China inclui fentanil na lista de substâncias regulamentadas por pressão dos EUA
AFP/Arquivos / Brendan SmialowskiO fentanil é um produto sintético suspeito de uma epidemia de overdose da América do Norte para a Austrália e do qual a China seria um dos maiores produtores mundiais.
A China anunciou nesta segunda-feira que vai registrar todos os tipos de fentanil em sua lista de substâncias regulamentadas, um gesto reivindicado pelos Estados Unidos onde esta droga, 50 vezes mais forte que a heroína, mata milhares de pessoas todos os anos.
"Todas as questões apontadas pelos Estados Unidos estão resolvidas", afirmou à imprensa Liu Yuejin, vice-diretor da Comissão Nacional contra as Drogas, anunciando que a nova regulamentação entrará em vigor em 1º de maio.
"Os Estados Unidos estão preocupados com todas as variantes (do fentanil) e esta questão está resolvida", acrescentou. Suspeita-se que a China é a principal fonte mundial desta droga sintética.
Essa substância, que causou a morte de Prince e de pelo menos 28 mil americanos em 2017, é um dos pontos da disputa comercial entre a China e os Estados Unidos.
Em sua última reunião, o presidente Xi Jinping prometeu a Donald Trump atuar contra a droga.
"Se a China fizer algo contra esta droga horrível e aplicar a pena de morte aos que a distribuem e aos revendedores, os resultados seriam sensacionais", afirmou Trump na ocasião.
Um relatório do Congresso americano destaca que comprar fentanil do outro lado do Pacífico não é algo complicado: para isto basta entrar na internet e usar um cartão de crédito ou uma criptomoeda. A entrega chega pelo correio.
A substância não é ilegal: pode ser utilizada como sedativo para pacientes de câncer.
Mas os laboratórios chineses, clandestinos ou não, comercializam o produto de modo amplo.
O governo chinês combate a produção clandestina, mas até agora se concentrava em combater fórmulas específicas do produto. Os laboratórios precisavam modificar levemente a composição para retornar ao mercado.
Para lutar contra o tráfico, Liu anunciou uma série de medidas: inspeções na indústria química e farmacêutica, vigilância das informações sobre a droga que circulam na internet, fechamento dos canais de distribuição dos traficantes e reforço do controle dos pacotes na Alfândega.
Estas medidas devem ter um impacto importante, afirmou à AFP Mike Vigil, ex-diretor internacional da agência americana de combate às drogas, a DEA.
"Sem a cooperação da China, o governo dos Estados Unidos não conseguirá conter a epidemia de mortos pelos opiáceos", disse o especialista, que calcula que a China representa 85% da produção mundial.
Porém, mesmo se Pequim combater de modo eficaz o tráfico, os produtores podem simplesmente trabalhar de outros países para inundar o mercado americano.
"O governo reforçará sua cooperação com outros países, inclusive Estados Unidos, para lutar contra o desafio mundial que o fentanil representa", prometeu Liu.
Liu rebateu as acusações americanas sobre o papel da China no tráfico de opiáceos, que considerou "sem fundamento".
"Se os Estados Unidos desejam realmente resolver o problema, devem colocar ordem na casas", disse.
Liu afirmou que a crise está vinculada antes de mais nada ao abuso pelos americanos de opiáceos vendidos com receita médica, à indústria farmacêutica e a uma cultura que associa a droga à "liberdade e ao individualismo".
"O afã de lucro da indústria farmacêutica e a prescrição em excesso de opiáceos tiveram um papel na epidemia", reconhece Vigil.
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