Piora na renda faz Brasil estacionar em ranking de qualidade de vida. Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e pela Fundação João Pinheiro, está disponível no site www.atlasbrasil.org.br.


Flavio Moraes/UOL
Problemas com descarte de lixo em omunidade na divisa dos municípios de Santos e São Vicente, na Baixada Santista (SP)
Piora na renda faz Brasil estacionar em ranking de qualidade de vida

Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Maceió
16/04/2019 11h00

O Brasil teve um aumento quase imperceptível nos índices que medem a  qualidade de vida nos municípios. Passou de 0,776, em 2016, para 0,778 em 2017 no IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), que congrega mais de 220 medições de renda, educação e longevidade. Essa taxa é considerada de alto desenvolvimento humano.
Não há dados comparativos no "Radar IDHM" com anos anteriores, porque uma mudança na metodologia para aferir renda da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), alterou parâmetros.
Seis estados tiveram redução no IDHM, com Acre e Roraima, ambos na região Norte, sofrendo as maiores quedas. Também pioraram em qualidade de vida Rio Grande do Norte, São Paulo, Distrito Federal e Pernambuco.
Amazonas (com crescimento de 2,4%) e na Paraíba (1,8%), na outra ponta, tiveram as maiores altas.
Luciana Quierati/UOL
São Paulo foi um dos estados que caíram no índice de qualidade de vidaImagem: Luciana Quierati/UOL
Se levarmos em conta o ranking da ONU (Organizações das Nações Unidas), divulgado no ano passado, o índice atual colocaria o país na 72ª colocação, ao lado de São Cristóvão e Neves.
A renda per capita foi o indicador que mais causou a redução no IDHM, com uma queda de 0,92%. Entre 2016 e 2017, foi de R$ 842,04 para R$ 834,31.
Já a longevidade, que aumentou em todas as localidades estudadas, ajudou a estabilizar o índice. Esperança de vida pulou de 75,72 anos para 75,99 anos. Em educação, frequência das crianças foi o indicador que segurou o índice.
O estudo faz um importante alerta para o abandono escolar entre adolescentes. "Em 2017, enquanto 96,7% das crianças de 5 a 6 anos estavam frequentando a escola e 93,2% das crianças de 11 a 13 anos frequentavam o segundo ciclo do ensino fundamental, apenas 69,6% dos adolescentes de 15 a 17 anos tinham concluído o fundamental e 59,3% dos jovens de 18 a 20 anos tinham o ensino médio completo", aponta o relatório.

Sexo e cor reduzem diferença

A boa notícia é que, embora ainda persistam, as diferenças diminuíram nos dados desagregados por cor e sexo.
No caso racial, o IDHM da população branca caiu de 0,819 para 0,817, enquanto o da população negra subiu de 0,728 para 0,732. Segundo o estudo, isso ocorreu pela melhoria em todos os quesitos analisados para os negros e pela queda de renda e educação para os brancos. Mesmo assim, a pesquisa ressalta, por exemplo, que brancos ganham em média quase o dobro dos negros: R$ 1.144,76, contra R$ 580,79.
Já a diferença entre os sexos também caiu em 2017 no país, puxada principalmente pelo item renda, que no caso dos homens caiu de 0,818 para 0,814, enquanto o das mulheres subiu de 0,658 para 0,660. Mesmo assim, os salários médios permanecem bem desiguais: R$ 1.543,21 para homens e R$ 1.165,59 para mulheres.
Elas levam vantagem quanto a expectativa de vida, vivendo sete anos a mais. "Em 2017, com uma taxa média anual de crescimento de 0,3%, as mulheres passaram a viver 79,56 anos, e os homens, 72,46. Estes foram os grupos que apresentaram os melhores e os piores resultados na esperança de vida desde 2012", respectivamente.
Segundo o estudo, em 12 estados, o IDH dos homens é maior que o das mulheres. As mulheres levam mais vantagem especialmente nos estados mais pobres, do Norte e Nordeste.
Beto Macário/UOL
Esgoto a céu aberto em favela em Maceió, capital alagoanaImagem: Beto Macário/UOL

Desigualdades persistem e um novo último colocado

O levantamento demonstra que as desigualdades regionais continuam grandes. No Distrito Federal, o IDHM chega a 0,850, de alto desenvolvimento humano, enquanto em Alagoas fica em 0,683, ou de médio desenvolvimento humano.
Alagoas, por sinal, teve a mudança mais significativa do índice, tomando a última posição, que em 2016 pertencia ao Maranhão. Todos os estados do Centro-Oeste (exceto o Distrito Federal), Norte e Nordeste apresentaram índices mais baixos do que a média nacional.
Uma novidade é a inserção de 20 regiões metropolitanas no estudo, das quais 12 registraram avanço. A maior qualidade de vida em 2017 era registrada em Florianópolis (índice de 0,840). Maceió tem a pior (0,721).
O levantamento completo, feito pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e pela Fundação João Pinheiro, está disponível no site www.atlasbrasil.org.br.

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