Sua Excelência, a prisão
O cartunista Renato Aroeira é um gênio que reduz a um desenho o retrato do que se passa no Brasil. Muito se falou, com razão, do que significa de blindagem a Temer e de...
O cartunista Renato Aroeira é um gênio que reduz a um desenho o retrato do que se passa no Brasil.
Muito se falou, com razão, do que significa de blindagem a Temer e de seletivização da Lava Jato a ida de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal.
Mas Aroeira conseguiu reproduzir o que ela representa para a noção de Justiça que se está construindo – eu sou um esperançoso por não achar já construída – em nosso País.
Não é apenas a ideia fixa de prender, prender, prender.
É tornar nosso próprio pensamento um prisioneiro.
Rancoroso, violento, pronto a chacinar, decapitar, carbonizar qualquer ideia que não seja da nossa “facção”.
Aliás, em algo pior que um prisioneiro.
Porque nem mesmo quer se libertar, não sabe mais viver fora das grades e muros.
O Panopticon, prisão “perfeita” do jurista inglês Jeremy Bentham, onde um único vigilante observaria todos os prisioneiros, sem que eles soubessem se estão ou não sendo observados, os adaptaria a seguir o que seu vigilante desejaria como comportamento adequado, foi a base para Michel Focault desenvolver o seu “vigiar e punir” e, depois, para o filósofo Gilles Deleuze dizer que a vida era passar de uma prisão a outra, cada uma com suas regras: a família, depois a escola, depois a fábrica, “de vez em quando o hospital, eventualmente a prisão, que é o meio de confinamento por excelência”.
Confinamento por Sua Excelência talvez seja um trocadilho apropriado ao momento.
O Espírito Santo arde e Moraes cabala votos
Há cinco dias, Alexandre de Moraes foi nomeado, além da Justiça, Ministro da Segurança Pública. Há três, foi indicado para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal. Há cinco dias, a grande Vitória está sem policiamento,...
Há cinco dias, Alexandre de Moraes foi nomeado, além da Justiça, Ministro da Segurança Pública.
Há três, foi indicado para uma cadeira no Supremo Tribunal Federal.
Há cinco dias, a grande Vitória está sem policiamento, um caos e um morticínio.
Em cinco dias, 100 mortos, mais pessoas do que morriam, por mês, no ano passado e no estado do Espírito Santo inteiro, do qual a região da capital representa uns 30% da população.
O movimento grevista dos policiais não recuou e, hoje, ganhou a adesão da Polícia Civil.
O Ministro da Segurança Pública mandou 200 soldados da Força Nacional para lá, e só.
O Exército, que virou pau pra toda obra armada no governo Temer, é quem ainda segura, um pouco, a rebordosa.
Hoje, sua agenda se resume a duas prosaicas reuniões – nenhuma sobre o tema.
Teve tempo para ficar de de rapapés com os senadores, para que andem logo com a homologação de seu nome.
De manhã, foi se encontrar com Eunício de Oliveira, o “Índio” da Odebrecht, tratar do “vamos logo com isso, para eu estancar aquela…”
O Espírito Santo era apontado como um “exemplo” de contas públicas, perto de seus vizinhos gastadores, o Rio e Minas.
Vê-se pelos PMs como…
E i pior é que a falta de diálogo, antes da greve, e de uma ação fulminante, depois de deflagrada, duas coisas que poderiam ter desmontado o impasse, chegou-se a uma situação em que, cedendo, será um balde de gasolina nas corporações policiais nos dois vizinhos.
No Rio, como dizia aquele locutor esportivo do passado, falta “pouco, muito pouco, pouco mesmo” para…nem é bom pensar.
E o Ministro da Segurança Pública -este primor de homem rígido, intransigente, intolerante com o crime -está…cabalando votos para ser ministro e nem mesmo a licença que disse ontem que iria tomar o fez. copiado http://www.tijolaco.com.br/blog/sua-excelencia-prisao/
Nenhum comentário:
Postar um comentário