Marco Aurélio chama de 'mordaça' decisão de retirar do ar reportagem que cita Toffoli. Ministro do Supremo também defende que MPF recorra ao plenário da Corte

O ministro Marco Aurélio Mello Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo

Marco Aurélio chama de 'mordaça' decisão de retirar do ar reportagem que cita Toffoli

Ministro do Supremo também defende que MPF recorra ao plenário da Corte

Marco Aurélio chama de 'mordaça' decisão de retirar do ar reportagem que cita Toffoli

RIO — O ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ), Marco Aurélio Mello , criticou em entrevistas concedidas nesta quinta-feira a decisão do colega de Corte, Alexandre de Moraes, de retirar do ar a reportagem da revista "Crusoé" e do site "O Antagonista" que citava o presidente do Supremo, Dias Toffoli . 
Em visita a Gramado, no Rio Grande do Sul, Marco Aurélio classificou como "mordaça" a decisão, em declaração à "Rádio Gaúcha"."Mordaça, mordaça. Isso não se coaduna com os ares democráticos da Constituição de 1988. Não temos saudade do regime pretérito. E não me lembro nem no regime pretérito, que foi regime de exceção, de medidas assim, tão virulentas como foi essa", disse o ministro.
O ministro declarou ainda que há um "problema da autoestima" entre os magistrados, principalmente Dias Toffoli e Alexandre de Moraes:
"Precisam tirar o pé do acelerador. Precisam ter menos autoestima e observar com rigor a lei das leis que é a Constituição Federal. Não se avança culturalmente se não for assim".
À Rádio Gaúcha, Marco Aurélio defendeu ainda que não cabia a instauração de inquérito pelo Supremo. Para ele, cada órgão deve atuar no espaço a que foi reservado.
"Cabia sim, se fosse o caso, se fosse o Ministério Público, que é quem atua como estado acusador. O Supremo é um estado julgador, principalmente julgador. só deve atuar mediante provocação."
O ministro, no entanto, disse que aguarda um recuo porque a maioria da Corte se posiciona no sentido oposto à decisão tomada por Alexandre de Moraes.
"Eu penso que o convencimento da maioria é no sentido oposto ao que me informou o Alexandre de Moraes. Ele próprio deve estar convencido disso. Por isso, eu aguardo um recuo."

Para ministro, MPF deve recorrer

Também nesta quinta-feira, ao blog de Andréia Sadi, no "G1", Marco Aurélio defendeu que o Ministério Público Federal (MPF) recorra ao STF para que o caso vá ao plenário. “Creio que as matérias chegarão ao que entendo como Supremo, o plenário. Então, teremos crivo definitivo. O MP deve provocá-lo”, afirmou.
Já Dias Toffoli, em entrevista ao jornal "Valor Econômico" , refutou a tese de que houve censura. Para Toffoli, os veículos de imprensa orquestraram uma narrativa "inverídica" para constranger e emparedar o Supremo às vésperas de a Corte tomar uma decisão sobre a prisão após o julgamento em segunda instância.
"É ofensa à instituição à medida que isso tudo foi algo orquestrado para sair às vésperas do julgamento em segunda instância. De tal sorte que isso tem um nome: obstrução de administração da Justiça", declarou, segundo o "Valor Econômico".


Em outra entrevista, na manhã desta quinta-feira, dessa vez à rádio "Bandeirantes", Toffoli reafirmou que não se pode "deixar o ódio entrar na nossa sociedade" e voltou a relacionar a agenda da Corte à divulgação do documento anexado ao processo da Lava-Jato.
— Eu nunca como ministro do Supremo Tribunal Federal, tomei nenuma atitude, mas hoje sou presidente da Corte. E, ao quererem agir dessa forma, querem atingir a instituição. Então, nós temos que ter defesa — afirmou o ministro, que comentou em outro trecho da entrevista a reportagem censurada:

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