ECONOMIA
Meirelles descarta chance de retomada da política econômica de Dilma
O Ministro da Fazenda, Ricardo Meirelles, descartou a chance de volta à Nova Matriz Econômica, como ficou conhecida a política adotada pelos governos do PT
Meirelles afirmou não trabalhar com hipótese de mudança na presidência da República
Foto: Agência Brasil
Agência Estado
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, manteve nesta terça-feira, 30, o discurso de que a sua hipótese de trabalho é a de que não haverá mudança no comando da Presidência da República, mesmo diante da crise política que se agravou a partir da revelação da gravação feita pelo empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, de conversas que teve com o presidente Temer. Meirelles foi bastante pressionado pelos jornalistas quanto à possibilidade sobre a questão de seu nome ser um dos cogitados para assumir a Presidência da República no caso de uma eventual saída do presidente Temer do comando da Presidência, mas não titubeou.
"Não trabalho com hipóteses. A minha hipótese de trabalho é que não vai haver mudança no comando da Presidência", reiterou Meirelles, que participou nesta terça do Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo.
Leia Também
Dados econômicos
O ministro embasou o seu discurso o tempo todo sobre dados positivos da economia e previsões de que o crescimento obtido no primeiro trimestre será mantido ao longo do segundo trimestre. Disse que continuará a fazer o seu trabalho e ressaltou que a agenda econômica já tem apresentado bons resultados. Citou o aumento do poder de compra do consumidor em decorrência da queda da inflação e afirmou que a menor propagação da inflação pela economia significará juros estruturais mais baixos.
"É importante o País sair da crise e crescer mais. Portanto existe um conjunto amplo de medidas e reformas que estão em andamento e teve hoje uma demonstração muito importante. O presidente do Senado e da Câmara terem expressado o seu engajamento, seu compromisso de seguir com a aprovação das reformas", disse, acrescentando que com isso o Brasil dá uma mostra de maturidade.
Segundo Meirelles, há uma consciência nacional de que se deve fazer as reformas para o País voltar a crescer. "O Brasil está fazendo as reformas à tempo e à hora", disse o ministro. De acordo com ele, o País já oferece oportunidades concretas de investimento e que o momento de investir no Brasil é agora. "O Brasil tem consolidada hoje a estrutura para crescer independentemente da política", disse.
'Faço meu trabalho e as agências de classificação fazem o delas'
Isso foi o que o Ministro respondeu ao ser questionado nesta terça-feira, 30, sobre o que pensa em relação aos alertas recentes de agências de classificação de risco em relação à nota brasileira. Nos últimos dias, a Moody's alterou a perspectiva do rating Ba2 do Brasil de estável para negativa e a Standard & Poor's colocou o rating BB em revisão para possível rebaixamento.
Segundo o ministro, se for dada continuidade à agenda econômica, haverá retomada da economia e o rating irá melhorar gradualmente "Com a retomada, acho que o rating das agências vai gradualmente refletir isso", disse Meirelles.
Para o ministro, a Moody's e a S&P fizeram o alerta de que estão observando a situação, "como devem".
Meirelles afirmou que, observando a economia do ponto de vista do mercado, há incertezas sim. "Mas do lado do mercado, a volatilidade dos juros e do câmbio não foi tão forte assim", ponderou. "Se formos ver o risco País medido pelo CDS vamos ver que estava acima de 500 pontos e está em 240", disse.
Diferença de 1 ano
O ministro da Fazenda ressaltou os avanços da economia a despeito das incertezas no campo político. Durante entrevista após ter feito palestra no Fórum Investimentos Brasil 2017, ele destacou a diferença entre este ano e o ano passado, quando a economia se encontrava no fundo do poço.
"Que diferença faz um ano? No ano passado, nós estávamos realmente no fundo do poço. A crise no seu pior momento, desemprego aumentando, sem perspectiva e etc. E hoje o País está crescendo, está criando emprego e vai melhorar durante o decorrer do ano. Portanto, eu acho que o País tem condições de passar normalmente pelo processo político", disse o ministro.
Segundo Meirelles, na medida em que os fundamentos da economia estão sólidos, a trajetória de gastos públicos, que sempre foi uma fonte de instabilidade, passará a ser controlada. "Nós temos já uma série de medidas aprovadas nessa direção. Então hoje a economia, já crescendo, criando empregos, temos portanto uma resistência muito maior", afirmou. Meirelles citou as reservas internacionais, em mais de US$ 370 bilhões de dólares.
Para ele, hoje o País já está em condições de prosseguir normalmente e passando pelas questões políticas que vão sendo decididas normalmente sem que qualquer incerteza gere crise econômica.
Nova Matriz Econômica
O ministro da Fazenda descartou a chance de volta à Nova Matriz Econômica, como ficou conhecida a política adotada pelos governos do PT, num possível cenário de saída do presidente Michel Temer do cargo. "Nós vão vemos hoje no País condições ou pessoas que tenham de fato potencial de assumir o País num futuro próximo que estejam propondo uma reversão dessas políticas", disse, referindo-se às atuais. "Eu não vejo aqui uma iminência de que, de repente, nós vamos voltar à Nova Matriz Econômica, que trouxe o Brasil a essa crise", continuou.
Ele afirmou que seria preciso deixar as questões políticas e econômicas cada uma no seu devido lugar porque a economia está crescendo, apesar das turbulências políticas. "Vamos deixar as coisas cada uma no seu devido lugar. A economia está crescendo, vai continuar a crescer, o País está fazendo as reformas fundamentais", declarou. Meirelles acrescentou que não vê atualmente "clima para voltar atrás".
O ministro reforçou que, na sua hipótese de trabalho, acredita que haverá continuidade do governo Temer e que eleições diretas não representam um "cenário plausível". Perguntado se estaria disposto a concorrer ao cargo de presidente em uma eleição indireta, Meirelles reafirmou que não trabalha com hipóteses e que não perde tempo com isso. O ministro repetiu que é "candidato a fazer o País voltar a crescer neste governo".
Ele disse ainda que o risco de o cenário político interferir no andamento da agenda econômica "sempre existiu" e lembrou a situação da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos no ano passado. Para ele, o que ocorre hoje é uma "reprise" do que aconteceu durante o debate da medida que limita os gastos públicos.
copiado https://noticias.uol.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário