RECLAMAÇÃO Presas com curso superior apontam regalias a Andrea Isso é o que diz uma carta, a que O TEMPO teve acesso, assinada por cinco presas

RECLAMAÇÃO

Isso é o que diz uma carta, a que O TEMPO teve acesso, assinada por cinco presas 




rotina no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto (Piep), na zona Leste de Belo Horizonte, não é a mesma desde o último dia 18, data da prisão da irmã do senador afastado Aécio Neves (PSDB) Andrea Neves, decretada na operação Patmos, da Polícia Federal. Além de obter supostas regalias da direção da unidade, como ausência de algemas e atendimento médico particular, Andrea estaria ocupando, sozinha, um pavilhão inteiro destinado a detentas com formação superior.

Isso é o que diz uma carta, a que O TEMPO teve acesso, assinada por cinco presas, em 22 de maio, que ocupavam as celas especiais no chamado Pavilhão X-5 e que teriam sido remanejadas para as celas de triagem, conhecidas internamente como “castigo” pelas péssimas condições em que se encontram. “As detentas foram todas removidas para que a ilustre presa não seja incomodada”, revelou Paula Marzano, advogada de duas das encarceradas autoras da carta.
O texto possui quatro laudas e foi redigido pela cliente de Paula Marzano, detenta que tem formação em direito e que utilizou na carta diversos trechos do Código Penal para questionar a direção da penitenciária sobre as condições em que cumprem a prisão preventiva. A carta foi entregue à diretora geral do complexo, Juliana Aparecida de Camargos Silva Ferreira.
“Estamos todas recolhidas em celas de castigo ou triagem, convivendo com presas que adentram à Piep ou que cometeram faltas disciplinares por mau comportamento carcerário”, diz a carta. As detentas destacam que tais celas “não contêm ventilação e há dificuldade de saber se é dia ou noite, visto a ausência de janelas”.
No pavilhão especial, onde está Andrea, as detentas tinham direito a duas horas por dia de banho de sol no pátio, atividades desportivas e celas em melhor estado. Agora, segundo Paula, elas têm direito a uma hora, mas em um lugar sujo e muito pequeno. Paula disse estar tomando medidas judiciais para reverter a situação.
Enquanto as presas reclamam de ter seus direitos infringidos pela direção, também dizem que Andrea Neves, suspeita de pedir propina aos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, estaria descumprindo regras básicas impostas às demais presas. Ela, por exemplo, não teria passado pela ala da triagem, segundo elas.
A direção também teria dispensado o uso de algemas em Andrea nos procedimentos internos. Ontem, ela teria recebido atendimento de um médico particular, o que não é permitido, segundo Paula. As visitas de advogados estariam acontecendo fora dos horários autorizados. 

Secretaria contesta críticas feitas por detentas

A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) contestou as afirmações contidas na carta escrita pelas detentas com direito a cela especial do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto. A nota enviada à reportagem diz que não procedem as informações sobre o mau estado das celas de triagem, já que foram “recentemente reformadas, também são individuais, têm televisão, são claras e arejadas”.
O órgão também negou que Andrea Neves receba tratamento diferenciado das demais presas, mas confirmou que um médico particular esteve na tarde de ontem atendendo a irmã de Aécio, o que é permitido, segundo a Seap. O motivo do atendimento não foi informado. Sobre a dispensa do uso de algemas, a secretaria disse que as presas precisam usá-las em procedimento externo à cela, exceto banho de sol e atividades laborais. A Seap confirmou que ela dispõe de uma televisão na cela (de plasma), mas que não é fornecida pelo Estado. Segundo a advogada Paula Marzano, nenhuma das detentas com curso superior dispõe desse benefício. (AD)
 

NORMAL

Advogado nega haver vantagens a jornalista

O advogado de Andrea Neves, Marcelo Leonardo, negou ontem que sua cliente venha recebendo regalias no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto. “Não é verdade. Sofrendo como está, como é possível isso? O tratamento dado a ela é normal”, afirmou. Segundo o advogado, Andrea Neves está mesmo isolada das demais presas, mas por decisão do sistema prisional. “Não há nenhuma intervenção da defesa nesse sentido. A decisão foi do sistema prisional, para garantir segurança”, disse. Ainda segundo a defesa, Andrea só recebeu visitas dos advogados até agora, já que é necessário um cadastramento prévio de familiares. “Por ser uma pessoa com destaque social, surgirão fofocas nesse sentido”, finalizou.
Andrea Neves e Frederico Pacheco, primo de Aécio Neves (PSDB), ficaram em silêncio durante depoimento à Polícia Federal na semana passada. Procuradores da Lava Jato acompanharam os depoimentos, tomados no dia 18, na Superintendência da Polícia Federal em Belo Horizonte.
Entre os questionamentos, os investigadores quiseram saber há quanto tempo ela conhece Joesley Batista, da JBS, e se ela esteve com ele em fevereiro para pedir R$ 2 milhões a pretexto de pagar honorários advocatícios.
 
Veja a carta enviada:
 

cop
Powered by
Publish for Free?
2
4
6
8
copiado http://www.otempo.com.br/c

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...