Prazo para Lula se entregar à Justiça se aproxima do fim
Pelas prisões de Curitiba, cidade apelidada de "Capital da Lava Jato", passou a maioria dos "peixes grandes" que caíram na rede de Moro, como o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-ministro da Fazenda de Lula Antonio Palocci, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
AFP / Miguel SCHINCARIOLO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saúda simpatizantes concentrados em frente à sede do Sindicato dos Metaúrgicos, em São Bernardo do Campo, ABC paulista, 5 de abril de 2018
AFP / Miguel SCHINCARIOLO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saúda simpatizantes concentrados em frente à sede do Sindicato dos Metaúrgicos, em São Bernardo do Campo, ABC paulista, 5 de abril de 2018
O prazo para que Luiz Inácio Lula da Silva se entregue nesta sexta-feira na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba se aproxima do fim sem que o ex-presidente dê sinais de que deixará São Bernardo do Campo, ABC paulista, onde permanece cercado por seus seguidores.
O juiz federal Sérgio Moro deu prazo até as 17h00 para que Lula se apresentasse, mas até as 16h00 o ex-presidente (2003-2010), condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, permanecia no Sindicato dos Metalúrgicos, a 400 km de Curitiba, onde já tem uma cela preparada para começar a cumprir sua pena.
Segundo pessoas próximas, Lula, favorito nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro, deveria discursar por volta das 16h00 às milhares de simpatizantes reunidos em frente ao sindicato, muitos deles em vigília desde a véspera.
O delegado da Polícia Federal em Curitiba Igor Romario de Paula deixou a porta aberta a outro tipo de arranjos, admitindo que Lula pudesse se entregar em qualquer outro lugar para ser transferido dali até a capital paranaense.
"O cumprimento integral da decisão do juiz é que ele venha para cá. Então, se houver uma apresentação em outro local, a gente vai providenciar para trazer lo para cá", declarou a jornalistas.
- Recursos e mobilizações -
A defesa de Lula apresentou pela manhã um habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ) na tentativa de bloquear a ordem de prisão, alegando que ela foi emitida sem que o TRF4, que o condenou em segunda instância, analisasse as objeções apresentadas contra o rechaço inicial dos recursos.
Mas o ministro Félix Fischer negou o pedido contra a ordem de prisão emitida na véspera pelo juiz federal Sérgio Moro, informou o STJ à AFP.
A defesa de Lula também solicitou à Comissão de Direitos Humanos da ONU que intervenha junto ao governo brasileiro para impedir que a prisão de Lula até que suas objeções sejam analisadas.
O PT convocou uma "mobilização geral" contra a prisão de seu líder.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) iniciou uma campanha de bloqueio de estradas para expressar sua "indignação contra a iminente prisão do companheiro Lula". Segundo a Agência Brasil, pelo menos oito dos 27 estados brasileiros registraram piquetes rodoviários, a maioria no nordeste - reduto eleitoral de Lula -, mas também no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.
Em frente ao sindicato em São Bernardo, a determinação dominava e era incentivada de um carro de som.
"Ficaremos aqui pelo tempo que for preciso. Tem gente decidida a tudo", disse Luciano Oliveira, de 24 anos. "O presidente não deve se entregar porque a gente se entrega quando fez algo errado e ele não é culpado".
"Estamos aqui para resistir até o fim. Lula não será preso e voltará a ser presidente para ajudar o povo", afirmou Renata Swiecik, caixa desempregada de 31 anos, mãe de quatro filhos.
"Se queriam o Lula em Curitiba, fica sentado esperando porque o Lula não vai se entregar", declarou à multidão o dirigente do PT Paulo Pimenta.
Mas também havia certo desânimo.
AFP / Mauro PIMENTELSuperintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde Lula deve começar a cumprir sua pena
"É um momento muito difícil. A gente está vivendo uma injustiça social. Lula só está passando por isso porque vem de baixo", disse, em meio a lágrimas, Fátima Camara, funcionária pública municipal de São Paulo. "Eu não acho justo ele se entregar aos leões", acrescentou.
Lula, de 72 anos, foi condenado por ter recebido um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobras.
Na década de 1980, quando dirigia as grandes greves operárias contra a ditadura militar (1964-1985), Lula ficou preso por 31 dias.
AFP / Gustavo Izús, Anella RetaLuiz Inácio Lula da Silva
Outros manifestantes se mostraram mais prudentes.
"Lula terá que resistir, mas em algum momento terá que se entregar. Os militantes vão aceitar qualquer decisão que ele tomar", afirmou Michelle Baza, farmacêutica de 37 anos, militante do PT.
- Candidato atrás das grades? -
Paradoxalmente, a lei brasileira permitiria que Lula fizesse campanha da prisão, já que sua candidatura só poderia ser invalidada em agosto pela Justiça eleitoral, que impede a participação em eleições de pessoas condenadas em segunda instância, seu caso desde janeiro.
O PT poderia se ver forçado a mudar de candidato na última hora.
Neste caso, restaria ver qual é sua capacidade de transferir votos a outros candidatos da esquerda para as eleições de outubro, que se anunciam como as mais incertas desde a restauração da democracia, em 1985.
Confira detalhes da cela preparada pela PF para Lula em Curitiba
AFP / Mauro PIMENTELSede da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é esperado, em 6 de abril de 2018
A Polícia Federal em Curitiba preparou uma cela especial para receber o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terá banheiro privativo e direito a duas horas diárias de banho de sol, informou a instituição.
"É uma sala simples, é vazia, só tem uma cama, uma mesa com cadeira e o acesso a um banheiro, mais nada. É o mais simples possível, mas em separado dos demais" presos, explicou o delegado Igor Romário a jornalistas.
O espaço era usado para alojar policiais de outros estados, ou advogados que precisassem pernoitar, mas ao longo das últimas duas semanas foi adaptado para eventualmente acolher aquele que seria o preso mais famoso da Operação 'Lava Jato'.
Em comparação com as condições degradantes dos presídios do país, a cela pode ser considerada um luxo.
A sala é "bastante humanizada, bastante tranquila, um ambiente agradável para ficar, mas nada especial", acrescentou Jorge Chastalo, chefe da equipe de custódia da Superintendência da PF.
Lula terá direito a uma visita semanal de parentes próximos e durante duas horas por dia poderá tomar "banho de sol".
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, a cela tem cerca de 15 m2 e ducha de água quente. Os policiais não souberam confirmar essa informação imediatamente.
- Placa com nome de Lula -
O edifício que alojará o ex-presidente, ao menos durante o início de seus dias atrás das grades, foi inaugurado durante o seu segundo mandato, em fevereiro de 2007.
Uma placa comemorativa na entrada do local destaca seu nome, em letras douradas, junto ao de outras autoridades da época.
Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. O juiz federal Sérgio Moro lhe deu até às 17h00 desta sexta-feira para se entregar à Polícia Federal em Curitiba, após o Supremo Tribunal Federal negar seu recurso de habeas corpus para recorrer da sentença em liberdade ante tribunais superiores.
Mas o ex-presidente (2003-2010), que se declara inocente e perseguido politicamente, não deu até agora um sinal de que respeitará o prazo: três horas antes do vencimento do mesmo, continuava reunido com dirigentes e militantes de esquerda no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo.
Pelas prisões de Curitiba, cidade apelidada de "Capital da Lava Jato", passou a maioria dos "peixes grandes" que caíram na rede de Moro, como o empresário Marcelo Odebrecht, o ex-ministro da Fazenda de Lula Antonio Palocci, e o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.
STJ nega habeas corpus contra ordem de prisão de Lula
AFP / Miguel SCHINCARIOLEx-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta partidários no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo
O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou nesta sexta-feira (6) habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a ordem de prisão emitida na véspera pelo juiz federal Sérgio Moro, informou o STJ à AFP.
A decisão foi anunciada faltando menos de uma hora antes do vencimento do prazo estabelecido por Moro para que Lula se entregasse à Justiça, que vence às 17h00.
copiado https://www.afp.com/pt
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