PROTESTO Manifestações contra Putin termina com 1.600 presos na Rússia Entre detidos está o líder oposicionista Alexei Navalni, que não tinha autorização para fazer o comício Brasileiro pede para ficar sob proteção policial na Ucrânia


TOPSHOT - Russian police officers detain a protester during an unauthorized anti-Putin rally called by opposition leader Alexei Navalny on May 5, 2018 in Moscow, two days ahead of Vladimir Putin's inauguration for a fourth Kremlin term.
 / AFP PHOTO / Maxim ZMEYEV



Protesto contra Putin termina com 1.600 presos na Rússia

Líder oposicionista Navalni é detido em Moscou, mas atos não superam os de 2017


Igor Gielow
SÃO PAULO
​​ Buscando reavivar o oposicionismo em baixa na Rússia desde a reeleição consagradora de Vladimir Putin em março, o ativista Alexei Navalni conseguiu chamar a atenção novamente neste sábado (5): foi preso, assim como pouco mais de mil manifestantes que atenderam a seu chamado para protestar contra a posse do presidente, marcada para segunda (9). Resta agora saber se o evento ficará isolado ou, como em 2012, vai gerar uma onda de insatisfação contra o líder russo.
Segundo a ONG OVD Info, que monitora abusos contra direitos humanos na Rússia, 704 dos 1.607 detidos em 20 cidades russas eram de Moscou, inclusive Navalni. Como ele não tinha autorização para fazer o comício na praça Pushkinskaia, no centro moscovita, foi detido antes de começar a falar.

A forte presença policial sugere que as autoridades estavam preocupadas com a potencialidade das manifestações, que ocorrem pouco mais de um mês antes da abertura da Copa do Mundo de futebol na Rússia.
O país, que está em grave crise diplomática com o Ocidente desde o episódio em que foi acusado de envenenar um ex-espião russo na Inglaterra, estará no centro das atenções do mundo por um mês.

Navalni fez seu jogo, também. As autoridades municipais haviam ofertado três outros pontos para que ele promovesse seu ato, só que o ativista não aceitou por serem menos evidentes que a praça, um popular e visível ponto de encontro junto à movimentada rua Tverskaia.
A tática de enfrentamento visava, como das outras vezes em que liderou protestos, garantir o máximo de exposição midiática à sua inevitável prisão —ele deve ficar detido por até um mês, e depois será solto, como nos grandes atos que comandou em 2017.

O que não parece ter dado certo para Navalni, que é advogado e blogueiro, foi o escopo de seu ato. Ele queria repetir os dois superprotestos de 2017, quando dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em várias cidades russas.
Agora, pelos relatos do OVD Info e de apoiadores de sua rede, a concentração maior foi mesmo em Moscou. Houve detenções em lugares distantes, como Krasnoiarsk (Sibéria), mas não eventos em centenas de cidades ao mesmo tempo —o próprio grupo do ativista estimava mobilizar 90 municípios desta vez.

A manifestação com o mote “Ele não é nosso czar” visava criticar a posse de Putin, que ganhou um quarto mandato no Kremlin com 76,7% dos votos no primeiro turno disputado em 18 de março. A ossificação das estruturas políticas russas impediu concorrência real, e Navalni ficou fora do pleito por ter uma condenação na Justiça que ele alega ser fabricada, ainda que pesquisas lhe dessem traço de intenção de voto.

Navalni havia fracassado no boicote proposto ao pleito, que teve comparecimento de 67% dos eleitores, e vem sendo cada vez mais criticado por integrantes da oposição institucional russa.
O blogueiro, por sua vez, acusa os partidos tradicionais de fazer o jogo do Kremlin ao participar de pleitos, o que seria uma forma de legitimar a continuidade do jugo putinista: contando seus dois mandatos como premiê, o presidente está no poder desde 1999 e só deixará o cargo, se nada mudar, em 2024.
Além de querer repetir o feito de 2017, Navalni buscava emular o ato ocorrido antes da posse de Putin em 2012 em Moscou, que disparou uma série enorme de protestos contra o presidente.
Naquele momento, os atos eram concentrados na classe média urbana de Moscou e também em São Petersburgo, maiores cidades do país, algo que parece ter ocorrido neste sábado. Já os protestos de 2017 atraíram jovens convocados pela internet de forma mais dispersa por todo o território russo, notadamente em lugares distantes como a Sibéria e o Extremo Oriente.

Nos atos deste sábado também foi registrada a presença de manifestantes pró-Putin. Em Moscou, havia grupos gritando o nome do presidente entre os apoiadores de Navalni. Em Iakutsk, na remota e congelada República de Sakha, perto do Círculo Polar Ártico, jovens vestidos de cossacos (tradicionais desbravadores de fronteiras do czarismo) enfrentaram os manifestantes. A polícia interveio e pelo menos 75 pessoas foram presas, segundo a rede de Navalni.
COPIADO https://www.folha.uol.com.br/

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