Eduardo Suplicy sempre adorou um factoide. Nunca se importou com o ridículo. Nem quando andou, sob flashs, pelas ruas de Nova Iorque mostrando um retrato de Ana Elisabeth Lofrano dos Santos, perguntando a transeuntes se a haviam visto. Seu sumiço era peça-chave no escândalo dos Anões do Orçamento, em que seu marido, José Carlos Alves dos Santos, foi protagonista.
Foi lá seguindo uma dica furada de que Beth, como era chamada por amigos, estava incógnita nos Estados Unidos estudando inglês. Em meios às perambulações de Suplicy, a polícia encontrou o corpo de Beth, barbaramente assassina e enterrada, talvez ainda viva, na periferia de Brasília.
Suplicy não passou recibo. Disse que estava com consciência tranquila por suas buscas em Nova Iorque e justificou: “Tenho certeza de que minha ação serviu como instrumento de catalisação de energia”. Seja lá o que isso quer dizer.
Ninguém dúvida da honestidade de Suplicy. Mas ele usa e abusa, em suas performances, de seu DNA de quatrocentão paulista. Se o plebeu Tiririca ousasse 20% por cento disso seria massacrado.
Lula e Dilma nunca deram bola para Suplicy. Não se sabe se por suas qualidades ou defeitos. Talvez por ambos. Viraram anedóticas as tentativas de Suplicy de ser recebido por Dilma no Palácio do Planalto.
Agora, com todos no sal, Lula até fez um agrado a Suplicy na missa comício de São Bernardo, sua despedida antes de ir para a cadeia.
Suplicy, como sempre, pegou corda. Faz de um tudo para retribuir. Usou suas redes sociais para especular sobre uma suposta visita de Barack Obama, um dos políticos mais sérios no cenário internacional, a Lula na cadeia. Segundo ele, a visita teria sido recomendada pelo linguista Noam Chomski. Suplicy se diz na torcida para dar certo.
Aí começam seus devaneios. Ele lembra que, em 2009, quando Lula era sucesso aqui e no mundo inteiro, Obama o elogiou com a frase “ele é o cara”, como um indicador de que o ex-presidente americano possa se engajar numa campanha internacional para livrar Lula da cadeia: “Mais e mais cresce a repercussão internacional contra a prisão inconstitucional de Lula e o governo brasileiro se expõe a uma situação vexatória”.
Nem merece análise essa lorota de prisão inconstitucional de Lula.
Ele está na cadeia, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, começando a cumprir pena depois de condenado por duas instâncias da Justiça Federal, de acordo com jurisprudência do STF, guardião da nossa Constituição. Trata-se de uma decisão, que teve inúmeros recursos, referendada até aqui por todas as demais instâncias. Se a Justiça não pode valer para o Lula, não pode valer para ninguém.
Suplicy escreve que, com a prisão de Lula, “o governo brasileiro se expõe a uma situação vexatória”.
Como assim?
Se dependesse dos atuais inquilinos do Palácio do Planalto, Lula estaria livre, leve e solto. Menos do que preocupação com ele e muito mais em causa própria. As elites políticas, Lula incluído, não queriam abrir precedente algum que pudessem leva-las para a cadeia. A prisão de Lula foi ruim para seus parceiros, de todos os naipes partidários, que, desde o começo da Lava Jato, jogam juntos em busca de uma saída que os mantivessem como intocáveis, fora do alcance da Justiça.
Nenhum deles está feliz com a prisão de Lula. Michel, Aécio Neves, José Sarney, Collor, Renan Calheiros, entre muitos outros, estão em pânico porque Lula, o mais popular dos encrencados, puxou a fila para a cadeia.
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