Pilotos do avião da Ethiopian Airlines seguiram recomendações da Boeing
AFP / Michael TEWELDERestos do avião da Ethiopian Airlines que caiu na Etiópia
Os pilotos do avião da Ethiopian Airlines que caiu em 10 de março, um acidente que matou 157 pessoas, respeitaram todas as instruções dos manuais de voo da Boeing, mas não conseguiram recuperar o controle do avião, afirma o relatório preliminar dos investigadores publicado nesta quinta-feira.
O informe preliminar, apresentado pela ministra dos Transportes da Etiópia, Dagmawit Moges, apresenta mais dúvidas sobre o sistema que controla o modelo Boeing 737 MAX 8, que não voa há quase um mês em todo o planeta.
"Os pilotos realizaram várias vezes todos os procedimentos indicados pela fabricante, mas não foram capazes de controlar o avião", disse Dagmawit Moges, ao apresentar os resultados da investigação preliminar sobre o acidente.
O relatório recomenda que "o sistema de controle de voo da aeronave passe por uma revisão pela fabricante" americana", completou.
"As autoridades de aviação devem verificar se a revisão do sistema de controle de voo do avião foi efetuada de modo correto pela fabricante", antes que a frota de Boeing 737 MAX, paralisada em todo o mundo desde o acidente, seja autorizada a voar novamente, ressaltou a ministra.
A Boeing reagiu afirmando que vai adotar "todas as medidas adicionais necessárias para reforçar a segurança" de sua aeronave.
"Compreender as circunstâncias que contribuíram para este acidente é crucial para garantir a segurança dos voos", afirmou, em nota, Kevin McAllister, diretor da divisão comercial da companhia.
A divulgação deste relatório acontece depois que Administração Federal de Aviação (FAA) americana anunciou a revisão da certificação do sistema de controle de voo automático nos 737 MAX. A Boeing está revisando o relatório.
"Pouco após a decolagem, a informação sobre o ângulo de ataque (inclinação da aeronave em relação à corrente de ar) fornecida pelos sensores começou a ser errônea", indica um trecho do relatório ao qual à AFP teve acesso.
O voo da Ethiopian Airlines seguia para Nairóbi em 10 de março quando caiu em um campo nas proximidades de Adis Abeba, minutos depois da decolagem, depois de supostamente registrar elevações e quedas abruptas.
Entre os passageiros estavam cidadãos de mais de 30 países.
- Sistema automático -
Rapidamente foram apontadas semelhanças entre este acidente e a queda de um 737 MAX 8 da companhia Lion Air na Indonésia no ano passado, tragédia em que morreram 189 pessoas.
A investigação se concentra em um sistema automático desenvolvido especificamente para as últimas versões do avião, que gerou problemas aos pilotos.
O sistema automático de controle de manobras (MCAS) é suspeito de ter desempenhado um papel crucial no acidente, já que o avião inclinou o nariz para baixo diversas vezes.
O MCAS foi projetado especialmente para que o 737 MAX corrija uma anomalia aerodinâmica relacionada com um motor mais pesado.
Em uma instrução às tripulações em 6 de novembro, a Boeing explicou que um erro no segundo sensor que mede o ângulo de ataque (AOA) poderia levar o MCAS interpretar que o avião estava muito inclinado para cima - com risco de perda de sustentação - e reagir colocando a aeronave em posição de "despencar".
A ministra não revelou detalhes sobre o que aconteceu na cabine durante os fatídicos minutos finais de voo, mas afirmou que a decolagem parecia normal e que a tripulação tinha todos os requisitos necessários para operar a aeronave.
O diretor da agência de investigação de acidentes, Amdiye Ayalew, disse que a apuração completa deve demorar entre seis meses e um ano.
"Durante este ano analisaremos se existiam outros problemas no avião", disse.
O principal executivo da Ethiopian Airlines, Tewolde GebreMariam, afirmou que estava orgulhoso dos esforços dos pilotos para tentar reverter a queda da aeronave.
"Estamos muito orgulhosos pela responsabilidade de nossos pilotos para seguir os procedimentos de emergência e com o alto nível de desempenho profissional em situações tão difíceis".
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