Eleição da Câmara: barraco armado na base de Temer
"A derrota e a humilhação do baixo clero deixarão um saldo de ressentimentos que pode minar a 'superbase' de Temer e abalar a autoconfiança do ministro Padilha, que continua garantindo a aprovação da reforma previdenciária ainda no primeiro semestre. 'Temos 88% dos votos'. Vamos ver depois da refrega", afirma a colunista do 247 Tereza Cruvinel sobre a fragmentação da base de Michel Temer na Câmara com as candidaturas de Jovair Arantes (PTB), Rogério Rosso (PSD) e Júlio Delgado (PSB); "Jovair sabe que vai perder mas está pagando para ver até onde Temer e sua turma serão ingratos. Ele foi o relator do impeachment na Câmara", lembra; "Então veremos agora se a “superbase” de Temer resistirá ao primeiro arranca-rabo e se o governo continuará dispondo de um rolo compressor para aprovar sua agenda neoliberal com a mesma facilidade com que aprovou a PEC 51"Eleição da Câmara: barraco armado na base de Temer
Já a oposição vai trilhar dois caminhos. No Senado, a candidatura oposicionista do senador Roberto Requião não prosperou. Rachado, o PT deve ficar com um lugar na Mesa graças aos votos de alguns senadores no peemedebista Eunício. Ali também restarão feridas. Na Câmara, a pressão da militância forçou o apoio ao pedetista André Figueiredo, facilitando, de quebra, a formação de um bloco entre PT, PDT e Rede. Um passo para rumo à frente que a esquerda, apesar do tratoraço dos golpistas, não consegue viabilizar.
Até aqui Temer manteve unida a base que lhe garantiu a cadeira e a caneta graças a uma distribuição generosa de prendas fisiológicas. Mas agora, o que está em disputa é poder de fato, é o segundo posto na linha sucessória da Presidência, é a prerrogativa de pautar ou tirar matérias de pauta. E já vimos, pelo que vazou da delação de Claudio Mello Filho/Odebrecht, o valor$ que isso tem. No dia 28, Temer prometeu a Jovair que o PMDB não iria declarar apoio a Maia. Promessa para boi dormir. Foi ele, Temer, que em dezembro reuniu PMDB, PSDB e DEM para acertarem a reeleição de Rodrigo Maia.
O deputado Carlos Marun, amigo de Eduardo Cunha (a quem visitou em Curitiba com recursos públicos), recentemente foi a Temer propor que ele tentasse um acordo entre Jovair e Maia para evitar a disputa. Temer desconversou. Pareceria interferência etc. e tal. Marum é pessimista. “Vamos ter que adotar um processo de contenção de danos depois das eleições. Quem perder vai ficar com mágoa do governo”. Cunha, na prisão, regurgita com a hipótese de vitória do “traidor” Rodrigo Maia. Quando ele fizer sua delação, tudo isso vai contar.
Jovair sabe que vai perder mas está pagando para ver até onde Temer e sua turma serão ingratos. Ele foi o relator do impeachment na Câmara. Seu partido tem sido cordeirinho nas votações. Até Roberto Jefferson, que produziu o mensalão com o fel de seu ressentimento, já avisou: uma coisa é perder no jogo limpo, outra é perder com o Palácio manobrando para te derrotar.
O sururu na base da Câmara aumentou com o lançamento da candidatura de Julio Delgado, do PSB, e pode se agravar se Rogério Rosso, que suspendeu sua candidatura após sofrer muita pressão palaciana e perder o apoio de seu PSD, decidir hoje reapresentar sua candidatura. Colherá uns votos minguados mas terá pretexto para sair magoado. Ele foi presidente da comissão especial do impeachment. Então veremos agora se a “superbase” de Temer resistirá ao primeiro arranca-rabo e se o governo continuará dispondo de um rolo compressor para aprovar sua agenda neoliberal com a mesma facilidade com que aprovou a PEC 51. Hoje mesmo o governo anuncia um corte de R$ 4,7 bilhões no orçamento para adequá-lo ao teto dos gastos. As emendas parlamentares não-impositivas entram na dança. Isso também não será bem digerido pela base.
Na oposição, o PC do B não entrará no bloco PT-PDT-Rede para apoiar André Figueiredo. A maioria da bancada apega-se ao discurso de que ficar fora da Mesa será aceitar o isolamento da oposição e reduzir seu espaço de luta. Votará em Maia. Com o bloco, o PT contenta a militância e ainda pode fisgar um lugar na Mesa sem ter votado em Maia. Menos mal.
Mas hoje o jogo é no Senado, com tudo bem combinado. Eunício é candidato único a presidente, os cargos foram loteados, Renan Calheiros será líder do PMDB, e segue o baile, embora muitos deles estejam na delação da Odebrecht, cujo teor continua sonegado aos brasileiros.
copiado http://www.brasil247.com/pt/247
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