A direita desligou o transponder O que falta não é um nome, é um acordo

carrasco



A direita desligou o transponder

aroeiraiceAcidentes de avião só muito raramente acontecem por causa de um só fator, imprevisível.
Quase sempre, há uma sucessão de falhas, ignoradas ou erroneamente interpretadas.
Os desastres políticos também são assim.
Talvez, se logo nos primeiros meses de seu governo, Dilma Roussef não tivesse querido aproveitar o vento de cauda da mídia na “era da faxina” – e rompido com isso o clima de boa convivência que Lula, a duras penas, tinha alcançado com a tal “classe política” – não tivesse se espatifado ao tentar, em meio à turbulência da crise econômica, desviar das armadilhas do ex-montanha Eduardo Cunha. Ou até mesmo antes, quando embarcou um sabotador na sua cabine de comando.
Coisas fáceis de ver, hoje, porém, eram insuspeitas na ocasião, porque a política é uma névoa densa, onde não se pode navegar  apenas com a bússola da ideologia ou o piloto automático de programas  de governo, embora de ambos não se deva descuidar hora alguma.
Da mesma forma, parece que o Governo Temer seguirá desconheceu os alertas que soavam continuamente em sua cabine de comando – de resto, mais parecida com um banco dos réus – e ele entregou-se a liberdades negociatais  próprias do que nunca deixou de ser, um parlamentar politiqueiro, à cata de vantagens pessoais políticas e pecuniárias.
Convenhamos, no furacão da Lava Jato e  com os “avisos prévios” da gravação de Sérgio Machado e da delação da Odebrecht, realizar uma reunião clandestina  na garagem do Palácio do Jaburu com um personagem perigoso do tipo de Joesley Batista (este, então, com outro alarme, o “Carne Fraca”, a soar estridente) é coisa de aviador de tecto-teco, não de quem está com o manche de um Jumbo nas mãos.
É nitidamente de quem não tem, nem mesmo para o mal, o tamanho de governante, mas apenas de usufrutuário da política. Temer não é um predador, é um roedor e roedores caem em ratoeiras com muito mais facilidade do que leões em armadilhas.
Não há, porém, desorientação mais grave e perigosa que a da elite econômica brasileira. Com a perda de altitude provocada pela retração e pela crise, não se contentou em voar mais baixo, procurando sustentação que compensasse a perda de velocidade. Ao contrário, numa embriaguez que só os 14 anos de jejum do poder absoluto que tinham sobre os governos, resolveram que era “agora ou nunca” e apontaram o nariz para alturas que nunca puderam atingir desde que, nos anos 30 e 40, os direitos sociais do povo brasileiro não lhes permitiam chegar.
Contavam que era possível, por terem reduzido o lastro encarregando os comissários da Lava Jato de jogarem fora o PT, o governo Dilma, esquecidos que  o processo de “pega eles” que detonaram poderia chegar nos seus santos de altar. Quando apontar o dedo vira chave de cadeia, o país fica na mão dos tipos mais variados, desde os milionários Joesleys  até “bosticas” feito Rocha Loures e José Yunes. Ou, ainda de um, ao que parece, desestruturado Aécio Neves, à beira de um ataque de nervos, encerrado numa autoprisão domiciliar.
Mas como esta elite desligou o transponder e também nem quer ouvir os bips de alerta, segue no mesmo rumo desastroso, a caminho de provocar um motim na cabine de passageiros, acreditando que um rato assustado no comendo da aeronave – ou um patusco Maia em seu lugar – que teimam em não desviar da tempestade é possível chegar lá, mesmo com a fuselagem do avião visivelmente em colapso.
Tanto que, adiante, talvez só lhes reste a Bolsonaroair para seguir viagem.




carrasco

O que falta não é um nome, é um acordo

Dúzias de comentaristas dizem que Michel Temer só cairá quando houver um nome para substituí-lo.
Discordo em parte disso, e a dinâmica furiosa da dupla Janot/Fachin pode levar, a qualquer momento, a situações de ruptura inevitável: Rocha Loures delatando,  “reserva técnica” de gravações, documentos incontestáveis e, apesar da carícia de Sérgio Moro com a absolvição de sua mulher, Eduardo Cunha, a mãe de todas as bombas.
Aliás, quem se lembra que há uma Érica ai, deixada à beira do caminho?
O que falta, mesmo, é um acordo para permitir que haja um rei posto no lugar do rei morto.
Para este acordo, é preciso resolver um leque de questões: o que fazer com a investigação sobre o “cadáver”, o que fazer para não levar junto com o morto a tucanagem que a ele grudou, deixando que só Aécio desça à cova política; o que fazer com as reformas, que a “turma da bufunfa” entende que saem mais fácil com um governo fraco; o que fazer para tirar Lula do páreo pela via judicial ao mesmo tempo que a outros preserva e, ainda, o que fazer para que Bolsonaro não “cate” a decepção de toda a direita moralista, porque ele “marinou” e ficou de fora do imbroglio.
Quem se der ao trabalho de olhar, na página do ex-capitão no Facedbook, a manifestação fascistóide ontem em Londrina, Paraná, verá que Bolsonaro não é uma brincadeira irrelevante.
Ah, sim, falta também chegar a um acordo sobre o que fazer com o Ministério Público, mas para isso há um caminho aberto, com a escolha do novo procurador-geral, que terá de ser aprovado pelo Senado.
Estes são os acordos que falta fazer e, feitos, surgirá o nome.
Mas ainda estão longe, muito longe de serem conseguidos e só o serão quando todos entenderem que não têm outra saida senão ceder.
copiado http://www.tijolaco.com.br/blog/

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