Cresce a pressão para mudar o caso Lava Jato de Curitiba para Brasília
Pedro Cifuentes
Curitiba
A possível acusação formal de políticos com foro privilegiado iria transferir a investigação para o Supremo Tribunal Federal- Milionários do caso Petrobras dividem celas e lavam roupa sob o sol
- Diretoria da estatal promete “mais petróleo e mais transparência”
- "Nos preocupa muito a integridade física de Alberto Youssef"
Operação Lava Jato, entre Curitiba e Brasília
A acusação formal de políticos com foro privilegiado iria transferir o caso para o Supremo Tribunal Federal
Pedro Cifuentes Curitiba 21 NOV 2014 - 21:22 BRST“Petrobras”, “empresários” e “ladrões” são termos ouvidos com frequência nos dias de hoje em Curitiba. A cidade, considerada uma das mais bem organizadas na América Latina, vive intensamente o fato de ter se transformado na capital jurídica do país por alguns meses. Seu estrelato, no entanto, poderia morrer com o sucesso: a possível acusação formal de deputados e senadores (e, portanto, com foro privilegiado) na Operação Lava Jato iria transferir o caso para o Supremo Tribunal Federal, com sede em Brasília, e deixaria a jurisdição do famoso juiz Sergio Moro (42 anos), do Tribunal Federal nº 13 de Curitiba, que desde março está à frente, sem vacilações, da investigação do escândalo de corrupção mais importante da história brasileira.
“A Polícia Federal não quer mais erros”, disse a este jornal uma fonte próxima ao caso, referindo-se à imputação anunciada no início desta semana de José Carlos Cosenzo, atual diretor de abastecimento da Petrobras, apontado pelos agentes como um dos eventuais beneficiários de subornos, um “erro material” que a Superintendência Regional do Paraná da própria Polícia Federal foi forçada a reconhecer horas depois através de uma carta oficial. As pressões para levar o caso para Brasília, sede do poder político e judiciário da República, aumentam: sufocados por uma investigação sem precedentes, os “gigantes” da construção nacional, responsáveis pela maioria das grandes obras públicas nas últimas décadas, preferem esta transferência por acreditarem que encontrarão mais compreensão na alta magistratura. Os advogados que visitam os presos protestam diariamente na imprensa por mandados de prisão “sem justificativa” e viram como seus recursos de “habeas corpus” são recusados pelo juiz Moro por causa das revelações feitas pelos delatores premiados, que permitem assegurar a existência de uma rede de subornos, lavagem de dinheiro e financiamento irregular de partidos que pode chegar até a dez bilhões de reais.
Durante a tarde de hoje, aconteceu a esperada declaração de outro empresário, Fernando Soares Baiano, que, de acordo com o testemunho de Youssef, exercia um papel semelhante, como operador da rede de subornos e lavagem de dinheiro, só que especificamente com o PMDB. Depois de três horas de interrogatório, seu advogado, Mario de Oliveira Filho, afirmou que seu cliente “colaborou com tudo que sabia” e negou qualquer relação de Soares com o partido político. A prisão temporária de Baiano termina no sábado à meia-noite, e ainda não se sabe se será prorrogada pelo juiz.
Embora a polícia insista que os presos lavem suas roupas no pátio, esta manhã ocorreu uma cena, no mínimo, paradoxal, quando quatro advogados impecavelmente vestido e de óculos escuros saíram a pé da delegacia com vários sacos de roupa de cama suja, possivelmente para lavar, e depois entraram em um carro de luxo sob o olhar atônito de jornalistas, policiais e cidadãos. Um pai com dois filhos pequenos que observava a cena da calçada em frente gritava: “Aposto que estão levando dinheiro escondido dentro desses sacos! Ladrões! Deveríamos entrar aí e descer a porrada nos seus chefes!”. Os dois policiais que guardam a entrada sorriram. É notável o apoio à Polícia Federal entre a população da capital do estado do Paraná.
copiado http://brasil.elpais.com/
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