Para EUA, violações dos direitos humanos na China e Rússia são 'fatores de instabilidade'
AFP/Arquivos / NICHOLAS KAMM(Arquivo) Foto mostra o secretário de Estado americano interino, John Sullivan, durante coletiva de imprensa em Washington, nos Estados Unidos, em 16 de março de 2018
As violações dos direitos humanos na China e na Rússia são "fatores de instabilidade", considerou o governo dos Estados Unidos em um relatório publicado nesta sexta-feira.
O relatório anual americano sobre os direitos humanos no mundo, apresentado pelo secretário de Estado interino John Sullivan, concentra-se este ano nas ações de desestabilização de atores governamentais.
China e Rússia aparecem na mesma categoria que Irã e Coreia do Norte.
Segundo Sulliva, "os governos da China, Rússia, Irã e Coreia do Norte, por exemplo, violam diariamente os direitos humanos daqueles dentro de suas fronteiras e são forças de instabilidade como resultado disso".
Rapidamente, grupos de defesa dos direitos humanos criticaram o relatório, apontando que a administração republicana do presidente Donald Trump retirou do documento denúncias de ataques aos direitos sexuais e reprodutivos para se concentrar nos abusos cometidos pelo Estado.
Mas Sullivan insistiu que o relatório deveria se centrar nas ameaças à segurança internacional e dos Estados Unidos.
"A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos de 2017 reconhece que o governo corrupto e fraco é uma ameaça à estabilidade global e aos interesses dos Estados Unidos. Alguns governos não podem manter a segurança e satisfazer as necessidades básicas de seu povo, enquanto que outros simplesmente não estão dispostos a isso", escreveu Sullivan no prefácio do informe.
França, EUA e Reino Unido apresentam novo projeto sobre a Síria
AFP / HECTOR RETAMALReunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, nos Estados Unidos, em 14 de abril de 2018
França, Estados Unidos e Reino Unido apresentaram aos membros do Conselho de Segurança uma versão alterada do seu projeto de resolução sobre a Síria, que aborda aspectos químicos, políticos e humanitários do conflito, segundo diplomatas.
Os três países ocidentais bombardearam na semana passada alvos militares na Síria em retaliação a um suposto ataque químico em Duma, na periferia de Damasco, que deixou pelo menos 40 mortos. Agora, estão à espera de que a Rússia entre nas negociações do projeto de resolução.
A intervenção da França, Estados Unidos e Reino Unido ocorreu sem o consentimento do Conselho de Segurança da ONU, ao qual pertence a Rússia, um aliado do regime sírio.
O texto anterior condenava o uso de armas químicas em Duma. A nova versão consultada pela AFP condena o uso "denunciado" desta arma.
Os países ocidentais acusam a Síria pelo ataque. Damasco nega qualquer responsabilidade.
A nova versão desenvolve os aspectos humanitários do conflito, solicita ao secretário-geral da ONU "explorar formas" para retomar as negociações políticas e o "encoraja a estabelecer, através do seu enviado especial, uma comissão constitucional", uma proposta que não aparecia no primeiro texto e que poderia ser bem recebida por Moscou.
Após uma semana de debates ásperos sobre a Síria, os membros do Conselho de Segurança da ONU se reúnem a partir desta sexta-feira e por três dias em uma fazenda no sul da Suécia para tentar encontrar um terreno comum para avançar nas negociações.
Apesar de não discutires este texto, vários membros do Conselho de Segurança têm dúvidas sobre a proposta de Paris, Washington e Londres.
Pipas viram armas de protesto nas mãos dos palestinos
AFP/Arquivos / MAHMUD HAMSUma pipa com um coquetel molotov, lançada por jovens palestinos para a fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel, em 18 de abril de 2018
Depois das pedras e dos coquetéis Molotov, os palestinos que protestam na Faixa de Gaza usam pipas para atingir Israel e seus soldados do outro lado da hermética fronteira.
Debaixo de uma oliveira, a algumas centenas de metros da cerca de segurança guardada por militares israelenses, um grupo de adolescentes de Gaza se ocupa de papéis coloridos e garrafas de plástico vazias.
Eles fabricam uma pipa nas cores preta, branca, verde e vermelha - as mesmas da bandeira palestina. Enchem a garrafa plástica com combustível e caminham em direção à fronteira.
A uma distância prudente para evitar ser alvos de disparos, ateiam fogo à garrafa e soltam a pipa. Quando esta sobe no céu, largam o fio e ficam observando enquanto ela passa sobre a fronteira e cai, em meio às chamas.
Nesta sexta-feira, a quarta consecutiva de protestos, Morad, um dos jovens, antecipa que dezenas de pipas serão soltas "na direção do inimigo para desestabilizá-lo e semear confusão".
"Queremos que o inimigo se sinta continuamente em estado de emergência", diz o jovem, que se nega a dar seu nome.
AFP / MOHAMMED ABEDJovem observa a fronteira com Israel segurando uma pipa com as cores da bandeira palestina em Gaza, 20 de abril de 2018
As pipas estão se tornando um dos símbolos da Marcha do Retorno, o movimento lançado em 30 de março em Gaza para reivindicar o direito dos palestinos a voltar às terras das quais foram expulsos ou de onde fugiram depois da criação do Estado de Israel, em 1948.
Trata-se, também, de protestar contra o bloqueio imposto por Israel há mais de dez anos para encurralar o movimento islamita Hamas, que manda no território.
Desde 30 de março, dezenas de milhares de palestinos se concentraram a centenas de metros da fronteira israelense. Alguns se anteciparam para atirar pedras e artefatos incendiários ou pneus em chamas na direção dos soldados.
Os que se aproximam demais se arriscam a virar alvos de franco-atiradores israelenses. Israel assegura que suas forças só atiram quando necessário, mas advertiu que não deixará ninguém cruzar a cerca ou ameaçar seus soldados.
- Referência aeronáutica -
Desde 30 de março, 36 palestinos morreram e outras centenas ficaram feridos nos distúrbios, segundo autoridades de Gaza.
Não há vítimas nas fileiras do exército israelense. Os grupos palestinos que apoiam a mobilização, a começar pelo Hamas, não recorreram às armas e os atiradores de pedras estão longe demais para representar um perigo para os soldados.
As manifestações são diárias, mas às sextas-feiras, dia de oração e descanso semanal para os muçulmanos, são maciças.
Nas redes sociais, já se fala da "sexta-feira das pipas". Um desenho humorístico que tem circulado mostra uma pipa lançando chamas em um soldado israelense, sob o título "o F-16 palestino", em alusão ao caça-bombardeiro.
AFP/Arquivos / MAHMUD HAMSPalestinos tentam amarrar um coquetel molotov a uma pipa para lançá-la na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel em 18 de abril de 2018
O exército israelense lançou nesta sexta-feira de manhã panfletos pedindo aos habitantes de Gaza que não se aproximem da fronteira, nem se deixem manipular pelo Hamas. São prevenidos de que está "preparada para todas as eventualidades".
No enclave, os moradores preparam as pipas às quais amarram uma mensagem dirigida aos israelenses: "Vocês não têm nada a fazer na Palestina. Voltem para o lugar de onde vieram".
No início dos protestos, as pipas eram usadas para levar aos céus as cores da Palestina, mas cada vez há mais e algumas carregam substâncias incendiárias.
As pipas que caíram em Israel não causaram danos, exceto a queima de alguns cultivos.
Levando em conta a diferença de recursos neste confronto, é um começo, afirmam os palestinos, contentes.
"Colheitas incendiadas - avalia Morad - pode representar a perda de milhões de shekels [moeda israelense] para o inimigo".
copy https://www.afp.com/
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