Supermicróbios: o temível Candida auris
Ao se espalhar pelo mundo, fungo expõe as vulnerabilidades da medicina tradicional e os grandes riscos do abuso de antibióticos. Problema adicional: em nome do lucro, os hospitais insistem em manter silêncio
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Publicado 09/04/2019 às 18:09 - Atualizado 09/04/2019 às 18:13
Há anos, os riscos do abuso de antibióticos são conhecidos. Usados sem critérios na medicina humana – e também na criação de animais, para acelerar seu abate prematuro –, eles estão contribuindo para o surgimento de bactérias super-resistentes. Diante do fracasso da medicação, cresce a cada ano o número de mortes – especialmente em hospitais.
Agora, um novo microorganismo está sobressaltando os infectologistas. Chama-se <i>Candida auris</i>. Desta vez, é um fungo, não uma bactéria. Tornou-se mundialmente conhecido em maio do ano passado quando, depois de percorrer hospitais da África do Sul, Europa e Ásia, chegou aos Estados Unidos.
O <i>Candida auris</i> é mortal e infesta, de maneira antes inédita, as instalações por onde passam seus hospedeiros. Há casos de hospitais que tiverem de remover, além de todo o mobiliário e equipamentos, piso e teto dos quartos onde as vítimas foram internadas, antes de sucumbir. Mas não é o único de sua classe. Há, agora, dezenas de cepas de superbugs – entre bactérias e fungos –, informa o New York Times. Hoje, atingem principalmente pacientes vulneráveis: idosos, recém-nascidos, diabéticos, fumantes, pacientes com distúrbios autoimunes. O grande risco é que, num grau a mais de potência, possam devastar a população em geral. O desenvolvimento de antibióticos não tem sido capaz de contê-los. Um estudo do governo britânico prevê que, em trinta anos, mais gente poderá morrer das doenças causadas por superbugs que de câncer.
Drama adicional: as doenças e mortes têm sido mantidas em sigilo. Num tempo de medicina privatizada, os lucros falam mais alto que a luta contra as doenças. Os hopitais atingidos pelas infecções, conta o New York Times, recusam-se a divulgá-las, porque querem manter intacto o plantel de pacientes…
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