Crise no Rio de Janeiro Hospital da Uerj perdeu 200 leitos, diz diretor Sem dinheiro, atendimentos foram reduzidos drasticamente

Crise fez hospital da Uerj perder mais de 200 leitos em 2017, diz diretor

Hanrrikson de Andrade
Do UOL, no Rio
  • Hanrrikson de Andrade/UOL
    1º.dez.2015 - Grupo de médicos residentes, formandos e alunos realizam protesto em frente à Uerj representando o Hospital Pedro Ernesto 1º.dez.2015 - Grupo de médicos residentes, formandos e alunos realizam protesto em frente à Uerj representando o Hospital Pedro Ernesto
A crise nas finanças do Estado do Rio de Janeiro atinge não só a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), como também o Hospital Universitário Pedro Ernesto, na zona norte carioca, que é ligado à instituição.
Segundo o diretor da unidade, Mário Fritsch, com servidores sem salário, alunos com bolsas atrasadas e falta de insumos e materiais básicos, houve uma drástica redução do número de leitos.
Em menos de um ano, passou de 300 para 70, segundo a contagem mais recente, feita em dezembro do ano passado.
"Um hospital que tem capacidade para 560 leitos, mas que vinha trabalhando no ano passado com 300 leitos. Em dezembro, já estava com menos de 100 leitos. Os técnicos de enfermagem e administrativos não estavam conseguindo comparecer. Teve gente que veio a pé para poder trabalhar. É uma coisa que assusta bastante", relatou.
O ano de 2016 acabou, mas a crise entrou em 2017 com ainda mais força para a comunidade acadêmica da Uerj. A falta de recursos e os problemas que surgiram na esteira da inadimplência do Estado fizeram a direção da Faculdade de Ciências Médicas suspender o ano letivo.
Muitos alunos já haviam retornado às aulas, como os que estão no internato e em programas de residência médica, mas eles não terão mais aulas a partir da próxima segunda-feira (6).
A instituição possui cerca de 30 mil alunos de medicina.
Um dos motivos que resultaram na decisão foi a interrupção do serviço de coleta de lixo no campus universitário, que ocorreu nesta semana. Segundo Fritsch, o Estado não realiza os repasses para a empresa que presta o serviço desde agosto do ano passado.
"Vai começar uma fase de acúmulo de lixo dentro do campus. A limpeza é o mínimo que a universidade pode oferecer. Não podemos abrir nessas condições", reclamou.
Soma-se a isso o fechamento dos restaurantes populares da Uerj, também por falta de pagamento aos fornecedores, e a suspensão das atividades de todas as bibliotecas.
Funcionários reclamam ainda da falta de luz em salas e laboratórios, da escassez de luvas descartáveis e de falta de manutenção nos elevadores.
A suspensão das atividades acadêmicas vai impactar o já prejudicado funcionamento do hospital Pedro Ernesto. Fritsch afirma que pode ocorrer uma redução ainda maior do número de leitos, pois as aulas práticas e os projetos laboratoriais ajudam a manter o atendimento.
"Isso afeta o número de leitos para os pacientes, pois os professores terão menos atividades, o que reflete nos programas de residência. Às vezes, os pacientes lidam diretamente com os alunos da faculdade de medicina do último ano."
O diretor da faculdade explicou, por outro lado, que a escala dos residentes não vai parar. Os que já atuam nessa condição continuarão trabalhando normalmente, mas os alunos que ingressariam nos programas e reforçariam o efetivo serão prejudicados em virtude da suspensão das aulas.
Segundo ele, atualmente, mais da metade do quadro funcional do hospital Pedro Ernesto não está comparecendo ao trabalho. São dois motivos: a greve da categoria de técnicos-administrativos, iniciada no ano passado, e porque muitos funcionários não têm condições de ir ao trabalho. "Há pessoas que sequer têm o dinheiro da passagem."
Segundo a assessoria do hospital, as atividades da unidade foram reduzidas em função da crise do Estado e da falta de verba. Além do número de leitos, também foram fechadas duas das três enfermarias do Pedro Ernesto e o banco de sangue, que antes atendia de segunda a sexta em horário integral, hoje funciona apenas três vezes por semana entre 8h e 12h.

"Muitas pessoas estão sem condições de trabalhar, não estão recebendo, não tem nem como pagar as passagens para vir até o trabalho, e isso afetou o hospital. Para não fechar, o hospital reduziu o seu funcionamento. A nossa esperança é que essa situação se resolva da forma mais rápida possível para que o hospital possa voltar a funcionar normalmente."
A Uerj tem, no total, 41.925 alunos, sendo 26.767 da graduação. Nesta sexta (3), a universidade adiou o início das aulas pela quarta vez no ano. A previsão é de que o retorno aconteça no dia 13 de fevereiro.
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