Candidatos em todos os cantos do Brasil celebraram suas vitórias neste domingo, depois de ter gastado R$ 2,131 bilhões (oficialmente) para ganhar cargos que geralmente vem com altos salários, pouco trabalho e quase sem fiscalização. Mas os resultados demonstram que grande parte da população não poderia se importar menos. Dos 50 municípios mais populosos do Brasil, o “Nulo/Branco” foi o “candidato” mais votado em cinco e o segundo mais votado em 13, segundo apuração dos dados do Tribunal Superior Eleitoral feita pelo The Intercept Brasil.
Pior, estes números não consideram abstenções. No Rio, por exemplo, houve 1.189.187 abstenções, enquanto o candidato mais votado, Marcelo Crivella (PRB), obteve apenas 842.201 votos. Em São Paulo, “abstenção/branco/nulo”  foi mais popular que João Doria (PSDB), que ganhou no primeiro turno com mais de 3 milhões de votos.
“Nulo/branco” seria também o candidato mais bem votado em: São Gonçalo – RJ (16º mais populoso), Nova Iguaçu – RJ (24º), Osasco – SP (26º), Contagem – MG (31º) e Belford Roxo – RJ (43º).
Em Nova Iguaçu, o candidato mais votado, Rogério Lisboa (PR), foi julgado inelegível e em Belford Roxo, o segundo mais votado, Dr. Deodalto (DEM), está inelegível. Os dois estão recorrendo na justiça.
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Imagem: UOL
Se fosse candidato, o “Nulo/branco” seria o segundo mais votado em: São Paulo – SP (1º), Rio de Janeiro – RJ (2º), Salvador – BA (4º), Belo Horizonte – MG (6º), Guarulhos – SP (13º), Campinas – SP (14º), Duque de Caxias – RJ (18º), Natal – RN (19º), São Bernardo do Campo – SP (22º), Santo André – SP (25º), Ribeirão Preto – SP (31º), Niterói – RJ (42º) e São João de Meriti (50º).
A alta indiferença em relação a quem governa sua cidade é indicativo de uma crise de confiança com o sistema democrático brasileiro. Porquê votar se as estruturas políticas estão desenhadas para perpetuar a criminalidade e a corrupção? Porquê votar se suas opções mais viáveis são entre um “defensor da família” hipócrita e um corrupto do empresariado?
Isto não é novo. Estes resultados são parecidos com o de eleições anteriores.
Com algumas exceções, este domingo não foi uma grande celebração da democracia brasileira. Foi uma indicação de quanto trabalho ainda precisa ser feito para tirar do poder os coronéis, milicianos e corruptos que governam boa parte do país seguindo seus próprios interesses.
Este fenômeno não é explicitamente culpa do Cunha e Temer ou Dilma e Lula. Mas para segmentos da população cada um representa a personificação da desilusão “com tudo o que está aí”.