Governo não quer mais Valcke como interlocutor


Por Eduardo Simões
SÃO PAULO, 3 Mar (Reuters) - O governo brasileiro não aceita mais o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, como seu interlocutor nos preparativos para a Copa do Mundo de 2014.
A decisão, anunciada neste sábado pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, é uma reação aos comentários feitos por Valcke na sexta-feira, com críticas à preparação do Brasil para o Mundial. Ele chegou a dizer que os organizadores precisavam levar um "chute no traseiro" para fazer a Copa acontecer.
"O governo não aceitará mais, no nível de governo, o secretário-geral como interlocutor", disse o ministro em entrevista coletiva neste sábado, em São Paulo. "Vou comunicar o presidente da Fifa, senhor (Joseph) Blatter dessa decisão."
Ele considerou as declarações de Valcke uma "ofensa" e as classificou como "inaceitáveis". O ministro disse ainda que, se o secretário-geral da Fifa vier ao Brasil no próximo dia 12, como é esperado, não será recebido pelas autoridades do governo brasileiro.
O ministro lembrou ainda que em visita ao Brasil em janeiro, Valcke foi recebido por autoridades do governo e fez elogios ao andamento das obras de estádios e de mobilidade urbana para a Copa.
"Nós temos tido uma atitude cordial, respeitosa, cuidadosa para dar aos visitantes representando a Fifa um ambiente de bem-estar. Agora, não podemos receber de volta um comentário que é ofensivo até numa relação pessoal", disse o ministro. "Não tem cabimento."
PUERIL
Valcke, ao saber das declarações do ministro, afirmou que a reação da autoridade brasileira é "pueril."
"Por que ele não lida com essa questão?", afirmou ele quando informado dos comentários de Rebelo durante uma coletiva de imprensa na Inglaterra, onde participa do encontro anual de um conselho da Fifa.

"Um comentário dito que não está funcionando bem, eu por uma vez disse exatamente o que está acontecendo no Brasil. Se o resultado é que eles não querem conversar mais comigo, eu não sou a pessoa que eles querem trabalhar -isto é um pouco pueril", afirmou ele.

ATRASOS

Aldo rebateu ainda as críticas do secretário-geral da Fifa sobre atrasos nas obras de estádios e de mobilidade para o Mundial.

O ministro apresentou dados segundo os quais a maioria das arenas que receberão jogos da Copa está com obras mais adiantadas do que era esperado para este estágio da preparação e disse que das 51 obras de mobilidade urbana para o Mundial, 41 devem ficar prontas no ano que vem.

Sobre a Lei Geral da Copa, que tramita em comissão especial da Câmara dos Deputados e tem sido um dos principais alvos das críticas de Valcke à preparação do Brasil, Aldo disse que o governo tem se empenhado em sua aprovação.

O texto chegou a ser aprovado na comissão na última semana, mas um erro regimental invalidou a votação e os deputados devem voltar a analisar o texto na comissão na próxima terça-feira.

Após passar na omissão, a matéria terá de ser analisada pelo plenário da Câmara e receber o aval do Senado, antes de ir à sanção da presidente Dilma Rousseff.

Apesar do confronto público entre governo brasileiro e Fifa, o ministro afastou a possibilidade de o Brasil ficar sem o Mundial de 2014 e fez questão de lembrar que o país foi "escolhido" para sediar o evento.  
"A Copa do Mundo está sendo realizada no Brasil porque o Brasil foi escolhido. O Brasil não impôs", disse. "O Brasil está fazendo o que todos os países que fizeram Copa e Eurocopa fizeram", garantiu.

Em sua visita ao Brasil, marcada para o próximo dia 12, Valcke tem agendadas visitas a Recife, Brasília e Cuiabá. Na capital, o secretário-geral deve participar da reunião do conselho administrativo do Comitê Organizador Local da Copa, que tem entre seus membros os ex-atacantes da seleção Ronaldo e Bebeto e o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira.

Questionado se o governo brasileiro pretende propor um novo nome à Fifa para atuar como interlocutor da entidade junto ao país, o ministro disse que "não pode conjecturar" sobre a reação de Blatter à decisão do governo brasileiro de não aceitar mais Valcke como interlocutor.

(Edição de Fabio Couto) COPIADO : http://br.reuters.com/

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