Catalunha
Tomada
de posse de Quim Torra, com o presidente do Parlamento catalão,
Roger Torrent
| EPA /ALBERTO
ESTEVEZ
Madrid admite vetar governo catalão com exilados e detidos
O
novo presidente da Generalitat, Quim Torra, nomeou dois detidos e
dois exilados para o executivo. Chumbo do governo central
inviabilizaria posse prevista para quarta-feira
Para
Madrid não há dúvidas: "o desejo de diálogo expresso [na
sexta-feira] pelo presidente do governo catalão não é sincero"
e, num comunicado, o governo de Mariano Rajoy acusa mesmo Quim Torra
de "provocação" ao escolher quatro antigos consellers
detidos ou exilados na sequência do referendo à independência na
Catalunha para o novo executivo que apresentou ontem. Tendo isso em
conta, Madrid admite vetar, total ou parcialmente estas nomeações.
Se o fizer, inviabilizará a tomada de posse da equipa governamental,
prevista para a próxima quarta-feira, 23 de maio.
"O
governo de Espanha, através do seu Secretariado, que é o único
órgão competente para autorizar a publicação do decreto de
nomeação proposto, analisará a viabilidade do novo governo
[catalão] anunciado, dadas as circunstâncias pessoais de alguns dos
designados", pode ler-se no comunicado do executivo madrileno.
Dos
13 nomeados para o novo executivo catalão, dois estão detidos desde
23 de março na prisão madrilena de Estremena - Jordi Turull e Josep
Rull - e dois estão exilados na Bélgica, onde procuraram refúgio
após serem procurados pela justiça espanhola na sequência do
referendo à independência da Catalunha organizado a 1 de outubro de
2017 - Lluís Puig e Toni Comín. Impedidos de facto de exercer os
seus cargos, caso o novo governo venha a ser viabilizado, Quim Torra
teria de nomear quatro "consellers efetivos" , que se
ocupem dos assuntos do dia-a-dia.
Aceitar
via Twitter
Tanto
Rull como Turull recorreram ao Twitter para aceitarem o convite de
Quim Torra para integrarem o seu governo. Os dois afirmaram estar
apenas a ser "consequentes com e leais aos compromissos com a
cidadania da Catalunha". Ambos mantêm os cargos que tinham no
anterior executivo liderado por Carles Puigdemont - o ex-presidente
da Generalitat exilado primeiro na Bélgica e agora na Alemanha. A
defesa de Rull e Turull já pediu a sua liberdade condicional com "a
maior celeridade e urgência possível", para que possam tomar
posse no dia 23. Segundo a Efe, o pedido foi entregue ontem ao
Supremo Tribunal pelo advogado Jordi Pina.
O
novo governo catalão, que mantém a estrutura e a nomenclatura de
pastas do anterior, terá como vice-presidente Pere Aragonés e Elsa
Artadi, que chegou a ser falada como candidata alternativa de
Puigdemont à presidência da Generalitat, como porta-voz.
Mal
foram conhecidos o nome escolhidos por Quim Torra, as reações não
se fizeram esperar. Não só por parte de Madrid, mas também na
própria Catalunha. Para Inés Arrimadas, ao incluir dois detidos e
dois exilados, o novo president está a "desafiar a maioria dos
catalães e a legalidade democrática. A líder do Ciudadanos na
Catalunha garantiu que "assim não se pode levantar o 155",
o artigo da Constituição espanhola que suspende a autonomia da
região, e chamou "presidente supremacista" a Quim Torra.
CONSELLERS
Jordi
Turull na presidência
Detido
desde 23 de março, Jordi Turull repete agora a pasta que tinha no
governo de Carles Puigdemont. Chegou a ser apresentado como candidato
à presidência da Generalitat, mas foi preso na véspera de ser
votado.
Toní
Comín na Saúde
O
filósofo e antigo deputado socialista volta a ser nomeado para a
pasta da Saúde que ocupou na última legislatura. Está exilado em
Bruxelas, na Bélgica, desde 30 de outubro de 2017, quando se
refugiou naquele país com Puigdemont.
Josep
Rull no Território
Detido,
tal como Turull, na prisão madrilena de Estremena desde o passado
mês de março, Josep Rull volta agora a ser nomeado para a pasta do
Território e Sustentabilidade que já antes tinha ocupado.
Lluís
Puig na Cultura
Entre
julho e outubro de 2017, altura em que se exilou em Bruxelas, Lluís
Puig ocupou a pasta da Cultura no governo catalção. Um cargo para o
qual volta agora a ser nomeado pelo presidente Quim Torra.
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