Centeno: esclarecimentos pedidos por Bruxelas são "questões menores"
Ministro das Finanças diz que se trata de um "processo natural"
MIGUEL A. LOPES/LUSA
Ministro das Finanças diz que se trata de um "processo natural"
O
ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou hoje que a negociação com
a Comissão Europeia relativamente ao Orçamento do Estado para 2017
(OE2017) "é um processo natural", qualificando como "questões menores"
as que foram levantadas pela Comissão.
O
governante, que foi hoje ouvido no parlamento a propósito da proposta
de OE2017, foi interrogado pela deputada do CDS-PP Cecília Meireles
relativamente aos esclarecimentos hoje solicitados pela Comissão
Europeia, que identificou "riscos e discrepâncias" na proposta
orçamental que levantam dúvidas sobre o cumprimento das metas
orçamentais definidas.
"A negociação
que tem existido e que naturalmente continuará a existir de clarificação
com a Comissão Europeia é um processo natural no contexto da negociação
nas instâncias europeias. As questões de clarificação são questões
menores no processo orçamental e vão ser obviamente todas cabalmente
conseguidas", afirmou Mário Centeno na audição parlamentar.
Já
no final da audição, em declarações aos jornalistas, o ministro das
Finanças reiterou que está "confiante nas clarificações" que serão
prestadas a Bruxelas a propósito da proposta do OE2017 e disse que essas
serão "muito objetivas".
Mário Centeno
admitiu que a maior divergência entre o Governo e a Comissão Europeia
se prende com o ajustamento estrutural, referindo que esta diferença de
posições não é recente e que tem que ver "com a metodologia de cálculo"
do défice estrutural (que exclui os efeitos do ciclo económico e medidas
temporárias).
Mas, segundo o ministro, isso não porá em causa a aceitação da proposta orçamental do próximo ano por Bruxelas.
"A
maior divergência é provavelmente nessa dimensão, mas não é - nem na
opinião da Comissão Europeia nem na nossa opinião - uma divergência que
coloque em causa a aceitação do nosso plano orçamental nem o que é a
implementação desse plano", disse Mário Centeno.
Já
na conferência de imprensa de apresentação do Orçamento do Estado, a 14
de outubro, o ministro tinha-se referido às diferenças de opinião com
Bruxelas sobre o défice estrutural para afirmar que "o ajustamento
estrutural é algo que ninguém observa mas todos querem estimar" e que
"há um grande debate sobre observar variáveis que ninguém observa".
Na
proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo
compromete-se com um défice estrutural de 1,1% do Produto Interno Bruto
(PIB) em 2017, o que implica um ajustamento de mais de 1.100 milhões de
euros (0,6 pontos percentuais), cumprindo a recomendação de Bruxelas.
Numa
carta enviada hoje ao ministro das Finanças, Mário Centeno, e publicada
no sítio Internet da Comissão Europeia, os comissários do Euro, Valdis
Dombrovskis, e dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, pedem que as
informações solicitadas cheguem a Bruxelas até ao final de quinta-feira
para serem ainda tidas em conta na análise do executivo comunitário.
A
projeção preliminar da Comissão aponta para "uma ligeira melhoria do
saldo estrutural comparativamente a 2016, o que (a confirmar-se)
apontaria para um risco de sério desvio da melhoria recomendada de 0,6%
do PIB".
Também a Unidade Técnica de
Apoio Orçamental (UTAO) já tinha alertado na segunda-feira que, para que
o "saldo estrutural corresponda às recomendações do Conselho, as
medidas discricionárias de consolidação apresentadas no relatório da
proposta do OE2017 e no projeto de plano orçamental podem vir a ser
consideradas insuficientes" por Bruxelas.
Isto
porque, de acordo com as contas destes técnicos independentes, as
medidas incluídas na proposta de orçamento equivalem a 0,34% do PIB (645
milhões de euros) quando o ajustamento estrutural recomendado, de 0,6
pontos percentuais, tem subjacente a necessidade de medidas de
consolidação entre 0,9% e 1,1% do PIB (entre 1,7 e 2,1 mil milhões de
euros).
Já em fevereiro deste ano,
quando foi discutido o Orçamento do Estado para este ano, o Governo e a
Comissão Europeia apresentaram previsões divergentes para o défice
estrutural, esperando Bruxelas um ajustamento mais conservador do que o
prometido pelo executivo.
Na altura, a
Comissão Europeia estimou que "o ajustamento estrutural previsto pelas
autoridades portuguesas seja entre 0,1% e 0,2% do PIB" em 2016, ao passo
que o Ministério das Finanças anunciou uma redução do défice estrutural
de 0,3%, uma divergência que o executivo já então atribuiu ao facto de
os pressupostos de Bruxelas serem diferentes dos do Governo.
copiado http://www.dn.pt/portugal
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