Medidas anticorrupção Texto aprovado é "lei da intimidação", diz Dallagnol Procurador da República criticou deputados; projeto vai ao Senado Lorenzoni foi chamado de palhaço

Medidas anticorrupção Texto aprovado é "lei da intimidação", diz Dallagnol Luis Macedo / Câmara dos Deputados Procurador da República criticou deputados; projeto vai ao Senado

  • Lorenzoni foi chamado de palhaço

    Dallagnol diz que texto aprovado pela Câmara é "lei da intimidação"

    Em Brasília

    • Rodrigo Félix Leal/Futura Press/Estadão Conteúdo
      Dallagnol, em coletiva sobre o oferecimento de denúncia contra o ex-presidente Lula
      Dallagnol, em coletiva sobre o oferecimento de denúncia contra o ex-presidente Lula
    O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, criticou a inclusão, no pacote anticorrupção, da possibilidade de que juízes e integrantes do Ministério Público respondam por crime de responsabilidade.
    "Está sendo aprovada a lei da intimidação contra promotores, juízes e grandes investigações", disse no Twitter.
    O texto aprovado, no entanto, é mais brando do que a ideia inicial articulada pelos deputados, que queriam que integrantes do Poder Judiciário respondessem por crime de responsabilidade, o que poderia levar até mesmo à perda do cargo.
    Pela emenda aprovada, os membros do Ministério Público podem responder pelo crime de abuso de autoridade se, entre outros motivos, promoverem a "instauração de procedimento sem que existam indícios mínimos de prática de algum delito".
    Além da "sanção penal", o procurador ou promotor poderia estar "sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado".
    Já os magistrados podem ser enquadrados em pelo menos oito situações, entre elas, se "expressar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo pendente de julgamento". A pena prevista é de seis meses a dois anos de prisão e multa.

    Onyx Lorenzoni é vaiado e chamado de palhaço

    Josias de Souza

    .
    Relator do pacote de medias anticorrupção, o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) foi tratado pelos colegas como um pária durante a sessão que terminou às 4h18 da madrugada desta quarta-feira. A hostilidade foi mais acintosa no momento em que Onyx escalou a tribuna para discursar contra a emenda sobre “abuso de autoridade” de juízes e procuradores. Foi interrompido pelas vaias. Chamaram-no de palhaço.
    “A Câmara dos Deputados, hoje, deu um passo muito importante no momento em que aprovou o relatório [com as medidas anticorrupção]”, disse Onyx a certa altura. “Agora, nós vamos começar o processo de desconfiguração e de destruição daquilo que é…” As vaias impediram o deputado de concluir a frase.
    Onyx defendia que as sanções a magistrados e membros do Ministério Público fossem debatidas noutro projeto, não no pacote anticorrupção. “Não cabe ao Parlamento brasileiro, num momento tão bonito e tão alto, […] se valer desse projeto para dar um cala-boca em quem investiga, para ameaçar quem está julgando. O que vão fazer os procuradores? Não vão denunciar, para não colocar suas carreiras em risco. O que vão fazer os juízes? Não vão julgar, para não colocar suas carreiras em risco. É isso que nós queremos? É esse o nosso objetivo?”
    Os colegas de Onyx responderam afirmativamente às suas indagações ao aprovar por 313 votos a 132 a emenda da vingança. Queriam, sim, que procuradores procurassem menos, para que os juízes não tivessem tanto o que julgar.
    “Essa emenda será conhecida no Brasil todo como emenda anti-investigação, contra o combate à corrupção, uma emenda do mal”, discursou Onyx, antes de dirigir um apelo aos ouvidos moucos que o observavam: “Por favor, senhoras e senhores, vamos fazer a coisa certa, discutir em outro projeto. Vamos preservar o projeto das dez medidas [anticorrupção], não uma vingança pequena, menor e desimportante contra aqueles que, hoje, têm o respeito da população, porque estão passando o Brasil a limpo.”
    Ao final da sessão, prevaleceu o pedaço do plenário que prefere passar o país a sujo.
    copiado  http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br

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