Operação da PF no Paraná impediu que PCC matasse agentes públicos em Roraima
- Flávio CostaDo UOL, em São Paulo
- Ordens do PCC partiam de membros presos na Penitenciária Estadual de Piraquara (PR)
Deflagrada pela PF (Polícia Federal) durante esta terça-feira (20) e iniciada no Paraná, a Operação Pregadura conseguiu impedir que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) executasse atentados a agentes públicos em Roraima.
"Foi constatada a existência de um núcleo dessa facção criminosa estabelecido dentro da Penitenciária Estadual de Piraquara [região metropolitana de Curitiba]. Todos os integrantes comandavam dali as ações criminosas realizadas em praticamente todos os estados do Brasil. Constatamos que houve autorizações para atentados contra agentes públicos, notadamente no estado de Roraima, o que felizmente foi evitado", afirmou o delegado federal Martin Bottaro Purper, coordenador da operação.
De acordo com a investigação iniciada há seis meses, membros do PCC em Roraima pediram a autorização de um líder da facção criminosa no Paraná para matar agentes da área de Segurança Público no estado nortista.
"O investigado a quem foi solicitada a ordem deu o ok e ainda descreveu como o atentado deveria ser executado", informou Purper, durante entrevista coletiva realizada nesta tarde na sede da Superintendência da PF na capital do Paraná.
"Eles esperariam os agentes públicos saírem juntos em um mesmo carro e, no semáforo ou em outro local em que o carro fosse obrigado a diminuir a velocidade, os criminosos se aproximariam e atirariam sem parar", acrescentou.
O Paraná é um dos oito estados do país onde o PCC, grupo criminoso nascidos nos presídios paulistas há 25 anos, tornou-se dominante, como mostra mapeamento. Levantamento do Ministério Público paulista mostra que há pelo menos 2,8 mil criminosos filiados à facção no estado.
Série de reportagens publicadas pelo UOL nos meses de julho e agosto mostrou que membros do PCC fazem conferências por celulares para realizar "audiências do tribunal do crime", onde pessoas são julgadas e condenadas à morte.
Em uma investigação interior, foi encontrado com um dos líderes da facção detidos na Penitenciária de Piraquara uma espécie de "censo penitenciário". No documento, a facção avalia os esquemas de segurança e os serviços de saúde e de justiça e outros setores dos presídios brasileiros.
Investigação começou há seis meses
A Operação Pregadura foi iniciada há seis meses pela PF, a pedido do Ministério Público do Paraná. O nome da operação policial faz referência a jogada de xadrez que tem por objetivo impedir a movimentação de peças do adversário em uma partida.
"As investigações duraram seis meses e foi possível se delinear e se combater esses faccionados que cometeram crimes em nome da facção. Neste caso, trata-se de crimes no interesse da facção e não interesse do próprio criminoso", afirmou o delegado federal Marco Smith.
A PF concluiu que o grupo identificado era responsável por comandar as ações da facção em todos os estados do país, autorizando o ataque a agentes públicos, crimes de tortura, rebeliões e compra e venda de armas de fogo para a prática de crimes.
As decisões partiam normalmente de dentro da Penitenciária Estadual de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, e eram repassadas através de uso de telefones celulares e aplicativos de comunicação. Nas unidades prisionais em que as ordens não entravam com uso destes meios de comunicação, eram utilizados bilhetes encaminhados por meio de visitantes.
De acordo com a PF, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de prisão e preventiva de investigados em cidades nos estados do Paraná (Londrina, Cambará, Curitiba, Araucária, São José dos Pinhais e Piraquara), Rondônia (Porto Velho), Rio Grande do Norte (Mossoró), Roraima (Boa Vista), Minas Gerais (Uberaba), Mato Grosso do Sul (Dourados e Campo Grande), e São Paulo (Presidente Bernardes, Presidente Venceslau, Lins, Mairiporã, Ubatuba e São Paulo). Uma pessoa foi presa em flagrante por tráfico de drogas.
Três mandados de prisão não foram cumpridos, pois não se sabe os paradeiros dos suspeitos. No total, 26 suspeitos alvos dos mandados, já se encontram detidos em unidades prisionais.
Os investigados vão responder pelos crimes de organização criminosa, associação para o tráfico de drogas e o comércio ilegal de drogas, tráfico de armas, tortura e homicídios. As ordens judiciais foram deferidas pela Vara Criminal de Piraquara.
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