Defesa
Governo desdramatiza passagem de frota russa ao largo da costa portuguesa
"Poderá tratar-se, e espero que não seja mais do que isso, de uma forma de demonstração naval", frisou ministro da Defesa
O
ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, desdramatizou hoje a passagem
pela zona económica exclusiva portuguesa de uma força naval russa, que
inclui um porta-aviões que poderá "participar nas operações aéreas" na
Síria.
"Não tenho e ninguém tem, tanto
quanto sei, qualquer elemento que lhe permita dizer que é uma situação
de gravidade particular. Poderá tratar-se, e espero que não seja mais do
que isso, de uma forma de demonstração naval como tantas que conhecemos
no passado", disse o ministro sobre a passagem dos navios russos dentro
da zona de 200 milhas náuticas ao largo da costa portuguesa.
O
governante, que falava aos jornalistas em Elvas, no distrito de
Portalegre, à margem das comemorações do Dia do Exército, acrescentou
ainda que este tipo de situações, quando ocorrem de forma "não
prevista", provoca "especulação" e suscita questões que devem ser
seguidas com a "máxima atenção".
"Qualquer
que seja o país envolvido e por definição tratando-se de um país com a
responsabilidade da Rússia, que haja a perceção clara de que a presença
de forças navais de forma não prevista ou não habitual, como aquilo que
estamos agora a assistir, é algo que inevitavelmente suscita
especulação, suscita perguntas e deve ser olhada com a máxima atenção",
declarou.
O secretário-geral da NATO,
Jens Stoltenberg, disse na quinta-feira estar preocupado com a
progressão em direção ao Mediterrâneo da força naval russa que inclui um
porta-aviões que poderá "participar nas operações aéreas" na Síria.
"A
Rússia tem o direito de operar em águas internacionais", disse
Stoltenberg, mas o que preocupa a Aliança Atlântica "é que esta escolta
naval russa possa ser utilizada para participar nas operações sobre a
Síria".
Afirmou ainda que navios da
NATO vigiam o grupo aeronaval na aproximação ao seu destino. "Vão
fazê-lo de forma responsável e proporcionada", sublinhou.
A
marinha russa anunciou que o seu porta-aviões "Almirante Kuznetsov",
habitualmente fundeado em Severomorsk, no mar de Barents, se dirigia
para a Síria, transportando diversos helicópteros de combate para
reforçar a presença militar russa nessa zona.
Esta
movimentação militar russa ocorre algumas semanas após o anúncio pelo
ministro russo da Defesa, Sergueï Choïgu, de que o porta-aviões russo da
frota do norte seria enviado para o Mediterrâneo oriental para reforçar
forças navais russas na zona, que possuem uma base em Tartus, na Síria.
O
regime sírio é apoiado pela Rússia na ofensiva aérea desencadeada em
setembro contra os bairros rebeldes da zona leste de Alepo, a segunda
maior cidade da Síria, desde hoje abrangida por uma "pausa humanitária"
prolongada até sábado.
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