AFP / Guillermo AriasVista aérea de um grupo de migrantes centro-americanos ao chegar, em 15 de novembro de 2018, à cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos
O grosso da caravana de migrantes que deixou Honduras há um mês começou a chegar nesta quinta-feira (15) à cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, acampando ao lado do muro divisório e desafiando, assim, os milhares de soldados enviados pelo presidente Donald Trump.
Durante a madrugada desta quinta, 22 ônibus com migrantes chegaram à entrada da cidade, constatou a AFP. Estes se somaram a uns 800 centro-americanos que tinham se antecipado e chegado em grupos pequenos desde o fim de semana passado, totalizando mais de 1.500 na região.
"Já estamos na porta de Tijuana, não vejo a hora de chegar à fronteira. Isto foi uma viagem eterna mas Deus nos trouxe bem até aqui", disse Carmen Soto, uma hondurenha que viaja com seus dois filhos pequenos, ao desembarcar de um dos ônibus para se reunir ao grupo de migrantes que caminhava pela estrada da cidade.
A caravana saiu em 13 de outubro de San Pedro Sula, Honduras, e percorreu mais de 4.300 km, principalmente a pé e de carona, até a fronteiriça Tijuana, no estado de Baja Califórnia.
"Já me sinto melhor, cansado, mas melhor. Levamos um mês e venho com minhas filhas, de 7, 11, 13 e 15" anos, disse à AFP Miriam Fernández, uma hondurenha de 32 anos. "Há felicidade porque já estamos aqui", acrescentou.
O primeiro grupo reduzido a chegar a Tijuana foi de uma centena de transexuais e alguns homossexuais. Entre terça e quarta-feira se somaram cerca de 800, todos integrantes da grande caravana que saiu em 13 de outubro de San Pedro Sula, Honduras.
A ONU estimou que o grupo estava composto por 7.000 migrantes, mas durante a viagem se dividiu e grande parte deles pediu asilo no México ou desistiu e pediu o retorno voluntário a seus países.
O objetivo dos migrantes é que o governo americano lhes conceda o status de refugiados devido à extrema violência e pobreza que vivem em seus países, mas para conseguir isso devem entrar por um acesso oficial, de acordo com um decreto assinado na semana passada pelo presidente Donald Trump.
- Protesto contra imigrantes -
Em sua tentativa de respeitar esse decreto, os migrantes se instalaram em um acampamento na orla de Tijuana, aonde foram, na noite de quarta-feira, cerca de 300 residentes desta cidade protestar contra sua presença, cantando o hino nacional mexicano ante os olhares de um grupo de policiais que os separavam dos migrantes.
Apesar da presença da Polícia, moradores do bairro Playas de Tijuana lançaram pedras contra os migrantes no Parque de La Amistad, situado ao lado do muro fronteiriço e à beira-mar.
"Não os queremos aqui, é como se eu fosse para a sua casa e deixasse todo esse chiqueiro. Não queremos delitos", protestou uma moradora de Playas de Tijuana, dirigindo-se aos migrantes.
"Passamos por todo o México, em cidades enormes, e é assim que nos recebem aqui", respondeu um integrante da caravana.
O governo de Tijuana havia habilitado um abrigo em instalações oficiais para os migrantes, mas alguns se negaram a usá-lo porque temem que os dados pessoais que lhes pedem para receber ajuda humanitária sejam entregues ao governo dos Estados Unidos e, assim, negar-lhes o status de refugiados, disse à AFP Irineo Mujica, diretor da organização Povo sem Fronteiras, que acompanha a caravana.
O governo mexicano registrou os protestos dos moradores de Tijuana, mas se nega a criminalizar a caravana de centro-americanos, que se deslocaram em condições difíceis e de risco pelo território mexicano com a esperança de não voltar à violência e à pobreza em seus países, disse nesta quinta-feira o secretário de Governo, Alfonso Navarrete.
Trump qualificou os migrantes de "criminosos" e acusa a caravana de impulsar uma "invasão". Para contê-la, dispôs o envio controverso de até 9.000 soldados a sua fronteira sul.
Ante a iminente chegada da caravana, os Estados Unidos fecharam parcialmente com barricadas e cercas de arame farpado as guaritas fronteiriças de San Ysidro e Otay Mesa, que levam à Califórnia.
O secretário da Defesa americano, Jim Mattis, argumentou na quarta-feira que esta operação é necessária e absolutamente legal, durante visita às tropas estacionadas na fronteira.
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