Governo estuda projeto Aliados preparam mudanças em projeto de reforma da Previdência Em Berlim, cineastas protestam contra "crise democrática" no Brasil

Governo estuda projeto Aliados preparam mudanças em projeto de reforma da Previdência


25.jan.2017 - Danilo Verpa/Folhapress
SAO PAULO - SP - 25.01.2017 - A Força Sindical e o Sindicato Nacional dos Aposentados fazem manifestação por mudanças no texto da reforma da Previdência, na rua do Carmo, centro de Sao Paulo. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER) ORG XMIT: CENTRAIS SINDICAIS
Força Sindical e o Sindicato dos Aposentados fazem manifestação por mudanças no texto da reforma

Na semana em que a proposta de reforma da Previdência Social do governo Michel Temer começa a ser discutida no Congresso, parlamentares que integram a base aliada já articulam mudanças no texto original.
Integrantes do PSDB, os deputados Mara Gabrilli (SP) e Eduardo Barbosa (MG) são autores de uma emenda que acaba com as mudanças que o governo pretende fazer no benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência em situação de miserabilidade, o BPC (Benefício de Prestação Continuada).
Os deputados tucanos, que começaram a coletar apoio ainda em dezembro, conseguiram atingir na semana passada as 171 assinaturas necessárias para protocolar a emenda, o que planejam fazer nesta quinta-feira (16).
Devido à facilidade de encontrar parlamentares contrários às mudanças, Barbosa acredita que o governo não conseguirá promover as alterações no benefício.
"É muito difícil o governo emplacar essa proposta [do BPC]. Independente de partido político, observamos a avaliação de que isso é injusto. Estamos falando de pessoas miseráveis e vulneráveis", afirmou.
O texto do governo prevê a desvinculação do benefício do salário mínimo e o aumenta da idade mínima para receber o BPC, que passaria de de 65 para 70 anos. A emenda retira as mudanças e mantém a regra atual.
"Esse benefício não é previdenciário, é de assistência social. Não são recursos de contribuição previdenciária, o Tesouro tem um orçamento específico para esse fim", disse o deputado.
NEM O MÍNIMO
A deputada Mara Gabrilli critica a possibilidade de tornar o valor do benefício inferior ao salário mínimo.
"Se o país oferecesse o mínimo, como medicamento e cadeiras de rodas para os que precisam, tudo bem desvincular [o valor do benefício] e essas pessoas receberem menos. Mas isso não acontece. Cadê os serviços básicos de educação, saúde, transporte e infraestrutura?"
O próprio presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), defendeu em coluna na Folha que as regras do BPC devem ser mantidas e que o benefício "cumpre preciosa função social ao dar condições mínimas de sobrevivência a brasileiros muito pobres".
O líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que o assunto está sendo discutido internamente antes de a bancada se posicionar oficialmente.
JOVENS
O MBL (Movimento Brasil Livre), que esteve à frente de manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, quer sugerir aos deputados uma emenda que, entre outros pontos, cria um benefício de R$ 500 para todo brasileiro com mais de 65 anos. As mudanças sugeridas são para aqueles que nasceram a partir do ano 2000.
"Nossa proposta é ter um novo regime para uma nova geração", afirmou Kim Kataguiri, coordenador do MBL

 

 

 

Protesto em festival Em Berlim, cineastas denunciam "grave crise democrática" no Brasil



Cinema


Atualizada em 16.02.2017 12h25


Bruno Ghetti
Colaboração para o UOL, em Berlim (Alemanha)
Depois de “Aquarius”, em Cannes”, nesta quinta (16) foi a vez de “Joaquim”, em Berlim, chamar a atenção internacional para a crise política do Brasil. O diretor Marcelo Gomes, que disputa o Urso de Ouro na Berlinale, fez um protesto no início da tarde contra o governo de Michel Temer.
Durante conversa com a imprensa internacional, Gomes leu uma carta assinada por mais de 300 pessoas do setor audiovisual presentes em Berlim --entre eles, Laís Bondaznky, Luiz Bolognesi, Daniel Ribeiro, Julia Murat e Daniela Thomas--, apontando que o Brasil vive uma "grave crise democrática" e que o mandato de Temer é ilegítimo, além de defender as políticas públicas implementadas nos governos do PT, que ajudaram a tornar possível que 12 filmes nacionais participassem do Festival de Berlim este ano.
“Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano sob esse governo ilegítimo, direitos da educação, saúde, trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre sério risco de acabar. A diretoria da Ancine (Agência nacional de cinema) está agora em processo de substituição de dois de seus quatro diretores, que serão anunciados pelo ministério do atual governo”, diz o trecho inicial do documento (leia a íntegra da carta no fim deste texto).
Destacando a necessidade de que o setor inclua vozes que reflitam a diversidade étnica, cultural, religiosa e de gênero do país, pedem também que "qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas públicas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidas com o conjunto do setor e com toda a sociedade".
O protesto de Marcelo Gomes coroa uma série de outras pequenas manifestações individuais, que vinham ocorrendo desde o início da Berlinale. Em exibições de filmes como “Pendular”, de Julia Murat (na mostra Panorama), e “Rifle”, de Davi Pretto (na seção Forum), já ocorreram discursos contra o governo Temer. Na última terça, em uma recepção para brasileiros realizada na Embaixada do Brasil na Alemanha, cineastas leram trechos de uma versão ainda não acabada do documento lido hoje por Gomes.
O UOL apurou que, também em entrevistas individuais dos cineastas a publicações estrangeiras, o tema “política” tem surgido com frequência, com grande curiosidade da mídia internacional – vários desses diretores têm aproveitado a ocasião para denunciar o que acreditam ser um “golpe” contra a democracia no Brasil.

O filme

"Joaquim" foi apresentado na competição no final da manhã desta quinta. O longa mostra o processo de tomada de consciência política por Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que, de um sujeito obcecado por encontrar ouro em Minas (segundo o filme), acabaria se tornando um mártir na luta pela independência do Brasil.
A sessão do filme terminou com poucos aplausos; a exibição de gala acontece esta noite.
A produção se propõe a desconstruir a imagem que se tem de um dos “heróis” mais marcante no imaginário nacional. O longa começa à la “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, com a cabeça de Tiradentes exposta em praça pública, de cabelos curtos (ao contrário das imagens consagradas do mártir), com ele “narrando” (por uma voz em off) a própria história. Em tom sarcástico, ele diz que seu fim trágico se deveu ao fato de que, entre os rebeldes contra os desmandos portugueses, foi o único a “perder a cabeça”.
Ele se refere à sua exaltação de seus métodos revolucionários, que marcariam a Inconfidência Mineira. Mas, no filme, esse Tiradentes aparece apenas no final. Durante grande parte do longa, é apenas um caçador de minérios, que sai pelo interior de Minas reproduzindo diversos comportamentos predominantes da sociedade brasileira (de então e de hoje): é algo racista, machista e individualista. “Todos bandidos, corruptos e vadios”, diz o personagem, a certa altura, sobre o povo brasileiro.

Herói desconstruído

“Havia uma diferença entre os colonizadores portugueses e os espanhóis e ingleses: os de Portugal vinham quase sempre sem famílias. Ou seja: a ideia era explorar, mesmo. O povo brasileiro já foi formado com essa mentalidade colonizadora’, diz o diretor. “Existia muita pobreza em Minas naquela época, a elite copiava o comportamento da colônia portuguesa.”
“Estudei História nos anos 1970, época da Ditadura, Tiradentes era todo cabeludo – na época queriam torná-lo um novo Jesus Cristo. Mas quisemos desconstruir esse herói”, disse Gomes. “Ninguém que ser herói, são questões pessoais que fazem com que uma pessoa se torne um”. Um jornalista disse ter achado que, na caracterização, o ator Julio Machado ficou parecido fisicamente com o ex-presidente Lula. “Quisemos tornar [Tiradentes] um cidadão comum. Se você viu ali um outro cidadão comum, aí é outra história”, disse Gomes, aos risos.
Só aos poucos, Joaquim vai tomando consciência de como ele pode ajudar a trazer uma mudança de situação. Esse processo de “politização” se dá basicamente em três etapas. Primeiro, pela própria desilusão com a corrupção dos governantes; em seguida, pelo acesso a ideais libertários, a partir do convívio com um poeta/intelectual; por fim, pela experiência pessoal de Joaquim com grupos excluídos (o Tiradentes do filme passa algum tempo vivendo em um Quilombo). Está aí a gênese do novo Tiradentes, da parte final do longa: mais revoltado, querendo sangue.
Em uma das cenas de maior destaque, um indígena e um escravo negro, em um raro momento de descanso, começam a cantar juntos, em uma espécie de hip hop sertanejo do século 18. Uma espécie de ilustração do surgimento da cultura miscigenada do Brasil. “Talvez aquele seja nosso momento de conjunção, e acho que é o primeiro clique que [Tiradentes] tem”, diz Gomes, em relação ao início do despertar político do protagonista.
O filme em vários momentos parece dialogar com a plateia politicamente desiludida de hoje; há um discurso subversivo à situação brasileira atual mais ou menos disfarçada na situação vivida por Tiradentes. Não por coincidência, também na fala aos jornalistas, Gomes reiterou que considera o governo Temer “ilegítimo”.

A apresentação à imprensa de "Joaquim", filme brasileiro que disputa o Urso de Ouro do Festival de Berlim, foi nesta quinta-feira (16) palco de uma manifestação da classe cinematográfica nacional em protesto contra medidas do que chamaram de "governo ilegítimo".
O cineasta Marcelo Gomes, diretor do longa, leu uma carta assinada pelos profissionais brasileiros presentes no festival, em que apontam que o país vive "uma grave crise democrática", criticam a perda de direitos em áreas como saúde e educação e expressam temores de que novas medidas atinjam o setor audiovisual.
Citam com apreensão a troca da diretoria da Ancine (Agência Nacional de Cinema), com dois novos membros a serem anunciados em breve, e exaltam o trabalho que vinha sendo realizado nos últimos anos, que levou o Brasil a atingir um número de 27 produções participando de grandes festivais internacionais apenas neste início de 2017.
Leia a íntegra da carta:
Para a comunidade cinematográfica internacional
Estamos vivendo uma grave crise democrática no Brasil. Em quase um ano sob esse governo ilegítimo, direitos da educação, saúde, trabalhistas foram duramente atingidos. Junto com todos os outros setores, o audiovisual brasileiro, especialmente o autoral, corre sério risco de acabar. A diretoria da Ancine (Agência Nacional de Cinema) está agora em processo de substituição de dois de seus quatro diretores, que serão anunciados pelo ministério do atual governo.
O Brasil é formado por uma diversidade étnica-racial-cultural-religiosa e de gênero gigantesca. E a consciência dessa pluralidade tem se mostrado peça-chave na hora de planejar os programas educacionais, econômicos, culturais e de saúde do nosso país.
Na política do audiovisual brasileiro, não foi diferente. Nos últimos anos, a Ancine tem direcionado suas diretrizes observando com atenção esses muitos Brasis. Ampliou o alcance dos mecanismos de fomento, que hoje atingem segmentos e formatos dos mais diversos, do cinema autoral ao videogame; das séries de TV aos filmes com perfil comercial: do desenvolvimento de roteiro à distribuição.
O resultado é visível. O ano de 2017 começou com a expressiva presença de filmes brasileiros nos três dos principais festivais internacionais, totalizando 27 participações em Sundance, Rotterdam e Berlim. Não chegamos a esse patamar histórico sem planejamento, continuidade e diálogo entre Ancine e a classe realizadora, principalmente por meio de duas ações de fomento: a criação de uma lei que obriga os canais de TV a cabo a exibirem 3h30 de programação brasileira e a criação do Fundo Setorial do Audiovisual, que investe em várias linhas, em todos os tipos de audiovisual em qualquer fase de produção.
Entre as políticas do Fundo Setorial, gostaríamos de destacar, em especial, as políticas regionais, o edital de TV pública, o edital voltado para filmes de arte com perfil internacional, os editais e acordos de coprodução internacional.
As ações implementadas incidiram de forma positiva no setor audiovisual, que cresce 8,8% ao ano. Uma taxa superior à média do conjunto dos outros setores da economia brasileira, representando um valor adicionado de 0,54% na economia nacional. Esse percentual é maior do que o gerado pela indústria farmacêutica, de produtos eletrônicos e de informática, por exemplo.
O percurso trilhado nos últimos anos posiciona a Ancine e o Setor Audiovisual em possibilidade de aprimoramento de suas ações, com disposição para o diálogo e desenvolvimento de instrumentos capazes de proporcionar, em um curto espaço de tempo, um programa de ações afirmativas com recorte de raça e gênero em consonância com a pauta global que impõe a necessidade de aprimoramento e ajuste do setor audiovisual para garantia de maior representatividade e participação da população negra e das mulheres. E acreditamos, ainda, que deve ser incrementada uma política de formação de público, artística e técnica para que novas pessoas possam se qualificar e atuar em toda a cadeia da produção audiovisual. Além de uma política de acervo, para garantir condições para manutenção e acesso ao público da grande produção audiovisual brasileira, realizada ao longo de quase um século de atividade.
Tudo que se alcançou até aqui é fruto de um grande esforço do conjunto de agentes envolvidos entre Ancine, produtores, realizadores, distribuidores, exibidores, programadores, artistas, lideranças, poder público, entre outros. Acima de tudo, queremos garantir que toda e qualquer mudança ou aperfeiçoamento nas políticas públicas do audiovisual brasileiro sejam amplamente debatidas com o conjunto do setor e com toda a sociedade.
Assim, pedimos às instituições, produtores e realizadores de todo o mundo que apoiem a luta e a manutenção de todos os tipos de audiovisual no Brasil. Defendemos aqui a continuidade e o incremento dessa política pública.
Assinam esta carta os diretores e produtores dos filmes:
As Duas Irenes (Fabio Meira, Diana Almeida e Daniel Ribeiro)
Como Nossos Pais (Laís Bondaznky e Luiz Bolognesi)
Em Busca da Terra Sem Males (Anna Azevedo)
Está Vendo Coisas (Barbara Wagner e Benjamin de Burca)
Joaquim (Marcelo Gomes e João Vieira Jr.)
Mulher do Pai (Cristiane Oliveira, Graziella Ferst e Gustavo Galvão)
Não Devore Meu Coração! (Felipe Bragança e Marina Meliande)
Pendular (Julia Murat e Tatiana Leite)
Rifle (Davi Pretto e Paola Wink)
Vazante (Daniela Thomas e Sara Silveira)
Vênus - Filó a Fadinha Lésbica (Sávio Leite)

Para a lista completa de assinaturas, com mais de 300 nomes da comunidade cinematográfica de todo o mundo, vá para:
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 copiado  https://www.uol.com.br/

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