Operação Lava Jato Andrade Gutierrez também tinha um departamento de propina, diz delação
Andrade Gutierrez também tinha departamento de propina, diz delação
Ex-executivos da empreiteira Andrade Gutierrez relataram, em delação
premiada à Operação Lava Jato, que a empresa mantinha uma espécie de
"tesouraria interna" dedicada ao pagamentos de propina e caixa dois para
agentes públicos.
A Folha apurou que funcionários da empresa apontaram a existência do esquema à força-tarefa do Rio e Curitiba em depoimentos recentes.
Segundo um ex-executivo do grupo mineiro que passou a colaborar com a Justiça, a "tesouraria" contava com dinheiro em espécie que era operado pelo doleiro Adir Assad, preso desde agosto do ano passado.
A maior parte do dinheiro foi gerada, segundo os relatos às autoridades, por meio de contratos fictícios estabelecidos entre a Andrade Gutierrez e empresas de fachada de Assad.
Não é a primeira vez que uma empreiteira investigada na Lava Jato revela
ter um esquema profissional de pagamento de propina e caixa dois dentro
da empresa.
O setor de operações estruturadas da Odebrecht, área dedicada ao pagamento de recursos ilícitos do grupo baiano, foi descoberto por investigadores e, posteriormente, seu funcionamento foi detalhado na delação premiada assinada pela empresa em dezembro do ano passado.
A Odebrecht pagou R$ 2,6 bilhões em suborno no Brasil e em 12 países.
Um funcionário da Andrade era o responsável por cuidar dessa área. No relato aos procuradores, o ex-executivo do grupo disse que os diretores da Andrade negociavam a propina só depois de entrar em contato com a tesouraria para solicitar o dinheiro ilícito que seria repassado para agentes públicos.
Investigações do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro mostraram que empresas usaram recibos falsos para abastecer o caixa dois da Andrade Gutierrez com mais de R$ 176 milhões.
Segundo envolvidos nas investigações, ao menos esse montante circulou em dinheiro vivo na tesouraria.
Entre as obras que receberam pagamento de propina do departamento estão o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), a Ferrovia Norte-Sul e estádios da Copa do Mundo, temas já delatados por executivos e ex-executivos da Andrade, em acordo fechado em 2015.
A Folha apurou também que funcionários da Andrade vão relatar em uma espécie de segunda chamada da delação premiada, chamada pelos procuradores de "recall", que esse mesmo caixa foi usado para pagar propina em obras do Estado de São Paulo, como o Rodoanel e linhas do Metrô.
MINAS E SÃO PAULO
Como a Folha publicou, após a delação da Odebrecht, a Andrade Gutierrez, que firmou acordo de leniência em 2016 e de delação premiada em 2015, foi convocada a fazer a complementação de seus depoimentos sobre fatos que ainda não havia narrados anteriormente.
Entre eles estão obras do Estado de São Paulo, a Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, projetos do setor elétrico, entre outros empreendimentos.
De acordo com integrantes da Procuradoria-Geral da República e da força-tarefa, ainda não foi definido se a multa de R$ 1 bilhão cobrada da empresa será aumentada após esse "recall".
Na última segunda (30), a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Depoimentos prestados por delatores da empreiteira baiana arrastaram para o centro da Lava Jato sócios de empresas concorrentes, ampliando o interesse dos investigadores sobre a cúpula dessas companhias.
OUTRO LADO
Procurada, a Andrade Gutierrez disse, por meio de sua assessoria, que não iria se manifestar sobre a delação de ex-executivos que relataram a existência de uma "tesouraria interna" na empresa.
O advogado do doleiro Adir Assad, Miguel Pereira Neto, disse que a informação de que seu cliente abastecia o caixa dois da Andrade Gutierrez "já foi exposta na ação penal em trâmite na Justiça Federal do Rio de Janeiro, inexistindo fato novo".
Afirmou ainda que "o processo está em andamento e as questões serão dirimidas durante a instrução".
O nome de Assad também aparece nas investigações da Operação Calicute, que resultou na prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
De acordo com os investigadores, suposta propina paga por empreiteiras no Estado era repassada de diferentes formas. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria de Assad.
A Folha apurou que funcionários da empresa apontaram a existência do esquema à força-tarefa do Rio e Curitiba em depoimentos recentes.
Segundo um ex-executivo do grupo mineiro que passou a colaborar com a Justiça, a "tesouraria" contava com dinheiro em espécie que era operado pelo doleiro Adir Assad, preso desde agosto do ano passado.
A maior parte do dinheiro foi gerada, segundo os relatos às autoridades, por meio de contratos fictícios estabelecidos entre a Andrade Gutierrez e empresas de fachada de Assad.
Washington Alves - 19.jun.2015/Reuters | ||
Carro da Polícia Federal em frente à sede da Andrade Gutierrez, em Minas, em 2015 |
O setor de operações estruturadas da Odebrecht, área dedicada ao pagamento de recursos ilícitos do grupo baiano, foi descoberto por investigadores e, posteriormente, seu funcionamento foi detalhado na delação premiada assinada pela empresa em dezembro do ano passado.
A Odebrecht pagou R$ 2,6 bilhões em suborno no Brasil e em 12 países.
Um funcionário da Andrade era o responsável por cuidar dessa área. No relato aos procuradores, o ex-executivo do grupo disse que os diretores da Andrade negociavam a propina só depois de entrar em contato com a tesouraria para solicitar o dinheiro ilícito que seria repassado para agentes públicos.
Investigações do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro mostraram que empresas usaram recibos falsos para abastecer o caixa dois da Andrade Gutierrez com mais de R$ 176 milhões.
Segundo envolvidos nas investigações, ao menos esse montante circulou em dinheiro vivo na tesouraria.
Entre as obras que receberam pagamento de propina do departamento estão o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), a Ferrovia Norte-Sul e estádios da Copa do Mundo, temas já delatados por executivos e ex-executivos da Andrade, em acordo fechado em 2015.
A Folha apurou também que funcionários da Andrade vão relatar em uma espécie de segunda chamada da delação premiada, chamada pelos procuradores de "recall", que esse mesmo caixa foi usado para pagar propina em obras do Estado de São Paulo, como o Rodoanel e linhas do Metrô.
MINAS E SÃO PAULO
Como a Folha publicou, após a delação da Odebrecht, a Andrade Gutierrez, que firmou acordo de leniência em 2016 e de delação premiada em 2015, foi convocada a fazer a complementação de seus depoimentos sobre fatos que ainda não havia narrados anteriormente.
Entre eles estão obras do Estado de São Paulo, a Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, projetos do setor elétrico, entre outros empreendimentos.
De acordo com integrantes da Procuradoria-Geral da República e da força-tarefa, ainda não foi definido se a multa de R$ 1 bilhão cobrada da empresa será aumentada após esse "recall".
Na última segunda (30), a ministra Cármen Lúcia, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), homologou as delações de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht.
Depoimentos prestados por delatores da empreiteira baiana arrastaram para o centro da Lava Jato sócios de empresas concorrentes, ampliando o interesse dos investigadores sobre a cúpula dessas companhias.
Procurada, a Andrade Gutierrez disse, por meio de sua assessoria, que não iria se manifestar sobre a delação de ex-executivos que relataram a existência de uma "tesouraria interna" na empresa.
O advogado do doleiro Adir Assad, Miguel Pereira Neto, disse que a informação de que seu cliente abastecia o caixa dois da Andrade Gutierrez "já foi exposta na ação penal em trâmite na Justiça Federal do Rio de Janeiro, inexistindo fato novo".
Afirmou ainda que "o processo está em andamento e as questões serão dirimidas durante a instrução".
O nome de Assad também aparece nas investigações da Operação Calicute, que resultou na prisão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
De acordo com os investigadores, suposta propina paga por empreiteiras no Estado era repassada de diferentes formas. Parte vinha de contratos fictícios de consultoria de Assad.
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