REFORMA DA PREVIDÊNCIA Homem viveria de aposentadoria por 17 anos em média pela nova regra

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REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Homem viveria de aposentadoria por 17 anos em média pela nova regra



Juliana Elias
Do UOL, em São Paulo

02/04/2019 04h00 RESUMO DA NOTÍCIA

  • Expectativa de quem tem 65 anos é viver, em média, até os 83
  • Um homem aposentado viveria por 17 anos, enquanto uma aposentada sobreviveria 22 anos
  • Esperança de vida ao nascer no país é atualmente de 76 anos
  • Cálculo da estimativa de vida é diferente quando o ponto de partida é o nascimento ou a velhice
Ter uma idade mínima para se aposentar faria o brasileiro ter pouco tempo para aproveitar o período de descanso? Se olharmos a expectativa de vida ao nascer (76 anos), a resposta é sim, mas especialistas dizem que é preciso observar a sobrevida na velhice (83 anos e 8 meses), o que daria um tempo extra.
Por esse recorte, uma pessoa que se aposentasse hoje aos 65 anos, teria, em média, mais 18 anos e 8 meses para desfrutar do benefício. É essa a expectativa de vida do brasileiro que chega a essa idade, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Considerando os gêneros separadamente, um homem aposentado viveria mais 17 anos, enquanto uma mulher teria 20 anos de sobrevida.

Cálculos diferentes dão mais tempo aos idosos

Os números preocupam muitas pessoas, já que, a princípio, a expectativa de vida em vários estados é pouco superior a isso. Um homem no Piauí, Maranhão ou Alagoas, por exemplo, vive pouco mais do que 67 anos, na média.
Mas especialistas dizem que este, que é o dado da expectativa de vida ao nascer, não é o melhor jeito de olhar para o tempo de vida dos aposentados.

Expectativa de vida ao nascer não é o melhor dado

"É o dado mais usado como indicador social e acaba sendo o mais conhecido", disse o sociólogo e professor de demografia Ricardo Ojima, presidente da Abep (Associação Brasileira de Estudos Populacionais).
"Mas, do ponto de vista do aposentado, o ideal é olhar a expectativa de vida na idade exata da aposentadoria, porque a conta dela já não está mais sujeita à mortalidade típica de várias outras idades."
A expectativa média de vida ao nascer do brasileiro é atualmente de 76 anos, sendo dividida entre homens e mulheres da seguinte forma:
  • Homens: 72 anos e seis meses
  • Mulheres: 79 anos e sete meses
Já a expectativa do homem idoso, aos 65 (mínimo proposto para aposentadoria masculina), é de viver até os 81 anos e 11 meses, ou quase 17 anos após aposentado.
A expectativa média das mulheres aos 62 (mínimo para se aposentar) é de chegar aos 84, ou 22 anos mais.

Mortalidade de crianças e jovens reduz a média

A diferença acontece porque o cálculo da esperança de vida de quem está nascendo leva em consideração as idades de morte de todas as pessoas no país, incluindo adultos, jovens e crianças, e isso puxa a média final para baixo.
A mortalidade infantil e também acidentes de trânsito e mortes violentas, que estão entre as principais fatalidades das faixas dos 20 e 30 anos, são alguns dos riscos a que o recém-nascido está exposto pelos anos à frente. Para quem alcança os 60 ou 65, são probabilidades bem menores ou nulas.

Alguns fatores de risco são menores para idosos

"Uma pessoa que chega aos 65 anos já não morreu no parto, não tomou um tiro, e é a média das pessoas que já sobreviveram a isso tudo que interessa para a Previdência", disse o economista Paulo Tafner, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) especializado em Previdência.
"A mortalidade infantil no Piauí é muito mais alta do que em São Paulo, e é isso que explica a grande diferença nas expectativas de vida [ao nascer] entre os estados. Considerando a expectativa só dos idosos, essa diferença é bem menor", afirmou.
No Maranhão, que tem os piores índices de mortalidade infantil do país, 23 a cada 1.000 bebês não completam o primeiro ano de vida. No Espírito Santo, na outra ponta, 8,4 a cada 1.000 recém-nascidos morrem antes de um ano de idade.

Expectativa na maioria dos estados é de passar dos 80

Considerando apenas aqueles que já sobreviveram às intempéries da infância e da vida adulta e que chegaram aos 65 anos, as pessoas de praticamente todos os estados e de ambos os gêneros tendem a passar dos 80 anos no Brasil.
A única exceção são os homens do Piauí e de Rondônia. No Piauí, o homem que chegou aos 65 anos tem, em média, mais 14 anos e sete meses de vida pela frente. Isso significa que deve morrer aos 79 anos e sete meses. Em Rondônia, eles viverão, em média, até os 79 anos e 11 meses.
As capixabas são as que tendem a viver mais, considerando a expectativa da terceira idade: as mulheres que chegam aos 65 anos no Espírito Santo devem viver até os 87 anos.

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