Equador comovido após polêmico vídeo de jornalistas reféns

Equador comovido após polêmico vídeo de jornalistas reféns

AFP / Cristina VegaGalo Ortega (D) com foto de seu filho, o jornalista Javier Ortega, durante manifestação para pedir sua libertação, em Quito, em 1º de abril de 2018
A comoção tomou conta do Equador nesta terça-feira (3). Um vídeo mostrou as difíceis condições de cativeiro de uma equipe de imprensa sequestrada por supostos guerrilheiros dissidentes colombianos.
A gravação, exibida na Colômbia pelo canal RCN, se tornou a primeira prova de vida de dois jornalistas e do motorista do jornal "El Comercio" de Quito, que foram pegos como reféns em 26 de março enquanto realizavam uma reportagem na fronteira entre Equador e Colômbia.
Longe de aliviar, o vídeo comoveu familiares e incomodou o governo.
O vídeo mostra o repórter Javier Ortega (32 anos), o fotógrafo Paúl Rivas (45) e o motorista Efraín Segarra (60) abraçados, com algemas e correntes no pescoço.
Ortega pede ao governo do presidente Lenín Moreno um acordo para sua libertação.
"Para as três famílias foi um choque terrível, um choque emocional muito forte ver a situação na qual nossos entes queridos se encontram", reagiu Yadira Aguagallo, companheira de Rivas.
A RCN não revelou como obteve o vídeo, nem a data ou local da gravação.
Segundo Ortega, os sequestradores exigem uma troca por "seus três detidos" no Equador para que os repórteres possam ser liberados "sãos e salvos".
Também exigem o fim da cooperação antiterrorista com a Colômbia, que supôs duros golpes a organizações do narcotráfico que atuam na zona limítrofe.
O governo de Moreno está negociando para obter a liberdade dos reféns. Segundo fontes equatorianas, os três estariam em território colombiano, embora Bogotá assegure não ter evidências a respeito.
Nesse contexto, Quito considerou que a difusão do vídeo expõe os sequestrados e expressou em comunicado "seu profundo mal-estar e rechaço".
"O governo vai fazer o possível e impossível para que voltem bem, com vida, sãos e salvos", afirmou ao canal Telerama Juan Sebastián Roldán, secretário particular do presidente Moreno.
Desde o momento do sequestro - o primeiro de jornalistas equatorianos em três décadas -, os profissionais de imprensa organizam vigílias em Quito para pedir o retorno dos colegas.
Em uma carta enviada aos presidentes das duas nações, centenas de jornalistas, acadêmicos e ativistas pediram que se abstenham de ordenar "operações que coloquem em risco a integridade" dos reféns, enquanto pediam a intervenção da Cruz Vermelha Internacional para "acelerar o processo de libertação".
Um pedido que as famílias das vítimas concordam, além de advogarem pelos bons ofícios do papa Francisco.
O Equador assegura ter informações de que os três reféns estão em condições estáveis.
AFP / Rodrigo BUENDIAFamiliares dos jornalistas equatorianos sequestrados chegam em 3 de abril de 2018 à sede do comitê de emergência que trata desta crise em Quito
Sem dar detalhes, o ministro do Interior, César Navas, afirmou que estava a par das demandas do sequestradores e acrescentou que o governo continua trabalhando nisso.
Ortega e seus companheiros foram raptados enquanto realizavam reportagens no povoado fronteiriço de Mataje, região onde as autoridades dos dois países perseguem guerrilheiros que se afastaram do processo de paz com as já dissolvidas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
O Exército colombiano apontou os dissidentes comandados pelo equatoriano Walter Artízala, conhecido como Guacho, como responsáveis pelo sequestro.
No vídeo, um dos sequestradores sugere, no entanto, que estão fora do Equador. O governo colombiano não quis se referir ao caso.
Os grupos dissidentes - que segundo a Inteligência militar teriam 1.200 combatentes - estão envolvidos com o narcotráfico e mineração ilegal.
Guacho se afastou do processo de paz e permaneceu à frente de um grupo de entre 70 e 80 homens, que se desloca entre os dois países por uma área de selva que serve de rota para o tráfico de drogas.

copiado https://www.afp.com/pt

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