5 de Outubro
Marcelo pede aos políticos que sejam exemplo de humildade e independência
"Exemplo dos que exercem o poder é fundamental sempre para que o povo continue a acreditar no 5 de outubro", disse o Presidente
Em
sete minutos e 43 segundos, o Presidente da República defendeu esta
quarta-feira que "a razão de ser de desilusões, de desconfianças, de
descrenças" nasce do "cansaço perante casos a mais de princípios vividos
de menos", recordando nas cerimónias da Implantação da República, que
"todo o poder político é temporário".
Discursando
sob um sol quente de outono, Marcelo Rebelo de Sousa notou que o regime
republicano não está hoje em causa nem os portugueses querem o regresso
"a uma ditadura, aberta ou disfarçada, permanente ou temporária".
"A
razão de ser de desilusões, de desconfianças, de descrenças é outra,
tem a ver com o cansaço perante casos a mais de princípios vividos de
menos", atirou o Presidente da República. E, enumerou esse cansaço: "De
cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o
centro do mundo, se permite admitir dependências pessoais e funcionais,
se distancia dos governados, aparenta considerar-se eterno, alimenta
clientelas, redes de influência de promoção social, económica e
política."
Na sua primeira cerimónia
das comemorações da Implantação da República, Marcelo pediu aos
políticos que sejam exemplo para os portugueses, alegando que o exemplo
dos que exercem o poder é fundamental para que o povo continue a
acreditar no 5 de outubro. "O exemplo dos que exercem o poder é
fundamental sempre para que o povo continue a acreditar no 5 de
outubro", afirmou o chefe de Estado.
Sublinhando
que "o 5 de outubro está vivo", mas só se todos lhe derem vida para que
os portugueses se possam rever na República democrática, Marcelo Rebelo
de Sousa destacou a necessidade de quem exerce o poder de dar o exemplo
de "constante humildade, de proximidade, de frugalidade, de
independência, de serviço pelos outros, de todos os outros, mas com
natural atenção aos mais pobres, carenciados, excluídos".
Medina: "Celebramos este ano o Dia da República como devemos"
Já
o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, alternou o seu
discurso entre o elogio da obra que vai sendo feita no município e a
defesa da "solução política saída do quadro parlamentar". Logo a abrir,
Medina notou que a Implantação da República está a ser celebrada "numa
praça aberta ao povo".
"Celebramos este
ano o Dia da República, o 5 de outubro, como devemos: em dia feriado e
festivo e numa praça aberta ao povo. Porque é desta forma que merece ser
evocado um momento chave da nossa história", declarou o autarca
socialista.
Para Fernando Medina, esta
evocação também se relaciona com o que o 5 de outubro de 1910
"representou de transformação na sua época, mas sobretudo pelo momento
inspirador e pelo que representa enquanto ideia de futuro para
Portugal". "A vida da República é a vida dos seus ideais", sublinhou o
presidente do município lisboeta, apontando que "a liberdade, a
igualdade, o progresso, a justiça e a dignidade nacional permanecem hoje
referências centrais para a construção do nosso futuro coletivo".
Há
um ano, esta celebração realizou-se um dia após as eleições
legislativas, altura em que, para Fernando Medina, "se abriu um novo
ciclo político no país", como já havia dito no discurso dessa ocasião.
"Devemos hoje reconhecer que a solução política saída do quadro
parlamentar está a dar resposta à vontade expressa pelos portugueses nas
eleições: prosseguir uma política de recuperação gradual dos
rendimentos, sem rutura no quadro do relacionamento europeu", sustentou.
Segundo
o autarca "a nova maioria parlamentar [liderada pelo ex-presidente da
Câmara de Lisboa, António Costa] está a contribuir para a normalização
da vida do país e está a aproximar os cidadãos das instituições
políticas". Também a atuação do Presidente da República, Marcelo Rebelo
de Sousa, tem ido nesse sentido, ao se pautar pela "proximidade no
exercício do poder público, a concentração em alargar maiorias de
solução e não ampliar minorias de bloqueio" e pelo "diálogo contínuo e
claro com os portugueses", considerou Fernando Medina.
"Hoje
temos as instituições mais alinhadas com o sentir dos portugueses e
temos um país mais consciente das suas possibilidades", concluiu.
5 de outubro volta a ser feriado
Depois
de em 2006 o então Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, ter
decidido levar as cerimónias do 5 de outubro para a rua, transferindo os
discursos do Salão Nobre dos Paços do Concelho para a Praça do
Município, o mesmo Cavaco Silva alteraria o modelo das cerimónias ao
longo dos anos.
Em 2009, ano de
eleições autárquicas, o Presidente da República não esteve presente na
Câmara Municipal e organizou uma pequena cerimónia no Jardim da Cascata,
no Palácio de Belém. Em 2010 e 2011, os discursos regressaram à Praça
do Município, mas em 2012, pela primeira vez desde 1910, a cerimónia
decorreu fora da câmara, tendo sido escolhido o Pátio da Galé.
Contudo,
o que acabou por marcar as cerimónias em 2012 não foi a mudança do
local dos discursos, mas o facto de a bandeira ter sido hasteada na
varanda dos Paços do Concelho com o escudo ao contrário e a intervenção
indignada de uma mulher, já então por causa da crise económica que se
sentia.
Em 2013, 2014 e 2015, as cerimónias voltaram ao Salão Nobre da Câmara de Lisboa, longe da vista e do povo, que nos anos da troika
se fez ouvir no interior dos Paços de Concelho com vaias e protestos.
No ano passado, o Presidente da República voltou a não estar presente,
alegando ter de "se concentrar na reflexão sobre as decisões" que teria
de tomar nos dias seguintes, numa referência às eleições que se
realizaram na véspera, 4 de outubro.
Este ano, o dia da Implantação da República voltou também a ser feriado, depois de ter sido eliminado em 2013.
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