Em audiência com o juiz Sergio Moro nesta terça (7), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) leu uma carta ao
juiz Sergio Moro em que disse ter um aneurisma e reclamou da falta de tratamento na prisão onde está detido.
Além disso, o réu da
Operação Lava Jato,
disse que os presos da operação correm "risco" nos presídios e
classificou a investigação como "um processo político", já que empresas
estrangeiras não são punidas.
"Falo com a autoridade de quem foi responsável pelo impeachment da
ex-presidente da República para defender a legalidade do nosso país. Não
é a minha prisão que vai me impedir de elencar minhas opiniões",
declarou.
Cunha escreveu a carta de próprio punho, em folhas de caderno, em sua
cela no Complexo Médico Penal, em Pinhais, onde está detido há quase
quatro meses.
"Estamos com um processo político aqui. Empresas estrangeiras, eu quero
protestar, são poupadas de responsabilização e empresas brasileiras
pagam milhões no exterior, além da perda de mercado", declarou.
Sobre o aneurisma, Cunha disse "sofrer do mesmo mal que acometeu a
ex-primeira-dama Marisa Letícia, um aneurisma cerebral", e emendou para
"prestar solidariedade à família pelo passamento".
"O presídio onde ficamos não tem a menor condição de atendimento se
alguém passar mal. São várias as noites em que presos gritam, sem
sucesso, por atendimento médico, e não são ouvidos pelos poucos agentes
que lá ficam à noite", disse.
Para Cunha, ele e outros presos na Lava Jato estão "absolutamente em
risco" porque "misturados a presos condenados por violências
inimputáveis". Disse que o tratamento na prisão é "respeitoso e com
condições dignas", mas reclamou que "não há cumprimento à lei de
execuções penais".
Ainda sobre a questão da segurança, Cunha mencionou uma
rebelião num presídio vizinho ao de Pinhais, no mês passado.
"Teve tentativa de fuga lá. A própria rebelião de Piraquara foi ouvida por nós como se fosse dentro da prisão", afirmou.
Por fim, pediu sua libertação a Moro, para responder ao processo em liberdade.
"Que os verdadeiros culpados sejam punidos, e respeitado o
contraditório, a lei e o devido processo legal, e que não haja
antecipação de cumprimento de pena por prisão cautelar, ao arrepio da
lei", disse.
Esta foi a primeira vez em que o ex-deputado falou a Moro, durante audiência de interrogatório, que durou cerca de três horas.
Ele também carregava um calhamaço de documentos, na chegada ao prédio da Justiça Federal.
O político tem acompanhado pessoalmente todas as audiências do processo
–o que não é comum a outros réus presos na Lava Jato. Em ocasiões
anteriores, sentou ao lado do seu advogado, fez anotações e cochichou
instruções e comentários aos defensores, durante os depoimentos de
testemunhas.
O ex-deputado é réu sob acusação de receber R$ 5 milhões de propina em
contas na Suíça, abastecidas com dinheiro de contratos de exploração de
petróleo da Petrobras na África. Ele é suspeito de interceder em favor
da empresa vencedora do negócio.
O peemedebista nega irregularidades e diz que as contas pertencem a
trusts (instrumento jurídico usado para administração de bens e recursos
no exterior), e foram abastecidas com recursos lícitos.
copiado http://www1.folha.uol.com.br/poder/
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