União Europeia: 60 anos de avanços e crises UE quer proclamar unidade em seu 60° aniversário, mesmo com Brexit

União Europeia: 60 anos de avanços e crises

AFP/Arquivos / EMMANUEL DUNANDA crise do Brexit foi um novo golpe na União Europeia, já debilitada pelo avanço das formações antieuropeias
Do Tratado de Roma até Maastricht, passando pela criação do euro e pela crise migratória, seguem abaixo os momentos que marcaram os 60 anos de construção europeia:
- Ata de nascimento -
Em 9 de maio de 1950 Robert Schuman, ministro francês de Relações Exteriores, coloca a pedra fundamental europeia ao propor à Alemanha, apenas cinco anos após o fim da guerra, integrara produção franco-alemã de carvão e aço em uma organização aberta a todos os países da Europa.
Um ano depois é assinado o Tratado de Paris, que criou a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), pela Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália e Luxemburgo.
Em 25 de março de 1957 os seis países assinam em Roma o Tratado de Fundação da Europa Política e Econômica, que institui a Comunidade Econômica Europeia (CEE), mercado comum baseado na livre circulação com a o fim das barreiras alfandegárias entre os Estados-membros.
No início de 1958 são criadas instituições comunitárias: o Conselho, a Comissão e a Assembleia Parlamentar.
- A CEE cresce -
Em janeiro de 1973 o Reino Unido, a Dinamarca e a Irlanda se unem à CEE, seguidos pela Grécia (1981), Espanha e Portugal (1986), Áustria, Finlândia e Suécia (1995).
O Tratado de Maastricht (Holanda), segunda ata de fundação da construção europeia, é assinado em 7 de fevereiro de 1992. O acordo estipula a adoção da moeda única e instaura a União Europeia.
Desde janeiro de 1993 o Mercado Único se transforma em realidade com a libre circulação das mercadorias, serviços, pessoal e capital. Apenas em março de 1995 os acordos de Schengen (Luxemburgo) permitem aos cidadãos membros da UE de viajarem sem controles fronteiriços.
Em 1 de janeiro de 2002 o euro entra na vida cotidiana de cerca de 300 milhões de pessoas. Somente Grã-Bretanha, Dinamarca e Suécia optam por conservar suas moedas nacionais.
No dia seguinte da queda do muro de Berlim, em 1989, e com a subsequente desintegração da União Soviética, os países do leste europeu começam o processo de adesão à UE.
Em maio de 2004 o bloco abre suas portas para Polônia, República Tcheca, Hungria, Eslováquia, Lituânia, Letônia, Estônia, Eslovênia, mas também para Malta e Chipre.
Bulgária e Romênia entram em 2007 e a Croácia em 2013.
- Tempos de crise -
Na primavera de 2005 a recusa a uma constituição europeia pelos eleitores franceses e holandeses mergulha a UE em uma crise institucional.
O Tratado de Lisboa, destinado a melhorar o funcionamento das instituições de uma UE ampliada, tenta tirar o bloco da crise. Foi ratificado com dificuldade em 2009.
Nesse mesmo ano o governo grego anuncia um forte aumento de seu déficit, primeira sinal de alarme de uma grande crise financeira. Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Chipre pedem ajuda a seus sócios e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que impõe drástricas medidas de austeridade.
Em plena crise financeira, a crise da dívida derruba um a um dos governos europeus, aumentando a desconfiança com a UE.
Recém saída da crise financeira, a UE enfrenta sua pior crise migratória desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com a chegada de milhares de solicitantes de asilo. A UE fracassa na implementação de um plano de ação para conter a crise.
Em setembro de 2015 a Alemanha, que abriu suas portas aos imigrantes, reinicia o controle de fronteiras. A decisão de Berlim repercute em outros países, principalmente da Europa central, que não querem receber refugiados.
A crise do Brexit foi um novo golpe na União Europeia, já debilitada pelo avanço das formações antieuropeias. Em junho de 2016 cerca de 17,4 milhões de britânicos, 51,9% dos eleitores, votam a favor da saída do Reino Unido da UE, algo nunca imaginado.

UE quer proclamar unidade em seu 60° aniversário, mesmo com Brexit

AFP/Arquivos / Daniel SORABJIA celebração será assombrada pelo Brexit, cujo lançamento será feito pelo Reino Unido quase imediatamente depois, em 29 de março
É uma Europa em plena tempestade que irá comemorar neste fim de semana, em Roma, o 60º aniversário de seu tratado fundador, proclamando sua unidade e seu "futuro comum", superando os ventos da discórdia, dúvida e o desafio populista.
A celebração será assombrada pelo Brexit, cujo lançamento será feito pelo Reino Unido quase imediatamente depois, em 29 de março.
Brexit, onda migratória, crise econômica, terrorismo, isolacionismo: Concebida por seis países para reconstruir a Europa após a Segunda Guerra Mundial, a União Europeia a vinte e sete corre o risco de desaparecer?
Todos - dos federalistas aos nacionalistas - concordam em reconhecer que a UE atravessa a pior crise desde o seu nascimento, em 25 de março de 1957, em Roma.
"O momento atual é o de imaginar que todos nós podemos fazer a mesma coisa juntos", admitiu recentemente o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, que defende "uma Europa a várias velocidades".
- Declaração de Roma -
Há 60 anos, Alemanha, França, Itália e os países do Benelux se comprometeram em "estabelecer os fundamentos de uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus".
Sábado, em Roma, os chefes de Estado e de Governo dos 27 da UE vão se reunir no Salão dos Horácios e Curiatii onde o tratado histórico foi assinado (na verdade, dois tratados: um econômico, outro atômico).
O encontro acontecerá sem a britânica Theresa May, que decidiu ativar o processo de separação do bloco europeu quatro dias depois.
Em uma declaração solene, os 27 vão afirmar sua "determinação em tornar a União mais forte e mais resistente, graças a uma maior unidade e solidariedade entre nós". Uma "união indivisível", em reação ao Brexit.
"Roma deve marcar o início de um novo capítulo" para uma "Europa unida a 27", estima Jean-Claude Juncker.
Mas, além da profissão de fé e "belas palavras", os líderes europeus sabem que a UE, se quiser se salvar, deve "se aproximar de seus cidadãos", conforme solicitado pelo presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, em um artigo na jornal francês Le Monde.
Trata-se de responder aos populistas que, como a francesa Marine Le Pen, presidente do partido Frente Nacional (FN), denunciam em nome do "povo" as "derivas totalitaristas" da UE e defendem a saída do euro.
- União em diferentes velocidades -
Para fazer avançar o projeto europeu, o presidente da Comissão revelou em 1º de março, em um "Livro Branco" sobre o futuro pós-Brexit, cinco pistas de reformas da UE.
Um dos cenários sugere "uma reorientação" para o mercado único, para levar em conta o fato de que os 27 "não são capazes de encontrar um terreno comum em um número crescente de assuntos".
Outro propõe "fazer muito mais juntos", na direção de um Estado federal, por meio da expansão da divisão de poderes entre os 27 e acelerando a tomada de decisões da UE.
Entre as duas opções, faixas intermediárias são desenhadas, como a de uma Europa "a várias velocidades" - apoiada por Paris e Berlim - "onde aqueles que querem mais possam fazer mais juntos", por exemplo em termos de defesa, segurança ou União econômica e monetária (UEM).
Correndo o risco de reforçar a impressão "de um sistema complicado", tornando a UE "ainda mais incompreensível do que hoje" para meio bilhão de cidadãos.
"A Europa diferenciada já é uma realidade - alguns países pertencem a zona do euro, alguns não - sem que isso motive os menos integrados a acelerar o passo", explica à AFP Charles de Marcilly, responsável em Bruxelas da Fundação Schuman.
No entanto, uma União em "velocidades diferentes" choca-se contra a recusa dos países da Europa Oriental e Central, últimos a entrar no bloco, que temem ser excluídos do "clube" em razão de sua hostilidade recorrente aos projetos de Bruxelas, como demonstrado por Varsóvia na última cúpula da UE.
"Na verdade, aqueles que temem este mosaico europeu, temem ser relegados para a segunda divisão", observa Marcilly.
"Além disso, o equilíbrio vai ser sutil para avançar sem excluir, progredir sem estigmatizar", prevê ele, observando que "as eleições de 2017 (na França e na Alemanha) não permitem grandes compromissos: não define-se as táticas sem conhecer seu capitão e a força da sua equipe".

copiado https://www.afp.com/pt

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