Fique sabendo - Brasileiro terá que trabalhar 344 horas a mais por ano Reforma Trabalhista que está no Congresso prevê aumento da carga horária
Brasileiro terá que trabalhar 344 horas a mais por ano
Reforma Trabalhista que está no Congresso prevê aumento da carga horária
Martha Imenes
Rio
- A Reforma Trabalhista que o governo Temer encaminhou ao Congresso
deve ser apreciada pelos parlamentares até o meio do ano, antes do
recesso. A informação foi dada pelo ministro do Trabalho Ronaldo
Nogueira. Caso o Projeto de Lei 6.787/2016 seja aprovado na íntegra
pelos parlamentares, o brasileiro deve se preparar para trabalhar mais
horas. De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o
empregado pode trabalhar, no máximo, 2.296 horas por ano. Mas se
depender do governo, ele terá a jornada anual aumentada em 344 horas. Ou
seja, vai trabalhar ao todo 2.640 horas.
Temer garante que não vai mexer em direitos ‘sagrados’ dos trabalhadores com a Reforma Trabalhista
EBC
O PL prevê ainda mudanças na forma de remuneração,
o parcelamento das férias e o trabalho em home office (em casa). Esses
aspectos poderão ser negociados diretamente entre sindicatos e empresas,
de acordo com o projeto. Além disso, a proposta facilita a criação
vagas temporárias e em tempo parcial, que dão menos direitos a
funcionários e que podem tomar o lugar dos empregos tradicionais.
“O
governo disse que o PL 6.787 não é urgente, mas já escolheu os
relatores da matéria. O que é, no mínimo contraditório”, adverte João
Cayres, secretário-geral da
Em mensagem a parlamentares na
abertura do ano legislativo, o presidente Michel Temer garantiu que não
vai suprimir direitos “sagrados” dos trabalhadores. Mas, para justificar
as alterações nas relações de trabalho, Temer afirmou que as normas
precisam ser modernizadas e ajustadas à economia contemporânea. Pela
ótica da lei, o governo não poderia mudar direitos adquiridos. A reforma
determina que prevaleça o negociado sobre o legislado.
“As
negociações entre empregado e empregador não poderão tratar dos
principais direitos conquistados como FGTS, 13º salário, adicional de
horas extras, aviso prévio, normas relativas à segurança e saúde do
trabalhador, seguro-desemprego, salário-família e licença maternidade”,
afirmou Alexey Dantas, do escritório Thomé&Advogados Associados, no
Centro do Rio.
Mas não é dessa forma que representantes de
trabalhadores, Ministério Público, associações de magistrados,
advogados, entre outros, veem as mudanças. No último dia 24, foi criado
um Fórum Interinstitucional de Defesa do Direito do Trabalho e da
Previdência Social, que se opõe às reformas trabalhista e previdenciária
propostas pelo governo.
“Esse colegiado reivindica a retirada do PL do Congresso por entender que fere direitos sociais dos trabalhadores”, finaliza. Para sindicatos, proposta é prejudicial
Diversos
acordos entre patrões e sindicatos, como os previstos nos moldes do PL
6.787, já são questionados nos tribunais por prejudicarem os
trabalhadores. “A realidade sindical brasileira é marcada pela presença,
lado a lado, de sindicatos sérios, combativos e dotados de grande
representatividade e de entidades com pouca ou nenhuma legitimidade”,
avalia o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury.
E essa é a
principal preocupação das duas maiores centrais sindicais do país. Para a
Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical, a valorização
da negociação requer fortalecimento dos sindicatos nos locais de
trabalho, o que não é comum no país.
JOÃO CAYRES, da CUT-SP: "O governo disse que o PL 6.787 não é
urgente, mas já escolheu os relatores. O que é, no mínimo,
contraditório”
Divulgação
“Embora a Constituição preveja a existência de
representante dos trabalhadores em cada empresa, a atividade não é
regulamentada no Brasil e são poucas as categorias que dispõem de
organização suficiente para negociar com patrões”, diz o deputado
federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, (SD) e presidente da Força.
De
acordo com João Cayres, secretário-geral da CUT-SP, as negociações já
existem, mas são feitas em momentos de crise. Segundo ele, o governo
Temer quer transformar a exceção em regra. “A intenção é acabar com
direitos trabalhistas”, alerta.
A afirmação da CUT
encontra coro na Força Sindical. “A discussão (do negociado sobre o
legislado) só pode ser feita junto com o fortalecimento da organização
sindical, com o direito de representação no local de trabalho e com
direito de greve”, defende Paulinho. “É preciso criar um coletivo
nacional que negocie com representantes por local de trabalho, senão
qualquer sindicato sem representatividade negociará e entregar direitos
dos trabalhadores”, avalia.
Brecha para 28 h mensais
Caso
estivesse valendo em janeiro de 2017, o projeto do governo Temer
abriria uma brecha para 28 horas de serviço acima da jornada normal do
mês. Seria o equivalente a sete horas extras por semana, nas quatro
semanas cheias do mês. Em outros meses, com mais feriados e menos dias
úteis, o estrago poderia ser ainda maior.
A jornada normal
máxima em abril de 2017, de acordo com as regras atuais, é de 164 horas.
Já para cumprir a jornada máxima prevista por Temer sem ter que que
trabalhar nos feriados, seriam necessárias 11h36 por dia, de segunda à
sexta, durante as quatro semanas daquele mês.
A Constituição
limita a duração da jornada a oito horas diárias e 44 horas semanais — o
que significa, no máximo, 2.296 horas anuais. São permitidas, além
disso, até duas horas extras por dia, desde que em caráter eventual.
Com
a reforma, acordos entre sindicatos e empregadores passam a ter força
de lei para negociar jornadas de até 220 horas mensais. O projeto de lei
também relativiza o limite máximo de 10 horas de trabalho por dia: as
oito horas normais acrescidas de duas horas extras. Acordos coletivos
estabelecendo jornadas de até 24 horas ininterruptas, que foram
invalidados pela Justiça do Trabalho no passado, tenderiam a ganhar
respaldo jurídico.
copiado http://odia.ig.com.br/economia/
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