Supermicróbios: o temível Candida auris Ao se espalhar pelo mundo, fungo expõe as vulnerabilidades da medicina tradicional e os grandes riscos do abuso de antibióticos. Problema adicional: em nome do lucro, os hospitais insistem em manter silêncio

Supermicróbios: o temível Candida auris

Ao se espalhar pelo mundo, fungo expõe as vulnerabilidades da medicina tradicional e os grandes riscos do abuso de antibióticos. Problema adicional: em nome do lucro, os hospitais insistem em manter silêncio
Candida auris em imagem de computador
Há anos, os riscos do abuso de antibióticos são conhecidos. Usados sem critérios na medicina humana – e também na criação de animais, para acelerar seu abate prematuro –, eles estão contribuindo para o surgimento de bactérias super-resistentes. Diante do fracasso da medicação, cresce a cada ano o número de mortes – especialmente em hospitais.
Agora, um novo microorganismo está sobressaltando os infectologistas. Chama-se <i>Candida auris</i>. Desta vez, é um fungo, não uma bactéria. Tornou-se mundialmente conhecido em maio do ano passado quando, depois de percorrer hospitais da África do Sul, Europa e Ásia, chegou aos Estados Unidos.
O <i>Candida auris</i> é mortal e infesta, de maneira antes inédita, as instalações por onde passam seus hospedeiros. Há casos de hospitais que tiverem de remover, além de todo o mobiliário e equipamentos, piso e teto dos quartos onde as vítimas foram internadas, antes de sucumbir. Mas não é o único de sua classe. Há, agora, dezenas de cepas de superbugs – entre bactérias e fungos –, informa o New York Times. Hoje, atingem principalmente pacientes vulneráveis: idosos, recém-nascidos, diabéticos, fumantes, pacientes com distúrbios autoimunes. O grande risco é que, num grau a mais de potência, possam devastar a população em geral. O desenvolvimento de antibióticos não tem sido capaz de contê-los. Um estudo do governo britânico prevê que, em trinta anos, mais gente poderá morrer das doenças causadas por superbugs que de câncer.
Drama adicional: as doenças e mortes têm sido mantidas em sigilo. Num tempo de medicina privatizada, os lucros falam mais alto que a luta contra as doenças. Os hopitais atingidos pelas infecções, conta o New York Times, recusam-se a divulgá-las, porque querem manter intacto o plantel de pacientes…

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