Justiça
Juiz Rui Rangel investigado no âmbito do processo "Rota do Atlântico"
Magistrado será suspeito de receber fortuna do empresário futebolístico José Veiga
A
Procuradoria-Geral da República revelou hoje foi aberto uma
investigação ao juiz desembargador Rui Rangel, com origem numa certidão
do processo "Rota do Atlântico", estando a decorrer pelo Ministério
Público junto do Supremo Tribunal de Justiça,
"Confirma-se
a existência de um inquérito que teve origem numa certidão do processo
'Rota do Atlântico", respondeu hoje à agência Lusa a PGR, na sequência
de uma questão levantada após uma notícia de sábado passado do jornal
Correio da Manhã, segundo a qual o juiz Rui Rangel era suspeito de
receber fortuna do empresário futebolístico José Veiga, arguido naquele
processo relacionado com crimes de corrupção no comércio internacional,
fraude fiscal e branqueamento de capitais e tráfico de influência.
A PGR adianta que "encontra-se em investigação e está em segredo de justiça".
A
investigação ao juiz desembargador Rui Rangel teve direito a um dossier
de oito páginas na edição de sábado do jornal Correio da Manhã, segundo
o qual o juiz terá recebido vários depósitos num dia.
De
acordo com o Correio da Manhã (CM), esta investigação surge na
sequência da prisão, em fevereiro, do empresário José Veiga, por
corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Seguindo
o rasto a "milhões [de euros] escondidos", a Polícia Judiciária terá
encontrado "centenas de milhares de euros depositados em nome de um
jovem sem motivo aparente", relata o jornal.
O
jovem em causa será filho do advogado José Bernardo Santos Martins,
amigo de Rui Rangel e, segundo o CM, a Polícia Judiciária acredita que o
destinatário final do dinheiro será Rangel.
O advogado Santos Martins usaria a conta do filho para "receber dinheiro com origem numa empresa da esfera de [José] Veiga".
O
jornal conta que numa busca feita ao escritório do advogado foram
encontrados talões de depósito na conta do juiz Rui Rangel, de valores
sempre abaixo dos 10 mil euros, já que acima deste valor os bancos têm
de comunicar as transações às autoridades.
Nas
buscas terá sido igualmente apreendido o computador, onde foram
encontrados emails de Rui Rangel "a pedir milhares de euros de forma
compulsiva".
A operação Rota do
Atlântico tinha como principais alvos o empresário José Veiga e o sócio
Paulo Santana Lopes, que funcionariam como intermediários num esquema de
corrupção com membros do governo da República do Congo.
Segundo
Procuradoria-Geral da República (PGR), este inquérito tem nove arguidos
constituídos, quatro pessoas singulares e cinco pessoas coletivas.
De
acordo com o Ministério Público, os detidos, alegadamente, celebravam
contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras
públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre
diversas entidades privadas e estatais.
Os
proventos gerados com esta atividade eram utilizados na aquisição de
imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros
negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e
colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e
integrando-o na atividade económica lícita, precisou então a PGR.
A
investigação Rota do Atlântico é dirigida pelo Departamento Central de
Investigação e Ação Penal (DCIAP) e envolveu cerca de três dezenas de
buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a
três escritórios de advogados.
copiado http://www.dn.pt/portugal/
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