Os senhores sabem qual o maior medo do presidente Michel Temer. Não é o do final melancólico de seu governo nem o de um desempenho pífio no caso de vir a disputar a reeleição em outubro. O seu maior medo é o de ser preso depois de responder ao processo que passará a sofrer depois de encerrar seu mandato na Presidência da República.
Ele tem razão em estar com medo. Considerando os critérios adotados contra o ex-presidente Lula no caso do tríplex de Guarujá, e que devem ser repetidos no caso do sítio de Atibaia, Temer está condenado e preso. Muitos juristas dizem que não existe defesa quando não é preciso de provas materiais e bastam delação e presunção para se forjar a culpa.
Quem também sofre com esse futuro é o ex-presidente do PSDB, senador Aécio Neves. Aliás, antes mesmo da decisão da Justiça, Aécio já foi condenado pelos seus mui companheiros. A Folha de SP publicou uma lista de 48 políticos que dependem de se eleger para escapar da cadeia. Estão todos condenados. Só não se sabe ainda a duração do processo e o tamanho da pena. Pode ser nove anos como o de Eduardo Azeredo (PSDB) ou dois anos como o de Lula (PT).
Não vou discutir quem é culpado ou inocente, quem merece ou não. Isso é irrelevante. A única coisa que sei é que se fosse por aqui, Al Capone estaria preso muito antes de ser condenado por sonegação de impostos. Para que tanto trabalho? Pelas regras daqui, nos EUA não seria preciso nem de delação, qualquer um sabia que ele chefiava uma organização criminosa. Mas por lá foi preciso trabalhar, era preciso provas.
Na nossa terra, o popular ex-presidente Lula foi condenado a 12 anos. Pressionados, os justiceiros terão que demonstrar imparcialidade. Este é o infortúnio de Temer, Aécio e de tantos outros. Se Lula foi condenado, porque outros não seriam. Por isso, a próxima eleição pode ser resumida assim: É ganhar ou cadeia. Sendo que os vencedores vão apenas adiar o seu fim atrás das grades. Viverão anos de martírio. A polícia vai achar R$ 200 mil numa casa. A posse não é crime, mas é um escândalo num país pobre. É como o R$ 1,3 milhão que acabou com Roseana Sarney em 2002. Anos depois ela foi inocentada e o dinheiro devolvido. Mas o estrago foi feito.
Vocês lembram como a Lava Jato começou? Muitos vibraram. Era o fim da era Lula e do PT. Houve quem defendesse que colocassem o PT na ilegalidade. Lembram? Pois é. Hoje, os principais quadros do MDB estão no pelourinho. O moderno PSDB tenta esconder alguns de seus mais bravos quadros. Mas o tribunal popular vem aí, em outubro. Vamos ver quem vai sobreviver à inquisição.
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