Levy entra no governo Bolsonaro como merece: como um moleque
O sr. Joaquim Levy, coveiro do governo Dilma 2, apareceu, todo lampeiro, nos jornais, comemorando sua indicação como presidente do BNDES.
A alegria durou apenas algumas horas.
No site BR-18, do Estadão, o presidente eleito já o enquadrou.
Disse que o aceitou por um crédito de confiança em Paulo Guedes e foi logo avisando: ““A caixa-preta [do BNDES] vai ser aberta na primeira semana! Não tenha dúvida disso. Se não abrir a caixa-preta, ele está fora, pô.”
O BNDES, a sigla indica, é um banco. Está, por isso, obrigado a regras de sigilo bancário definidas em leis e regulamentos do Banco Central.
O alvo, porém, é claro: criar factóides com os empréstimos fornecidos para a contratação de obras e serviços de empresas brasileiras no exterior.
A Bolsonaro pouco importa que tenham dado não apenas mercado ao Brasil como lucro ao banco.
Nem que o banco tenha um corpo técnico-profissional muito bem capacitado e remunerado para verificar a legalidade e a higidez de cada operação de crédito.
Devedores em atraso, se houver, devem ser cobrados de acordo com a praxe bancária, sejam quais forem, sob ena da perda de credibilidade do Banco. No caso de empréstimos internacionais, inclusive, em ação conjugada com o Itamaraty, para obter mercados.
Objetivo de banco, seja público ou privado, é receber o que emprestou e os juros.
Dificilmente haverá abertura de “caixa-preta” para os empréstimos fornecidos a gente como João Dória e Luciano Huck para comprarem jatinhos particulares, claro.
O Dr. Levy tem experiência com “caixas-pretas”. Afinal, foi secretário da Fazenda de Sérgio Cabral, embora nunca tenha sido instado a dizer nada sobre os bastidores das isenções fiscais que fizeram a fortuna (e a desgraça posterior) do ex-governador fluminense.
Mas uma “caixa-preta” ao menos está aberta.
O Sr. Levy não tem o menor pudor profissional em aceitar ser tratado como um moleque, na base do “se não abrir, tá fora”.
Com o “passa-moleque” recebido com antecedência de Bolsonaro, tivesse o sr. Levy um pingo de dignidade como gestor bancário, estaria agora recolocando os objetos que já tinha retirado das gavetas da diretoria que agora ocupa no Banco Mundial.
Mas não tem.
Tanto que vai assumir o BNDES com uma missão sinistra: abrir caminho para sua liquidação.
Previdência prova que Bolsonaro não sabe por onde vai, se vai e com quem vai
Jair Bolsonaro e Onyx Lorenzoni acabam de “jogar a toalha” na possibilidade de aprovar algo da reforma previdenciária ainda com este Congresso.
Natural, era mesmo impossível que isso acontecesse num Congresso em final de mandato e com uma taxa de renovação perto de 50%.
A única possibilidade de fazê-lo seria com a farta distribuição de botes salva-vidas para os mortos e lugares na ponte de comando para os vivos.
Não houve nenhum movimento neste sentido e ainda não há, faltando 50 dias para a posse do ex-capitão.
Houve, sim, no sentido inverso. Depois de cancelar os encontros com Rodrigo Maia e Eunício Oliveira, Bolsonaro se saiu com uma de “cabo de esquadra”, atribuindo tudo a um mal-entendido. Note-se que o cancelamento foi na sexta-feira e o “mal-entendido” só foi percebido hoje.
A desculpa é hilária e patética, segundo declarou o presidente eleito ao G1: “Há um equívoco por parte da mídia de que eu teria cancelado duas audiências, com o Eunício e com o Rodrigo Maia. O que eu falei para a minha assessoria em Brasília é que queria visitar a Câmara e o Senado. O que é visitar a Câmara? É o plenário. Aí eles marcaram audiência. Não quero audiência. Por que? Eu falo com eles pelo telefone, eles falam comigo pelo telefone, não precisamos de audiência. Daí eles [assessoria] cancelaram. Pretendo andar pela Câmara – minha Casa – andar pelo Senado, apertar a mão de parlamentares. Houve apenas um mal entendido nessa questão de agenda com os presidentes das duas Casas”.
Bolsonaro não tem cacife para aprovar nada nesta legislatura e. pelo que está revelando, também não tem na que tomará posse um mês depois dele, em 1° de fevereiro.
Talvez a coisa piore com o mês que passará governando com medidas provisórias, dependendo das surpresas que trarão Paulo Guedes e Sérgio Moro.
Os nossos brilhantes teóricos da política preferem achar que o tal “presidencialismo de coalizão”, que Bolsonaro demonizou ao extremo em seu discurso, era simples fraqueza – ou safadeza – dos eleitos.
Não haverá governo viável com tuitadas e “lives” no facebook, muito menos movido a tiradas polêmicas a la Trump, pela simples razão de que aqui, ao contrário dos EUA, não há partidos.
Bolsonaro oscila entre a estratégia óbvia de buscar alianças com um quadro político atônito com o resultados das eleições e a ideia obtusa de achar que vai governar com o apoio amorfo dos sentimentos que despertou no eleitorado.
Não sabe para onde vai, com quem vai e mesmo o que pretende, para além das bravatas, o seu governo.
E, assim, não pode ir a lugar nenhum.
copiado http://www.tijolaco.net/blog/
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