Dead Kennedys pede para produção tirar da divulgação pôster feito para shows no Brasil
Amon Borges23.abr.2019 às 18h31
Após grande repercussão na internet, a equipe do grupo punk Dead Kennedys solicitou a retirada do pôster feito para a turnê brasileira da divulgação. O momento político polarizado vivido no país influenciou a decisão.
Para anunciar os quatro shows que a banda fará em maio, a produção nacional criou uma arte exclusivo feita pelo ilustrador Cristiano Suarez. Na imagem, a família do palhaço Bozo está vestida com camisetas da seleção brasileira segurando armas. Para completar o cenário, tanques de guerra e uma favela pegando fogo. Um dos personagens diz: “Eu amo o cheiro de gente pobre morta pela manhã”.
Os internautas começaram a comentar a alusão que teria sido feita ao presidente Jair Bolsonaro —que, por vezes, é chamado de Bozo— e a seus eleitores.
Segundo relatos de pessoas ligadas ao processo, os integrantes da banda —Skip, East Bay Ray, Klaus Flouride e D.H. Peligro— gostaram da arte. O guitarrista Ray, inclusive, enviou uma mensagem ao artista elogiando o trabalho. Embora eles tenham gostado, a decisão foi tomada em conjunto com toda a equipe que os gerencia.
“O tipo de trabalho que dá orgulho de fazer. Dead Kennedys sempre foi minha banda de hardcore predileta, desde a época que eu era moleque!”, disse Suarez em suas redes sociais antes da solicitação do grupo.
O perfil da banda no Instagram compartilhou a arte, mas apagou. No Facebook, posteriormente, chegou a publicar uma nota em que dizia que “o pôster divulgado não reflete uma declaração política ou o posicionamento do Dead Kennedys. A mensagem básica da banda tem sido, e ainda é, pedir às pessoas que pensem por elas mesmas, não dizer a elas o que pensar”, versava a nota apagada. O texto feito pela equipe de comunicação do grupo foi deletado porque não foi aprovado pelos integrantes.
De acordo com a produção, a banda recebeu “emails não muito cordiais de quem não gostou da arte e não quis mais se vincular ao cartaz.”
Segundo Eliel Vieira, dono da EV7 Live que promove a turnê no Brasil, a banda não havia dado palpite em relação ao pôster. “Eles ficaram assustados com a repercussão muito forte. Muita gente falando que era uma crítica ao presidente”, diz ao Lineup.
Depois do texto deletado, muita gente pensou que a arte não tinha relação com o show, mas Suarez rebateu as críticas na internet.
“O nome da banda precisou sair daqui, mas só queria reforçar que a arte foi, sim, oficial, diferente do que a mídia tá publicando. Foi postada no perfil OFICIAL da banda e removido logo após o boom das publicações e dos trending topics do Twitter, logo depois foi liberada uma nota, que também foi apagada quando se deram conta que muitas pessoas já tinham visto.”
Políticos e artistas como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o músico Marcelo D2 compartilharam a arte.
Será a quarta vez que a banda de San Francisco (EUA), formada em 1978, vem ao Brasil: Circo Voador, no Rio (23/5), Tropical Butantã, em São Paulo (25/5), Toinha Brasil Show, em Brasília (26/5), e Mister Rock, em Belo Horizonte (28/5). Na bagagem, trazem hits como “California Über Alles” e “Holiday in Cambodia”. Antes o grupo ainda passa por Paraguai (18/5), Uruguai (19/5) e Chile (21/5).
Os ingressos para São Paulo têm preços que variam de R$ 110 a R$ 350 e estão disponíveis no site da Ticket Brasil.
Comunidado deletado do perfil do Dead Kennedys:
“Chegou ao conhecimento do Dead Kennedys que um pôster foi publicado promovendo os shows que a banda fará no Brasil. Este pôster foi publicado para promover os shows sem o conhecimento do Dead Kennedys e não é autorizado.
O Dead Kennedys é uma banda punk americana icônica, conhecida por suas declarações políticas e por possuir uma forte postura antifascista e anti-violência. No entanto, a banda sente que não pode presumir saber o bastante sobre as situações em outros países para divagar sobre suas políticas específicas. O pôster divulgado não reflete uma declaração política ou o posicionamento do Dead Kennedys. A mensagem básica da banda tem sido, e ainda é, pedir às pessoas que pensem por elas mesmas, não dizer a elas o que pensar.”
copiado https://lineup.blogfolha.uol.com.br/2
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