EUA
Os comentários sexistas de Trump em 'O Aprendiz'
Investigação
revela comentários inapropriados do candidato presidencial a
ex-concorrentes e mulheres da equipa técnica d' "O Aprendiz", concurso
da NBC que Trump apresentou durante 11 anos
"Você
está despedido!" foi a icónica frase inúmeras vezes repetida por Donald
Trump aos aspirantes a empresários que, entre 2004 e 2015, passaram
pelo concurso de reality TV O Aprendiz. O que se desconhecia - e é agora revelado por uma investigação da Associated Press (AP)
- era a forma pouco dignificante como o agora candidato republicano às
presidenciais norte-americanas se referia a concorrentes e elementos da
produção do formato da NBC criado por Mark Burnett. O que tinham em
comum? Eram todas mulheres.
Nos bastidores d"O Aprendiz
(um êxito de audiências que, no início da década de 2000, catapultou
Trump de volta à ribalta, depois de uma década de 1990 desastrosa para
os seus negócios, com a falência de várias empresas), Donald Trump tinha
por hábito classificar as concorrentes segundo o tamanho dos seus
seios. Também costumava amiúde dizer com quais gostaria de fazer sexo.
A AP ouviu 20 pessoas ligadas ao reality show
(ex-concorrentes, elementos da equipa técnica, editores). Oito disseram
que o empresário de 70 anos assediou repetidamente uma operadora de
câmara, fazendo comentários sobre o seu rabo e comparando-o com o da
filha, Ivanka. Gene Folkes, participante da décima edição, recorda que o
anfitrião ordenou que as concorrentes teriam de usar vestidos mais
curtos e com decotes mais pronunciados.
Vários
entrevistados relatam um episódio em que o anfitrião do programa
obrigou Poppy Carlig a girar sobre si mesma para que pudesse avaliar-lhe
o corpo. Ouvida pela AP, a ex-concorrente afirma que encarou a situação
como uma "brincadeira divertida". "Ele disse que eu lhe fazia lembrar a
filha e achei isso comovente porque sei o quão ele dá valor à família",
relatou a concorrente da décima edição d"O Aprendiz.
Os
comentários de cariz sexual sobre as mulheres que passaram pelo
programa são também recordados por Randal Pinkett, vencedor da segunda
edição, em 2005. "Ele dizia-me "não a achas boa? Olha-me para aquilo!",
enquanto as olhava fixamente", relembra.
Êxito
total de audiências para a NBC nos primeiros anos (a primeira temporada
foi vista por uma média de 20,7 milhões de telespectadores), o sucesso
de O Aprendiz e do seu spin-off, Celebrity Apprentice,
foi decaindo ao longo dos anos até, em fevereiro de 2015, a final do
concurso ter registado uma audiência média de 6,1 milhões de
telespectadores. O que foi uma constante, ao longo de mais de uma
década, foram os comentários sexistas do homem que, atrás da secretária,
decidia qual dos aspirantes a empresários seria o seu próximo empregado
(o prémio final do concurso para anónimos era ser contratado por Trump,
tornando-se, assim, o seu aprendiz).
Um
elemento da equipa técnica, que preferiu manter-se no anonimato,
descreve um diálogo nos bastidores do programa entre Trump e o staff.
"Estávamos na sala de reuniões a tentar decidir quem iria executar uma
tarefa e ele parou de repente, apontou para alguém e disse "farias sexo
com ela, não farias? Eu faria. Vá lá, não farias?". Toda a gente tentou
fazer que ele parasse de falar enquanto a mulher em questão se encolhia
no lugar onde estava", relata a fonte citada pela AP.
Mas
nem todos os relatos são negativos. Jennie Finch, ex-atleta olímpica e
participante no programa, afirma que Trump era "elogioso mas não de
forma inapropriada". Quase metade das pessoas ouvidas pela AP não
quiseram ser identificadas com medo de represálias. A AP relata ainda
que nem a NBC nem Mark Burnett, criador do formato, quiseram prestar
declarações sobre esta investigação.
Hope
Hicks, o porta-voz da campanha de Trump, emitiu um comunicado sobre
esta investigação da AP: "Estas alegações bizarras e sem fundamento,
fabricadas por ex-funcionários desiludidos, oportunistas e sedentos de
atenção não merecem qualquer crédito."
O
historial de comentários sexistas e depreciativos sobre o sexo feminino
proferidos por Trump não são de agora. Desde apelidar a a atriz Rosie
O"Donnell de "porca gorda e nojenta" até insinuar que a jornalista da
Fox Megyn Kelly estava com o período quando o entrevistou, ou chamar
"Miss Piggy" à antiga Miss Universo Alicia Machado, o candidato
republicano às presidenciais nunca fez um pedido de desculpas públicas
sobre estas afirmações.
copiado http://www.dn.pt/media/interior
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