Regime sírio volta a bombardear último reduto rebelde perto de Damasco Estado de saúde de ex-espião russo envenenado na Inglaterra 'melhora rapidamente'

Regime sírio volta a bombardear último reduto rebelde perto de Damasco

AFP / STRINGERCrianças de bicicleta em Zamalka, bairro de Ghuta Oriental, em 5 de abril de 2018
O regime sírio realizou ataques aéreos nesta sexta-feira (6) contra o último bolsão rebelde em Ghuta Oriental, perto de Damasco, pela primeira vez em quase duas semanas, depois do fracasso das negociações sobre uma retirada dos insurgentes locais.
Na quinta-feira um acordo de evacuação dos rebeldes presentes na área não prosperou em razão das divisões internas dentro do grupo Jaich al-Islam, cuja ala dura se recusa categoricamente a deixar a cidade.
Pelo menos 32 civis, incluindo sete crianças, morreram, e outros 50 ficaram feridos nos bombardeios desta sexta-feira, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
"Os mortos chegam ao hospital em pedaços, não podemos nem identificá-los. Há mais de 20 feridos, muitos deles em estado crítico", indicou um médico de um hospital local. "A equipe médica está totalmente sobrecarregada", acrescentou.
De acordo com a agência oficial de notícias Sana, a força aérea síria realizou ataques em represália aos "disparos de foguetes" dos rebeldes contra "vários bairros residenciais nos arredores de Damasco, que mataram uma pessoa e feriram outras 15".
No dia anterior, cerca de 20 ônibus fretados pelo regime de Bashar al-Assad entraram em Duma antes de voltarem atrás. Este foi o quarto comboio, depois de três dias consecutivos de evacuações em que cerca de 3.000 combatentes e civis foram transferidos para o norte da Síria.
O grupo islamita Jaich al-Islam, que ainda controla Duma, nunca confirmou um acordo de evacuação e tem se mantido em silêncio, dividido entre os partidários e os opositores a essa partida organizada.
Segundo o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, "dos 10.000 combatentes do Jaich al-Islam, mais de 4.000 se recusam categoricamente a sair".
- Operação terrestre? -
AFP / Nazeer al-KhatibÔnibus com parentes de combatentes do grupo Jaich al-Islam deixam Ghuta Oriental
Após bombardear implacavelmente durante cinco semanas as áreas rebeldes de Ghuta Oriental, matando mais de 1.600 civis, o regime sírio alcançou acordos de evacuação com dois grupos rebeldes, Ahrar al-Sham e Faylaq el Rahman.
Dada a relutância do Jaich al-Islam, Assad tem reunido reforços em torno de Duma, não excluindo a retomada da ofensiva militar.
"Estes ataques aéreos pavimentam o caminho para uma operação terrestre. As negociações falharam e o regime agora quer impor suas condições. Estes ataques aéreos antecipam o que poderia acontecer se as condições do regime não forem aceitas", aponta Nawar Oliver, especialista em Síria do think tank Omran, com sede na Turquia.
"Mas há sempre a possibilidade de o Jaich al-Islam aceitar um acordo no último minuto e evitar a operação militar", acrescenta.
O grupo islamita estaria buscando um acordo de reconciliação que permitiria sua permanência em Duma como uma força policial.
"É muito tenso e há muita confusão. Não sabemos para onde estamos indo", confidenciou à AFP Mohamad, de 20 anos, poucas horas antes dos bombardeios.
"Alguns dizem que haverá uma reconciliação e as coisas serão melhores, e há outros rumores de uma nova campanha de bombardeios e deslocamento forçado", acrescentou.
Mais de 46 mil combatentes e civis já foram evacuados do enclave rebelde de Ghuta.
O regime sírio, que está prestes a reconquistar todo o reduto rebelde, também visa alguns bolsões rebeldes no sul da capital controlada pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

Estado de saúde de ex-espião russo envenenado na Inglaterra 'melhora rapidamente'

AFP/Arquivos / Ben StansallServiços de emergência com trajes especiais em Salisbury, perto do local onde o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia foram encontrados em estado crítico pelo envenenamento
O estado de saúde do ex-espião russo Serguei Skripal "melhora rapidamente" após seu envenenamento em março, na Inglaterra, anunciou nesta sexta-feira (6) o hospital, enquanto a Rússia voltava a negar que tivesse fabricado o agente neurotóxico que esteve a ponto de acabar com sua vida.
Serguei Skripal "responde bem ao tratamento" e "já não está mais em estado crítico", declarou o hospital em um comunicado sobre este caso que desencadeou uma crise diplomática entre a Rússia e o Ocidente.
O estado de saúde de sua filha Yulia, que também foi envenenada, melhora "diariamente", segundo a médica Christine Blanshard. "Está impaciente para poder sair do hospital".
"Estamos muito contentes de que o estado de saúde de Skripal e de sua filha Yulia esteja melhorando", reagiu o Ministério britânico das Relações Exteriores.
O Ministério do Interior, por sua vez, anunciou que havia negado um visto de entrada no país à sobrinha de Serguei Skripal. "Negamos um pedido de visto como visitante a Viktoria Skripal porque não cumpre com as regras de imigração", explicou em um comunicado.
Viktoria, que mora na Rússia, disse que havia solicitado o visto britânico para visitar seus parentes no hospital.
AFP/Arquivos / Ben STANSALLMembros dos serviços de emergência analisam o banco no qual o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia foram encontrados inconscientes, em 8 de março de 2018, em Salisbury
Yulia e Serguei Skripal foram encontrados inconscientes em 4 de março em um parque de Salisbury (sudoeste), onde o ex-espião russo mora desde que se beneficiou de um intercâmbio de presos entre Moscou, Londres e Washington em 2010.
A polícia britânica considera que foram contaminados em casa, já que a maior concentração de veneno foi detectada na maçaneta da porta de entrada da residência.
De acordo com o jornal britânico The Times, o veneno, conhecido como Novichok, foi elaborado em uma cidade fechada na região do rio Volga, sob controle estrito do governo.
Moscou, que afirmou explicitamente que os Serviços Secretos britânicos e americanos estavam por trás da tentativa de assassinato de Skripal, se mantém firme em seus desmentidos.
Na quinta-feira, o Times citou fontes dos serviços de Segurança britânicos segundo as quais o agente neurotóxico foi concebido em Shijany, uma cidade à qual o acesso é permitido apenas com autorização oficial, na região de Saratov, perto do rio Volga, no sudoeste do país.
O nome de Shijany não é totalmente desconhecido: esta cidade fechada, onde está instalado um braço do Instituto de Pesquisa de Estado para a Química e as Tecnologias Orgânicas (GNIIOKhT), foi mencionada por vários cientistas russos que trabalharam no programa soviético Novichok, que Londres apontou como responsável pelo envenenamento de Serguei Skripal.
Entre eles está Vil Mirzayanov, o químico que revelou nos anos 1990 a existência deste programa e que afirmou que o Novichok foi desenvolvido nos anos 1980 em Shijany.
- Recuperação -
Segundo especialistas, as chances de recuperação de Skripal são altas, já que o tratamento adequado foi administrado rapidamente. "A cura é, em geral, muito boa", explicou Chris Morris, do Centro de Toxicologia Médica da Universidade de Newcastle.
AFP / Maria-Cecilia REZENDEO agente neurotóxico "Novichock"
"Pelo que sabemos, não existe um antídoto específico para o Novichok", detalhou à AFP o químico e toxicologista Ralf Trapp. "O que se faz nesses casos é estabilizar as funções vitais do corpo (como respiração, ritmo cardíaco) e dar atropina para contra-arrestar os sintomas" dos agentes nervosos.
Outro cientista russo, Leonid Rink, afirmou em março à agência de notícias Ria Novosti que um "grande grupo de especialistas estava desenvolvendo o Novichok em Moscou e em Shijany", acrescentando que o sistema foi chamado durante o período soviético de "Novichok-5".
"O Novichok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas", explicou à Ria Novosti, que o apresentou como um dos criadores deste programa antes de modificar seu texto para defini-lo como um "dos criadores do agente tóxico que recebeu o nome de 'Novichok' no Ocidente".
De acordo com o site do Instituto GNIIOKhT, seu braço em Shijany está envolvido agora em um trabalho relativo a "garantir a segurança" do país e destruir armas químicas.
Em setembro de 2017, o presidente Vladimir Putin declarou que Moscou havia destruído suas últimas reservas de armas químicas herdadas da época da Guerra Fria, conforme os termos da Convenção de 1997 sobre a Proibição de Armas Químicas.
copiado https://www.afp.com/pt/

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