“TÁ DIFÍCIL COMPETIR”, tuitou o pessoal da série americana House of Cards, aquela em que um presidente golpista faz de tudo para se manter no poder, inclusive matar um ou outro opositor. Pois eles têm razão, a coisa empenou de vez, e não há ficção que dê conta dos nossos acontecimentos políticos recentes. Mesmo porque, algo muito caro à indústria do entretenimento se perdeu em Brasília: a verossimilhança. Um roteiro que narrasse os fatos políticos recentes dificilmente iria adiante. “Um tanto forçado, não?”, diria qualquer produtor de respeito, antes de jogar o calhamaço de duas mil páginas no lixo.
Nos últimos dias vimos, por exemplo, o (ainda) senador Aécio Neves fazer beicinho em vídeo, pagando de pobre injustiçado depois de pedir R$ 2 milhões de propina para pagar advogados. Vimos os bilionários Joesley e Wesley Batista darem a volta em uma nação e partirem felizes com sua fortuna para os EUA, levando a reboque um iate de R$ 20 milhões (curiosamente o mesmo valor que haviam pago pela aprovação de uma lei). Vimos formadores de opinião de esquerda saírem em defesa de Reinaldo Azevedo, um dos mais reacionários e virulentos comentaristas políticos do país, que teve conversas ao telefone tornadas públicas indevidamente. Vimos, por fim, uma figura de linguagem se tornar realidade: Brasília em chamas.
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