do setor público e do privado é obrigatória. Não dá
para fazer saúde pública ou privada sozinho. O SUS está dentro da
Beneficência, que é uma empresa privada. Falta de um sistema
integrado e tecnologia são um grande problema hoje no país. As
coisas são absolutamente desconectadas. O ministro atual tem falado
muito disso, e eu concordo. Informatização do sistema é relevante.
Os
hospitais privados, os operadores de saúde têm de vir para
essa conversa também. Talvez seja idealismo montar um sistema
integrado, mas é por aí.
Técnica de hospitais privados para os públicos
Os
hospitais privados ajudam a rede pública em procedimentos como
transplante de órgãos, de fígado, de rim, cardiopatia congênita
[problemas de nascença no coração]. São técnicas hoje utilizadas
em hospitais de maior investimento. Trabalhamos em capacitar o
sistema público nessas técnicas.
Nossos
profissionais vão a outras instituições de saúde, permitem que
eles aprendam e desenvolvam essas técnicas.
Investimos
em levar a telemedicina para esses hospitais, colocamos equipamentos,
a tecnologia necessária para haver inclusive consultas
virtuais. Inclui muitas vezes a aquisição de equipamentos para
que o hospital tenha condições de seguir depois com suas próprias
pernas.
Mais
de 20% das cirurgias cardíacas, de saúde pública, do Estado de São
Paulo são feitas na Beneficência.
A
partir de 2018, vamos desenvolver projetos que possibilitem
desenvolver em nível nacional o SUS. Vamos dividir com outros
hospitais do SUS as boas práticas que já efetivamos em casa.
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