O “mercado” dá adeus a Michel Temer
Não se sabe ainda o que vem no final de semana, embora sejam grandes as possibilidades de surgirem novos escândalos, como este das apreensões no apartamento de Aécio Neves, já na happy-hour da sexta-feira.
Mas não é difícil ver que nada de bom virá para aliviar o cerco a Michel Temer.
Ficou claro que ele permaneceu esta semana no Governo pela necessidade de buscar o impossível: alguém que, numa eleição indireta, pudesse seguir a impor as reformas no parlamento.
Houve farto delírio: Henrique Meirelles, Tasso Jereissati, até Rodrigo Maia que, se tem os meios, também tem seus pais a marcá-lo na paleta: Temer, Moreira e César Maia.
Talvez tenha sobrado algo da carga daquele helicóptero do senador Zezé Perrela, porque os jornais se ocupam até da candidatura de Modesto Carvalhosa à presidência indireta, o que, com todo respeito ao velho jurista, reduziria seu nome a Carvalhosa, porque o Modesto passaria a ser uma impropriedade vocativa.
Temer sobreviveu com base na frase de FHC, nada lisonjeira: “é o que temos”.
Mas não se tem mais. O “mercado” – o de verdade, não os 80% de imbecis de “mesa de operações”- sabe que ele está morto e já não tem dúvidas – apesar das declarações públicas em contrário – de que não há base política para aprovar nem a reforma trabalhista nem a previdenciária.
Com isso, desparece o último tubo de suporte á vida – ou sobrevida – do Governo Temer.
Temer escolheu jogar o jogo fora de seu campo, o da cooptação e do conchavo no meio-campo, e partir para o enfrentamento dentro da grande área. Só que toda a sua zaga tem cartão amarelo e a defesa é uma peneira.
O STF não poderá passar mais uma semana omisso, porque será deixar a palavra única para o TSE.
Eu diria – e não sou o único – que Temer entra em sua última semana.
Papel com “CX2” na casa de Aécio é nada perto de Norbert Muller
A divulgação do rol de objetos e documentos apreendidos no apartamento de Aécio Neves, na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, no Rio, consta o encontro de “diversos documentos acondicionados em saco plástico transparente, dentre eles um papel azul com senhas, diversos comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição ‘cx 2’ ”
Pode ser muito, pode ser nada além do que já é sabido.
Mas há outros papéis que vão abalar ainda mais os já combalidos nervos do senador mineiro defenestrado do comando do PSDB, como está no pé da matéria do Estadão:
O relatório do material apreendido no gabinete do senador inclui ainda “folhas impressas no idioma aparentemente alemão, relative a Nobert Muller”. Norbert Muller e a esposa Christine Puchmann são doleiros que já foram investigados na Justiça Federal do Rio de Janeiro, na Operação Norbert. O casal, segundo as investigações no Rio de Janeiro, seria responsável por criar e manter contas bancárias em Liechtenstein, paraíso fiscal na Europa. Na investigação havia uma referência a Inês Maria Neves Faria, mãe do senador Aécio Neves. Os doleiros foram denunciados mas o inquérito foi arquivado.
O senador cassado Delcídio do Amaral, quando fez acordo de colaboração premiada, relatou ter ouvido de José Janene — ex-líder do PP, morto em 2010 — que Aécio Neves era beneficiário “de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em Liechtenstein; que o declarante não sabe precisar, mas ao que parece, a fundação estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves”.
O senador cassado Delcídio do Amaral, quando fez acordo de colaboração premiada, relatou ter ouvido de José Janene — ex-líder do PP, morto em 2010 — que Aécio Neves era beneficiário “de uma fundação sediada em um paraíso fiscal, da qual ele seria dono ou controlador de fato; que essa fundação seria sediada em Liechtenstein; que o declarante não sabe precisar, mas ao que parece, a fundação estaria em nome da mãe ou do próprio Aécio Neves”.
A história desta conta foi descrita, há mais de um ano, pela insuspeita revista Época.
De resto, há material para todos os gostos: planilha de indicações de cargos federais, anotações sobre a Odebrecht, menções a Marcelo Navarro Dantas, ministro do STF e até um bloqueador de sinal de telefone celular, destes que se usam em penitenciárias.
É o primeiro caso de ironia eletrônica de que se tem notícia, que acerta em cheio aquele que mais insuflou a mistura de política com polícia.
PS. Não se sabe se os jornais ou a PF “aliviaram” a presença de objetos estranhos à investigação. Claro que com Lula não “aliviaram” nem a camiseta do Corinthians.
copiado http://www.tijolaco.com.br/blog
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