O capitão baixou a guarda. Sem descanso: “laranjada” de outro ministro delatada em detalhes

O capitão baixou a guarda

Há uma imensa dúvida no que esteve por trás – e quase tudo esteve – nesta crise Bolsonaro x Bebiano que parou a República por cinco dias.
Saná-la depende menos do jornalismo -afinal, foi descrita como de “foro íntimo” – do que da disposição das partes de revelar o que foi que levou Jair Bolsonaro a valer-se da primeira situação delicada de seu ministro aparentemente tão próximo para alvejá-lo com o “mentiroso” do qual já se sabe que o filho foi mero amplificador.
A aparição do presidente em vídeo formal e burocraticamente elogioso, duro como uma pedra, parece bem pouco a ser aceitável para quem recusou uma sinecura no conselho da Itaipu Binacional ou o “dolce far niente” da Embaixada do Brasil em Roma.
E há os “muy amigos”, como o vice-general Hamílton Mourão, que não perderam tempo em dizer que a demissão de bebianno  “se deu por mais motivos do que a suspeita de que ele tenha acobertado candidatas usadas como laranjas no PSL durante a última eleição.”
Se não foi isso, o que foi, é a pergunta automática, a que ele respondeu com uma frase menos lacônica que provocativa:
— Eu não sei. Por isso são questões de foro íntimo. Como eles se conhecem já há algum tempo, talvez tivessem outros problemas que nunca foram ventilados.
Bebianno, com a patente vacilação de Bolsonaro, tem um trunfo na mão: basta-lhe o vazamento de uma informação constrangedora ou até a simples provocação para colocar o presidente na berlinda.
Com as acusações que ele próprio ajudou a serem o bastante para uma condenação.
Bolsonaro terminou mal o que começou mal.
E começa mal o que, com toda a certeza, terminará mal.

Sem descanso: “laranjada” de outro ministro delatada em detalhes

“A polícia tem os áudios”.
A frase da candidata “laranja” Cleuzenir Barbosa, uma das quatro que recebeu dinheiro do Fundo Eleitoral e o repassou à campanha do deputado e hoje ministro do Turismo Marcelo Alvaro Antonio, empurra um imenso abacaxi, outra vez, para o colo do governo.
E desta vez, direto para Sérgio Moro, que pretende ter hoje o seu dia de glória, com a apresentação de seu “pacote anticrime” que diz ser contra a corrupção.
Porque a a polícia que “tem os áudios” é a Polícia Federal e, portanto, o Ministro da Justiça, que é seu chefe hierárquico, tem conhecimento deles e de seu teor.
E é o ministro que disse que cuidaria de pedir a demissão de outros contra os quais houvesse indícios “consistentes” de malfeitorias.
A confissão da intermediária do desvio de verbas, explícita, expressa e publicada, com todos os detalhes sórdidos pela Folha, ainda mais acompanhada de cheques, extratos e até prestação de contas ao TSE, amparada por áudios que estão em mão dos policiais, seria “consistente”?
É a pergunta absolutamente obrigatória a fazer hoje, na provável entrevista que dará em seu momento de triunfo punitivista.
Que pode ser pior, se ocorrer a algum repórter perguntar: “Ministro, o ato de exoneração de Marcelo Alvaro Antonio, explicado como simplesmente burocrático para que ele voltasse à Câmara por um dia para desarquivar projetos, saiu publicado com a sua assinatura, ao contrário do que aconteceu com três outros ministros na mesma situação. Qual foi a razão do senhor ter assinado este e não ou demais?”
A resposta, talvez, esteja numa frase na mesma Folha, onde a deputada Joice Hasselman “explica” a diferença entre o caso do ministro do Turismo e o do defenestrado Gustavo Bebianno:
O presidente e o Marcelo conseguiram ter uma conversa e conseguiram se acertar.
Para usar as expressões do “velho” Moro não é o caso de, “em cognição sumária”, imaginar que a exoneração era por outro motivo, diferente do apontado, e que depois foi revertida pelo que Hasselman diz ter sido um “acerto” com Bolsonaro?
Não deixa de ser, no mínimo, curioso que Moro vá se apresentar hoje como o “xerife da moralidade” deste Governo enquanto dele, depois da lama de cinco dias que esteve mergulhado no caso Bebianno se veja agora às voltas com a sirene estridente que soa na Folha com a entrevistada candidata laranja de outro ministro.
Ou não haverá interesse em apurar o que diz a candidata: “Esse povo é perigoso. Hoje eu sei, eles são uma quadrilha de bandidos.”
copiado  http://www.tijolaco.net/blog

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