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Trump é pior pesadelo para quem protesta contra pipeline no Dacota
Ativistas e Standing Rock Sioux afirmam que oleoduto ameaça reservas de água e terras sagradas. Há meses acampados junto às obras, esperam que Obama anule projeto até janeiro.
Trump é pior pesadelo para quem protesta contra pipeline no Dacota
Ativistas
e Standing Rock Sioux afirmam que oleoduto ameaça reservas de água e
terras sagradas. Há meses acampados junto às obras, esperam que Obama
anule projeto até janeiro.
Donald
Trump nunca comentou diretamente a construção do oleoduto Dakota Access.
Mas o presidente eleito - que no verão vendeu a participação que
detinha numa das empresas responsáveis pela obra e cujo CEO foi um dos
financiadores da sua campanha - nunca escondeu que é um apoiante da
indústria petrolífera e dos pipelines. Por isso, a última
esperança para os manifestantes que nos últimos meses enfrentaram balas
de borracha, canhões de água e, nas últimas semanas, temperaturas
gélidas é que Barack Obama anule o projeto antes de deixar a Casa Branca
a 20 de janeiro. Porque se a decisão for adiada para a Administração
Trump, dificilmente lhes será favorável.
Os
protestos contra o Dakota Access, no estado americano do Dacota do
Norte, juntam ecologistas a membros da tribo índia dos Standing Rock
Sioux (algo como Sioux Pedra Firme), cuja reserva se situa nas terras
contíguas àquelas por onde está prevista a passagem do pipeline.
Os nativos americanos alertam para o facto de o traçado do oleoduto
ameaçar as suas reservas de água, além de afetar terras sagradas da
tribo.
"As pessoas estão com muito medo", afirmou à revista Rolling Stone
Ken Abrahamson. Este veterano da guerra do Iraque natural do Colorado
chegou ao Dacota há semanas para apoiar o protesto contra a construção
do oleoduto. E garante que depois da vitória de Trump nas presidenciais
de 8 de novembro, "as pessoas aqui só estão à espera que a Guarda
Nacional chegue e comece a distribuir balas de borracha". Mais, "muitos
acreditam que se não vencermos esta batalha até janeiro, estamos
lixados", acrescentou Abrahamson.
Entre
os ativistas acampados nas margens do rio Missouri, a campanha
eleitoral perdeu interesse quando Hillary Clinton ganhou a nomeação
democrata, afastando Bernie Sanders. O senador do Vermont era o herói
dos ativistas pela sua tomada de posição pública contra o oleoduto.
Jane Fonda e o peru
Depois
dos confrontos com a polícia no início desta semana, a noite de
quinta-feira para ontem foi de festa entre os manifestantes. O final do
Dia de Ação de Graças foi marcado pela presença no acampamento de Jane
Fonda. A atriz fez parte do grupo que organizou um jantar para 500
pessoas, levando o peru, tradicional neste feriado americano, até aos
manifestantes. Um gesto que não agradou a todos. "Qual é a ideia? "Oh,
queremos ajudar os pobres índios logo no dia de Ação de Graças"",
questionou Kandi Mosset. A nativa americana de 37 anos garantiu ao The Guardian:
"Tentamos explicar às pessoas que não precisamos que as celebridades
venham até aqui, nos alimentem, tirem uma fotografia e se vão embora".
Jane
Fonda foi a última de uma longa lista de famosos a ir ao Dacota do
Norte manifestar o seu apoio aos ativistas. Os atores Mark Ruffalo e
Patricia Arquette, por exemplo, levaram painéis solares e casas de banho
portáteis. A atriz Shailene Woodley chegou mesmo a ser detida com 26
outros manifestantes durante um protesto a 10 de outubro.
Com
um custo avaliado em 3,7 mil milhões de dólares (3,4 mil milhões de
euros), o projeto Dakota Access consiste num oleoduto com 1885
quilómetros que vai levar o petróleo desde o Dacota do Norte até ao
Ilinóis. Em setembro, o presidente Obama autorizou a suspensão das obras
enquanto decorria uma avaliação dos Engenheiros do Corpo do Exército
dos EUA à passagem do pipeline sob o rio Missouri, junto às terras da reserva.
Os apoiantes do projeto garantem que o pipeline é
a melhor forma de transportar o petróleo do Dacota para as refinarias
no Golfo do México. Além de ser uma alternativa mais segura aos
transportes rodoviários ou ferroviários.
Os
engenheiros do exército americano anunciaram na semana passada que
precisam de mais tempo para consultas com os líderes tribais, apesar de
garantirem ter seguido todas as exigências legais para dar as
autorizações de construção.
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