O jornalista norte-americano Michael Grunwald publicou recentemente um livro bastante interessante, com o título The New New Deal (“o novo New Deal”, uma alusão ao programa de Franklin Roosevelt para combater a Grande Depressão nos Estados Unidos, em 1929), que analisa o plano, do governo Barack Obama, de estímulos de 800 bilhões de dólares, entre investimentos e cortes tributários, para enfrentar a crise de 2008, que levou não só os Estados Unidos à maior crise econômica da era moderna, mas de roldão as maiores nações do mundo, entre elas, o Brasil.
Segundo a revista Time, o governo Obama injetou o total de US$ 10 trilhões de dólares, para salvar bancos e empresas, no auge da crise.
Enquanto Washington optava pelos estímulos, a Europa, sob a batuta de Angela Merkel, aplicava políticas de austeridade, com subtração de direitos dos trabalhadores e sacrifício do estado de bem estar social.
Aqui, em 2007, entre outras medidas para enfrentar a crise, o ex-presidente Lula criou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para estimular os investimentos em infraestrutura de desenvolvimento, abandonada há mais de duas décadas, e a ex-presidente Dilma, o Plano Brasil Maior, um programa de desoneração tributária para os setores mais atingidos pelos efeitos da crise de 2008, a fim de proteger a economia, os empregos e o mercado de consumo interno.
Em 2016, o Brasil sofreu um golpe de Estado, articulado por agentes de interesse externos que atuam entre o mercado e a política, para retomar os fundamentos do governo Fernando Henrique Cardoso, implantar, tardiamente, um programa mais draconiano ainda de arrocho fiscal do que o plano implantado na Europa, com ideias afundadas na crise de 2008, nos Estados Unidos, que só interessa aos rentistas do sistema financeiro e a grandes corporações internacionais que querem do Brasil, terras e commodities agrícolas, petróleo, minérios, explorar mão de obra barata, sem garantia de direitos sociais.
Ao mesmo tempo, o Brasil foi submetido a uma catarse de combate à corrupção, por procuradores, juízes e policiais, com espetacularização das operações para TVs, com ataque aos programas de investimentos e de desoneração fiscal setorial, dos governos Lula e Dilma.
Tenho dúvidas se certos concurseiros do judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal, que trabalham em operações, sejam suficientemente competentes, capazes de entender os programas e as políticas públicas. São parecidos com os que foram feitos por Obama, para enfrentar a crise nos Estados Unidos.
Autoridades que fazem parte de certas operações têm demonstrado desconhecimento abissal do funcionamento das instituições, da montagem de governos, das políticas publicas de Estado, e muito menos dos interesses internacionais em jogo no Brasil. Muitas delas parecem mais interessadas em como aparecerão nos telejornais.
Sempre fui impiedoso no combate à corrupção, de seja lá quem for, ajudando nas denúncias, no que estiver ao meu alcance, mas combater a corrupção com destruição de empresas estratégicas, em plena crise econômica internacional, com perseguição política a adversários e em relação promíscua com investigados, como se viu na intimidade entre o juiz Sérgio Moro e o senador Aécio Neves, captada em famosa fotografia, é coisa de gente estúpida e narcisista.
Que investiguem os criminosos, condenem-os com base nas devidas provas, de acordo com as leis e a Constituição, mas preservem as empresas.
Os espetáculos ajambrados pelas operações, mais parecem filmes enlatados de baixo nível, comprados numa feira qualquer.
A justiça é um dos valores mais sublimes de uma nação democrática. O país precisa de promotores, policiais e juízes cidadãos que entendam e promovam isso. Chega de espetáculo.
copiado http://www.brasil247.com/pt/
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