Últimos esforços europeus para manter EUA em acordo nuclear iraniano Iranianos assistem a comício do presidente Hassan Rohani em Sabzevar, em 6 de maio de 2018

Últimos esforços europeus para manter EUA em acordo nuclear iraniano

Iranian Presidency/AFP / -Iranianos assistem a comício do presidente Hassan Rohani em Sabzevar, em 6 de maio de 2018
Grã-Bretanha, Alemanha e França defenderam nesta segunda-feira (7) os méritos do acordo nuclear com o Irã, em uma última tentativa de convencer o presidente americano, Donald Trump, de não abandonar o texto.
Em declarações ao canal Fox News antes de seu encontro com funcionários de alto escalão do governo americano, o ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, disse que Trump tem "razão em ver defeitos" no acordo, mas acrescentou: "O plano B não me parece particularmente bem desenvolvido neste cenário".
Em paralelo, em Berlim, os ministros das Relações Exteriores francês e alemão, Jean-Yves Le Drian e Heiko Maas, respectivamente, defenderam o acordo, que consideram como a melhor maneira de "evitar que o Irã obtenha a arma nuclear", e afirmaram que vão continuar aplicando suas condições mesmo que os Estados Unidos se retirem.
Trump informou nesta segunda-feira, em sua conta no Twitter, que anunciará na terça-feira o destino do acordo nuclear: "vou anunciar minha decisão sobre o Acordo com o Irã amanhã às 2h da tarde (18h GMT, 15h em Brasília)", escreveu.
O presidente americano havia fixado um prazo até 12 de maio para certificar que o Irã cumpriu o acordo, contendo seu programa nuclear ou, caso contrário, deixando o caminho livre para a retomada de sanções econômicas contra Teerã se considerar insuficientes as soluções negociadas com os europeus para tornar o acordo mais rígido.
"Acreditamos que se pode ser mais duro com o Irã" e "abordar as preocupações do presidente" Trump sem desfazer o acordo, acrescentou o chanceler britânico.
Antes de sua entrevista televisiva, Johnson havia antecipado sua posição em um artigo opinativo na segunda-feira no The New York Times, no qual estimou que "neste momento delicado seria um erro distanciar-se do acordo nuclear e suspender as restrições que sujeitam o Irã".
AFP / Tobias SCHWARZO ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas (esq.), e o da França, Jean-Yves Le Drian, em 7 de maio de 2018, em Berlim
As declarações de Johnson ocorreram antes de seu encontro com o secretário de Estado, Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e falcão anti-Irã, que se espera que apoie qualquer decisão de Trump de renunciar ao acordo.
Ao chegar ao Departamento de Estado, o chanceler britânico trocou um aperto de mãos com Pompeo e não fez declarações públicas.
O acordo nuclear com o Irã foi assinado em julho de 2015 entre Teerã, por um lado, e China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha, por outro.
Nesse texto, a República Islâmica declara que não busca se dotar de armas atômicas e aceita restringir seu programa nuclear para dar ao mundo a garantia de que suas atividades no setor não têm ambições militares.
Em troca, Teerã obteve o fim progressivo das sanções internacionais impostas por seu programa.
O acordo prevê um maior controle das instalações nucleares iranianas, "aumentando a possibilidade de detecção de qualquer tentativa de fabricar uma arma atômica", argumentou o ministro britânico.
- Restrições ao Irã -
"Agora que essas amarras estão colocadas, não considero necessário colocá-las de lado. Apenas o Irã se beneficiaria renunciando a essas restrições sobre seu programa nuclear", considerou.
"Estamos determinados a salvar este acordo porque nos resguarda da proliferação nuclear e é a maneira mais correta de evitar que o Irã tenha acesso a armas nucleares", insistiram Le Drian e Maas.
O ministro alemão estimou que o acordo "torna o mundo mais seguro e sem ele o mundo será menos seguro".
"Tememos que um fracasso leve a uma escalada" de violência no Oriente Médio, acrescentou o ministro alemão.
A dupla assegurou que deseja, a todo custo, manter a estrutura existente negociada com Teerã.
"Este acordo é, para nós, respeitado. Por isso, pretendemos mantê-lo, seja qual for a decisão americana", disse Le Drian.
Resta saber o que o Irã fará diante dessa eventualidade.
Os ultraconservadores do país mantêm uma linha muito dura. Na quinta-feira, o aiatolá Ali Khamenei, o guia supremo iraniano, disse que o Irã deixaria o acordo se Washington cumprisse sua ameaça.
Hoje, o presidente Hassan Rohani declarou que o Irã poderia continuar aplicando as prerrogativas do texto, apesar da saída dos Estados Unidos.
- Advertência do Irã -
No domingo, porém, o presidente iraniano advertiu que o governo dos Estados Unidos lamentará "como nunca" um eventual abandono do acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerã.
"Se os Estados Unidos deixarem o acordo nuclear, vocês logo verão que eles vão se arrepender como nunca antes na história", declarou Rohani, em um discurso transmitido pela televisão pública.
AFP / Marimé BRUNENGOAcordo sobre o programa nuclear iraniano
"Trump deve saber que nosso povo está unido. O regime sionista (Israel) deve saber que nosso povo está unido", completou Rohani.
Com o texto, o Irã declara solenemente que não busca produzir a bomba atômica e concorda em frear seu programa nuclear para fornecer ao mundo garantias de que suas atividades não são militares.
Trump denunciou o acordo e havia estabelecido um prazo até 12 de maio aos países europeus para tornar o texto mais rígido. Se não o fizerem - ameaçou -, seu país se retiraria do tratado.

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