Questionam contrapartidas da União Nordeste diz que vai ao Supremo por repatriação Governadores da região são contra exigências iguais para todos Estados
Nordeste reage e diz que vai ao STF por verba da repatriação
Alan Marques/ Folhapress | ||
Presidente Michel Temer em reunião com governadores na semana passada, em Brasília |
Governadores do Nordeste se rebelaram contra o pacote de medidas de
austeridade que o Ministério da Fazenda apresentou na semana passada
como contrapartida para que os Estados fiquem com R$ 5 bilhões
referentes à parcela de multas pagas no programa de repatriação de
recursos mantidos no exterior.
Os representantes da região afirmam que as medidas apresentadas pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) na terça-feira (22) não tinham sido apresentadas a eles.
Os governadores reclamam porque dizem ter feito o "dever de casa" com medidas de cortes de despesas.
"A gente tinha feito a reunião [com o governo] para acertar compromissos gerais com o ajuste fiscal, apoio às reformas como a da Previdência e, na hora da [entrevista] coletiva [para jornalistas], Meirelles veio com um detalhamento de questões que nunca vão ser unificadas entre os 27 Estados. É impossível", disse o governador Paulo Câmara (PSB-PE), que se apresentou como porta-voz dos colegas dos outros oito Estados nordestinos.
A lista de exigências do governo central inclui uma série de medidas
impopulares para serem encabeçadas por governadores, a menos de dois
anos das eleições.
"Vamos fazer os nossos ajustes, continuar a defender medidas de austeridade no âmbito federal, mas não dá para ter esse tipo de negociação, colocando condicionantes que dificilmente terão uma uniformidade entre os Estados. E muito menos colocar uma questão que está judicializada como moeda de troca", disse Câmara.
Praticamente todos os Estados acionaram o STF (Supremo Tribunal Federal) exigindo que a União compartilhasse com eles parte das multas geradas pela repatriação dos recursos.
A ministra do STF Rosa Weber bloqueou liminarmente o dinheiro arrecadado, mas a decisão final ainda será tomada pelo plenário.
O governo federal havia exigido que os Estados retirassem as ações para liberar os recursos. Mas agora, depois das contrapartidas apresentadas pela Fazenda, os governadores dizem que não recuarão e vão pessoalmente ao STF na terça (29).
Em outra frente, Paulo Câmara conversou por telefone com o presidente Michel Temer no fim de semana.
"Expliquei que estava muito difícil encontrar um consenso de uniformidade entre os nove Estados do Nordeste. Entre os 27 é mais difícil ainda. O presidente disse que ia colocar essa questão a Meirelles para achar uma saída."
CARTA
Dos 9 governadores nordestinos, 7 reuniram-se no Recife na sexta-feira (25) para discutir as exigências federais. Somente Bahia e Sergipe não enviaram representantes. No encontro, foi redigida uma carta aberta ao governo federal em nome de todos os nove Estados.
Esses governadores consideram que seus Estados saíram de um deficit primário de R$ 9,5 bilhões, em 2014, para um resultado positivo de R$ 6,5 bilhões no fim de 2015.
Nesse período, as despesas primárias aumentaram 2,4%, e a receita bruta, 5,4%.
As receitas de arrecadação própria aumentaram 7%, enquanto as receitas provenientes das transferências da União aos Estados cresceram 1% nominal no período. Ou seja: os Estados dizem que fizeram sua parte.
OUTRO LADO
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que os próprios governadores sugeriram medidas para garantir o equilíbrio fiscal das unidades da Federação.
"Na reunião entre Estados e governo federal na última terça-feira [22], foi apresentada por governadores a proposta de um programa de austeridade visando assegurar o equilíbrio fiscal dos Estados, a exemplo do que está fazendo a União", afirmou o ministro em nota à Folha.
"Este ajuste é condição essencial para a retomada do crescimento econômico", completou o ministro.
Segundo Meirelles, baseada nesse conjunto de ideias, a Fazenda começou a trabalhar no detalhamento das propostas que, de acordo com o ministro, foram discutidas com os secretários estaduais de Fazenda.
"Dentro desse escopo, estamos negociando a repartição com os Estados da multa no processo de regularização de capitais. Na lei vigente, o resultado desta multa é exclusivo da União, não havendo, portanto, direito dos Estados", disse o ministro da Fazenda, reafirmando que a liberação dos recursos é parte do acordo de austeridade.
As declarações do ministro da Fazenda vieram depois de governadores do Nordeste terem afirmado que não haviam sido informados sobre as medidas do pacote de austeridade apresentado por Meirelles na na terça-feira (22).
Os representantes da re- gião reclamam das medidas porque dizem terem feito o "dever de casa" com cortes de despesas.
Meirelles afirmou que as medidas já tomadas pelos Estados serão levadas em conta e integrarão o ajuste.
"Pensamos que esse programa de austeridade da União e dos Estados será a base para a volta do crescimento econômico, do emprego e da renda", disse o ministro.
- Medidas legais que definam o teto de gastos nos Estados
- Congelamento de salário dos servidores por 2 anos
- Não criar mais cargos comissionados
- Corte de pelo menos 20% das despesas com funcionários comissionados
- Apresentação de emenda à reforma da Previdência para que as regras federais vigorem nos Estados
- Retirada de ações no STF pedindo o compartilhamento de multas que serão aplicadas com repatriação de recurso do exterior
copiado http://www1.folha.uol.com.br/
Os representantes da região afirmam que as medidas apresentadas pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) na terça-feira (22) não tinham sido apresentadas a eles.
Os governadores reclamam porque dizem ter feito o "dever de casa" com medidas de cortes de despesas.
"A gente tinha feito a reunião [com o governo] para acertar compromissos gerais com o ajuste fiscal, apoio às reformas como a da Previdência e, na hora da [entrevista] coletiva [para jornalistas], Meirelles veio com um detalhamento de questões que nunca vão ser unificadas entre os 27 Estados. É impossível", disse o governador Paulo Câmara (PSB-PE), que se apresentou como porta-voz dos colegas dos outros oito Estados nordestinos.
"Vamos fazer os nossos ajustes, continuar a defender medidas de austeridade no âmbito federal, mas não dá para ter esse tipo de negociação, colocando condicionantes que dificilmente terão uma uniformidade entre os Estados. E muito menos colocar uma questão que está judicializada como moeda de troca", disse Câmara.
Praticamente todos os Estados acionaram o STF (Supremo Tribunal Federal) exigindo que a União compartilhasse com eles parte das multas geradas pela repatriação dos recursos.
A ministra do STF Rosa Weber bloqueou liminarmente o dinheiro arrecadado, mas a decisão final ainda será tomada pelo plenário.
O governo federal havia exigido que os Estados retirassem as ações para liberar os recursos. Mas agora, depois das contrapartidas apresentadas pela Fazenda, os governadores dizem que não recuarão e vão pessoalmente ao STF na terça (29).
Em outra frente, Paulo Câmara conversou por telefone com o presidente Michel Temer no fim de semana.
"Expliquei que estava muito difícil encontrar um consenso de uniformidade entre os nove Estados do Nordeste. Entre os 27 é mais difícil ainda. O presidente disse que ia colocar essa questão a Meirelles para achar uma saída."
CARTA
Dos 9 governadores nordestinos, 7 reuniram-se no Recife na sexta-feira (25) para discutir as exigências federais. Somente Bahia e Sergipe não enviaram representantes. No encontro, foi redigida uma carta aberta ao governo federal em nome de todos os nove Estados.
Esses governadores consideram que seus Estados saíram de um deficit primário de R$ 9,5 bilhões, em 2014, para um resultado positivo de R$ 6,5 bilhões no fim de 2015.
Nesse período, as despesas primárias aumentaram 2,4%, e a receita bruta, 5,4%.
As receitas de arrecadação própria aumentaram 7%, enquanto as receitas provenientes das transferências da União aos Estados cresceram 1% nominal no período. Ou seja: os Estados dizem que fizeram sua parte.
OUTRO LADO
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que os próprios governadores sugeriram medidas para garantir o equilíbrio fiscal das unidades da Federação.
"Na reunião entre Estados e governo federal na última terça-feira [22], foi apresentada por governadores a proposta de um programa de austeridade visando assegurar o equilíbrio fiscal dos Estados, a exemplo do que está fazendo a União", afirmou o ministro em nota à Folha.
"Este ajuste é condição essencial para a retomada do crescimento econômico", completou o ministro.
Segundo Meirelles, baseada nesse conjunto de ideias, a Fazenda começou a trabalhar no detalhamento das propostas que, de acordo com o ministro, foram discutidas com os secretários estaduais de Fazenda.
"Dentro desse escopo, estamos negociando a repartição com os Estados da multa no processo de regularização de capitais. Na lei vigente, o resultado desta multa é exclusivo da União, não havendo, portanto, direito dos Estados", disse o ministro da Fazenda, reafirmando que a liberação dos recursos é parte do acordo de austeridade.
As declarações do ministro da Fazenda vieram depois de governadores do Nordeste terem afirmado que não haviam sido informados sobre as medidas do pacote de austeridade apresentado por Meirelles na na terça-feira (22).
Os representantes da re- gião reclamam das medidas porque dizem terem feito o "dever de casa" com cortes de despesas.
Meirelles afirmou que as medidas já tomadas pelos Estados serão levadas em conta e integrarão o ajuste.
"Pensamos que esse programa de austeridade da União e dos Estados será a base para a volta do crescimento econômico, do emprego e da renda", disse o ministro.
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CONTRAPARTIDAS PELA REPATRIAÇÃO
O que o governo Temer quer dos Estados para repassar dinheiro da multa:- Medidas legais que definam o teto de gastos nos Estados
- Congelamento de salário dos servidores por 2 anos
- Não criar mais cargos comissionados
- Corte de pelo menos 20% das despesas com funcionários comissionados
- Apresentação de emenda à reforma da Previdência para que as regras federais vigorem nos Estados
- Retirada de ações no STF pedindo o compartilhamento de multas que serão aplicadas com repatriação de recurso do exterior
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